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sábado, outubro 13, 2007

Há aldeias isoladas que podem vir a desaparecer

Nasceu e cresceu ali e só sai de quatro em quatro anos para renovar o bilhete de identidade a Tondela. A vida desta agricultora resume-se a pouco. “Nasci pobre e assim vou morrer, sem nunca conhecer nada que não seja o trabalho no campo”, desabafa quem só se ausentou do concelho “para ir uma vez ao Santuário de Fátima”. “Foi um sonho realizado”, dos poucos que teve e que não tem mais.

Trata-se de um exemplo paradigmático dos milhares de pessoas que persistem em dar vida a aldeias do Interior do País onde falta quase tudo. Não admira que muitas tenham sido votadas ao abandono, por falta de condições sociais e económicas, mas, sobretudo, de gente. Nestes povoados, muitos sem água canalizada nem rede de esgotos, as estradas não passam de caminhos alcatroados, estreitos e sinuosos, onde os poucos automóveis que ali circulam têm de parar quando se cruzam.
Não têm onde comprar os alimentos que a terra não lhes dá. Não existe farmácia nem cafés onde se possam encontrar, muito menos lojas para comprar roupas. Farmácia ou multibanco são uma miragem.
Duas vezes por semana recebem a visita do padeiro, do peixeiro e do merceeiro ambulante. São eles que lhes trazem novidades do resto do Mundo, alterando a rotina diária de trabalhar duro no campo e tratar dos animais que são o ganha-pão.

Estão longe de tudo: do médico, do padre, dos grandes centros de decisão. “Vivemos à parte do Mundo”. “Vivemos à rasca, longe de tudo e quase sem nada. Não passamos fome porque temos terras. Se não fosse isso, não sei o que seria de nós.”

NÚMEROS
  • 38 Número de eleitores, em 2005, na freguesia de S. Bento de Ana Loura, no concelho de Estremoz, considerada a freguesia menos povoada do País, com 46 habitantes.
  • 399 É a população da ilha do Corvo, nos Açores. Vila do Corvo é a única povoação daquele que é o concelho menos habitado de Portugal. Em 1849, viviam aí 850 pessoas.
  • 20 por cento é a percentagem do território do Continente definido pelo Instituto de Segurança Social como estando envelhecido e desertificado.
  • 56 é o número de concelhos desertificados e com forte tendência de exclusão. Representam cerca de 4,9 por cento da população portuguesa.
  • 128 freguesias, das 4259 existentes em Portugal, têm menos de 150 eleitores. Cinquenta destas possuem menos de cem eleitores.

Fonte: Correio da manhã

É este o PORTUGAL que temos. Um Litoral superpovoado e o resto votado ao abandono. ATÉ QUANDO?

2 comentários:

  1. Conheço várias aldeias que desapareceram completamente. É a atracção pela cidade, onde muita gente vive ainda pior.

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  2. E nada é feito para alterar a situação. Podiamos pelo menos alterar a CAPITAL para uma cidade do interior. O que acham?

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