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quarta-feira, julho 30, 2008

Sobrevivência da Igreja na China pode ser considerada como um “milagre”

A China, com os seus mais de 1,3 mil milhões de habitantes, representa uma prioridade e uma forte esperança para o futuro da Igreja Católica, que conta com mais de 12 milhões de fiéis no país, menos de 1% da população total.
Apesar da historicamente difícil relação com o mundo chinês, atrás documentada, e da tentativa de aniquilamento da Igreja durante a Revolução Cultural (1966-1976), a comunidade católica continua a crescer, contando hoje com 6 mil igrejas e capelas, mais de 100 Bispos (90% dos quais reconhecidos pela Santa Sé), 1500 seminaristas e 550 religiosas em formação.

Hoje em dia, a Igreja Católica e as outras Igrejas e comunidades cristãs vivem um momento de grande esperança, pelas perspectivas de crescimento que se abrem, mas também de grande constrangimento pelo clima de controlo e perseguição que continua a fazer-se sentir.

Na China, o poder político integrou a liberdade religiosa na constituição do país, mas não eliminou completamente a perseguição e o controlo a que costumava sujeitar as religiões no passado recente. Assim, não obstante as declarações de princípio sobre a liberdade religiosa e o desejo de boas relações com as religiões, e a Igreja Católica em particular, continuam a registar-se inúmeros casos de perseguição e abusos contra líderes cristãos, tanto sacerdotes como leigos.

Grande número dos casos têm ocorrido no Hebei, uma região onde se encontra a maior densidade católica do país (mais de um milhão e meio de católicos) e que regista uma forte adesão à Igreja dita “clandestina” e uma maior resistência ao controlo oficial sobre as actividades da Igreja. Ali, nos últimos anos, foram presos ou desapareceram seis Bispos católicos.

Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Fora do controlo da APC, contudo, milhões de fé vivem a fé católica de forma clandestina.

A sobrevivência da Igreja na China pode ser considerada como um “milagre”, mas é ultrapassado pelo seu crescimento quase imparável, nos nossos dias. Segundo alguns sacerdotes chineses, o número de conversões anuais ao Cristianismo poderia chegar aos 100 mil, apesar das grandes dificuldades sentidas pelos fiéis que não se sujeitam ao regime de Pequim.
Fonte: Agencia ecclesia

sábado, julho 26, 2008

Deixou o futebol para ser padre

O norte-americano Chase Hilgenbrinck, defesa esquerdo de 26 anos do New England Revolution, da MLS, anunciou o final da sua carreira de futebolista profissional para poder entrar num seminário e estudar para padre.

"Após anos de ponderação, senti fortemente que Deus me chamou para ser padre na Igreja Católica. Embora vá sentir falta de jogar futebol, sei que estou a avançar para algo muito maior", afirmou Hilgenbrinck em declarações publicadas no site oficial do clube.


Depois de jogar durante o período em que esteve na universidade, Hilgenbrinck passou 4 anos no Chile já como profissional de futebol, tendo assinado em Março pelo New England Revolution após uma curta passagem pelo Colorado Rapids, também da Liga norte-americana.
Após conhecer o resultado dos testes para a entrada no seminário, Chase reuniu-se com o treinador Steve Nicol e com Burns, presidente do clube, para os informar da decisão.
«Não imaginávamos o que ele nos ia dizer, porque não é algo normal de se ouvir. Quando ele contou fiquei satisfeito. É algo que ele quer fazer e queremos desejar-lhe felicidades», confidenciou Burns.
Chase Hilgenbrinck tem agora seis anos de estudo no Seminário de Mount St. Mary, em Emmitsburg, Maryland, com o objectivo de um dia se tornar sacerdote católico. A preparação requerida é um pouco mais longa que a do futebol.
Hilgenbrinck afirma que não está desiludido com o futebol, mas que esperar o final natural de sua carreira antes de se dedicar ao sacerdócio já não era mais viável. "Podem confiar", disse ele à AP. "Eu pensei nisso. Continuo muito apaixonado pelo desporto, e não o deixaria por nenhum outro emprego. Mas estou trocando o futebol pelo Senhor".


sábado, julho 19, 2008

Depois da aposta do papa nas SMS, agora os jovens gravam videos com o telemóvel

Na Jornada Mundial da Juventude de Sidney, Bento XVI tem apostado nas mensagens de texto, as SMS dos telemóveis, para dar a descobrir quem é o Espírito Santo.

Esta Quinta-feira, antes de chegar de barco à baía de Sidney e participar na festa de boas-vindas, o Papa enviou aos jovens uma mensagem de texto que dizia:
“O Espírito Santo é o principal agente da história da salvação: deixa-o escrever também a história da tua vida - BXVI” ("The Holy Spirit is the principal agent of salvation history: let him write your life-history 2 - BXVI").
A primeira mensagem foi enviada na Terça-feira, dia do início da JMJ.

Pela primeira vez, a agência católica multimédia H2ONews (www.h2onews.org) permite ver através da Internet vídeos gravados com telemóveis por jovens peregrinos em Sidney.
O serviço é realizado e distribuído em colaboração com WYDcrossmedia.org, plataforma multimédia que apresenta informação áudio, vídeo e texto criada por diferentes realidades católicas que cobrem a JMJ 2008.
Graças a tecnologias de última geração, em particular às possibilidades que oferece o Qik.com, os peregrinos de todo o mundo podem ver o ambiente que se está a viver em Sidney: entrevistas, imagens de Bento XVI, testemunhos, concertos...
Além disso, no Youtube já é possível ver a página dedicada ao Dia Mundial da Juventude: http://it.youtube.com/wydcrossmedia

quarta-feira, julho 16, 2008

Jornada Mundial da Juventude - Sydney 2008

Já arrancou oficialmente a Jornada Mundial da Juventude, em Sidney, na Austrália, onde jovens dos “quatro cantos” do mundo vivem a temática do Espírito Santo que Jesus promete como fonte de comunhão e renovação... força necessária à missão de anunciar Jesus a todas as criaturas: "Recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas". (Act 1, 8)

A Austrália é apelidada de Terra do Espírito Santo, porque foi descoberta num dia de Pentecostes. Assim, também o papa na sua mensagem para esta jornada nos fala de um novo Pentecostes, para a Igreja toda e para todo o mundo que quer aceitar o desafio de Jesus: "Sede minhas testemunhas".

“Será uma ocasião providencial para experimentar plenamente o poder do Espírito Santo. Vinde em grande número, para serdes sinal de esperança e sustento precioso para as comunidades da Igreja na Austrália, que estão a preparar-se para vos receber. Para os jovens do país que nos hospedará, será uma extraordinária oportunidade de anunciar a beleza e a alegria do Evangelho a uma sociedade sob muitos aspectos secularizada.

Como toda a Oceânia, a Austrália tem necessidade de descobrir novamente as suas raízes cristãs. Na Exortação pós-sinodal Ecclesia in Oceania, João Paulo II escrevia: "Com a força do Espírito Santo, a Igreja na Oceânia está a preparar-se para uma nova evangelização de povos que hoje têm fome de Cristo... A nova evangelização é uma prioridade para a Igreja na Oceânia".

Em conjunto, invocaremos o Espírito Santo, pedindo com confiança a Deus o dom de um renovado Pentecostes para a Igreja e para a humanidade do terceiro milénio.”

(Da mensagem que o Papa escreveu para os jovens)

Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença, tem um blogue onde pode ser acompanhado o dia-a-dia deste Encontro Mundial da Juventude. Que este acontecimento não deixe ninguém indiferente, especialmente os jovens, a quem Cristo chama a segui-Lo.

quinta-feira, julho 10, 2008

Pluralismo na Igreja de Madrid - Exemplos concretos (5ª Parte)

Alguns exemplos:

Art. 41: Todas as instituções eclesiais que organizem actividades de formação, deberão informar o bispo diocesano das actividades que pretendem realizar antes da sua publicação e concretização. (Ver também art. 42, §3 e art. 44).

Art. 45: Todas as paroquias e instituções que porprocionam catequese de iniciaçaõ cristã na diocese de Madrid devem utilizar os textos diocesanos para a catequese e para a formação dos catequistas. (Cf art. 57 §2). Segundo a nossa opinião é claro que os textos oferecidos numa diocese tão grande como a de Madrid não será o mais adequado em todos os ambientes: “A adaptação da palabra revelada deve continuar a ser a norma de toda a evangelização; pois assim se torna possivel em todas as nações expressar a mensagem de Cristo a sua maneira” (G.S. 44).

Art. 48: É necessário a autorização do vigário da zona, com prévio consentimento da delegação diocesana de catequese, para que possa funcionar uma escola de catequistas.

Art. 74: As declarações públicas das asosciações e movimentos apostólicos no âmbito da caridade e da denuncia das situações injustas têm de realizar-se de acordo com o bispo diocesano, segundo as normas canónicas vigentes, pelo que tem de ser informado previamente.

Art. 76: Os clérigos e membros de institutos religiosos que participem nos meios de comunicação social para tratar questões referentes à doctrina católica e aos costumes... terão de obter licença do ordinário del lugar, informando previamente a Oficina de Informação do Arcebispado.

35.- Não recusamos a autoridade na Iglesia mas, desde a nossa própria experiência como responsaveis de comunidades cristãs, sabemos que a autoridade não se pode exercer simplesmente dando ordens e com a pretensão de controlar tudo. É mais importante, mais educativo e contribui mais para a comunhão eclesial que a autoridade tenha a capacidade de comprometer e conseguir a participação de todos nas tarefas comuns, respeitando os diferentes carismas e opiniões. E, numa época como a nossa de mudanças profundas e mentalidade democrática, este modo de exercer autoridade é insustentável.

Pluralismo na Igreja de Madrid - Sinodo diocesano (4ª Parte)

Sinodo diocesano:

31.- Com o passar do tempo, cada vez estamos mais convencidos de que o Sinodo diocesano recentemente celebrado constituiu uma oportunidade perdida. De facto as conclusões oficiais não recolheram as opiniões de tantas pessoas e grupos que com esforço e entusiasmo discutiram, elaboraram e apresentaram.

32.- Segundo a nossa opinião, não se teve em conta na análise inicial da realidade muito daquilo que caracteriza a mentalidade das pessoas dos nossos bairros, a problemática socio-cultural e religiosa que estão a viver. Por isso, os temas abordados, a forma de fazê-lo e as conclusões operativas, em muitos casos, não correspondem à realidade e à problemática que estamos a viver no dia a dia.

33.- Ao longo das sessões sinodais foi-se acentuando o centralismo e o controle que se manifiesta de maneira clara na sua secção normativa. As opiniões dos grupos foram recolhidas de uma forma muito precária, e ainda assim, estes opiniões foram censuradas sucessivamente. Seria interessante analisar como foram evoluindo e “domesticando-se” as propostas que foram expostas na assembleia sinodal até chegarem ao texto definitivo das "Constituções sinodais e do Decreto gerral".

34.- Consequentemente, este Decreto Geral utiliza comunmente um linguagem de ordem e mando, de excessivo controle e centralismo, afirmando-se a autoridade do bispo e dos párocos, em termos inclusive contrários ao que foi aprovado pela Assembleia.

segunda-feira, julho 07, 2008

Pluralismo na Igreja de Madrid - Pluralismo na sociedade e na Igreja (3ª Parte)

B.- A IGREJA DE MADRID

Tendo em conta estes pressupostos, passamos a expôr a nossa opinião sobre algumas das situações da nossa Igreja local.

Pluralismo na sociedade:

15.- Não há dúvida que a sociedade espanhola mudou radicalmente nos últimos 3o anos. O caso espanhol é, inclusivamente, um modelo que se estuda nas ciências sociais, para analizar a rápida transformação de uma sociedade no campo económico, político e sócio-cultural.

Hoje, a nossa sociedade madrilena, está irremediável e afortunadamente marcada pela pluralidade: socio-política, cultural, moral, religiosa... É fruto da democracia e da liberdade e, nos últimos anos, da vinda para o meio de nós de maneira significativa de pessoas procedentes de prácticamente todos os países do planeta. E isso consideramo-lo uma riqueza e uma oportunidade nova para a evangelização, desde que os cristãos saibam situar-se também de uma nova maneira.

16.- Para que a Igreja se situe numa sociedade laica, secular, plural e diversa nas filosofias e concepçõees religiosas, implica reconhecer de facto que o Estado é aconfesional. Portanto, a Igreja é uma instituição mais que têm incidência pública, que trabalha gratuitamente, mas não pode impôr a sua própria ética ou concepção de vida como a única forma de vida válida para todo o corpo social. O Estado há-de legislar tendo em conta a pluralidade e a diversidade de formas de vida e concepções éticas que se dão na nossa sociedade.

17.- Quanto à organização da convivência social: Creemos que a hierarquia eclesiástica terá de se abrir à mudança a partir do diálogo. Sem cair em posições hermeticamente fechadas e apologéticas sobre direitos e privilégios que, antes ou depois, terão que ser repensasos porque é isso que pede um amplo sector da opinião pública. Uma actitude de abertura e de procura de novos acordos seria mais favoráveis a curto e longo prazo. Há que assumir a sensibilidade dos não católicos, dos que não pertenecem a nenhuma religião e número crescente de católicos desconformes, que defendem que a Igreja reprense as suas posições numa sociedade secularizada e num Estado laico.

18.- Diálogo e Celebrações inter-religiosas: O Concilio Vaticano II, na Declaração sobre as relações da Igreja com as religões não cristãs adverte : “A Igreja, na sua missão de promover a unidade e a caridade entre os homens e os povos, considera antes de mais aquilo que é comum e conduz à mutúa solidaridade... Por consiguente, exorta os seus filhos a que, mediante o diálogo e a colaboração com os adeptos de outras religiões...” (“Nostra Aetate”, 1-2).

O “Plano Pastoral da Conferência Episcopal Espanhola 2006-2010” em relação com o diálogo inter-religioso com os não cristãos, convida-nos a estabelecer três tipos de diálogo: “Diálogo da vida, da acção, da experência religiosa” (nº 37).

18.- Nos últimos anos houve muitas ocasiões na vida social para termos realizado alguma iniciativa nesse sentido: debates sobre questões que nos afectam a todos, celebrações inter-religiosas perante acontecimentos e situações que vivemos e sofremos todos e nada se fez. Inclusive foram censuradas iniciativas neste sentido. Creemos que se trata de uma falta de convicção ou sensibilidade para estarmos presentes de maneira mais significativa numa sociedade plural, esquecendo asssim as orientações do Concilio.

20.- Diálogo inter-cultural: O próprio cardeal Ratzinger mateve públicamente interessantes debates com conhecidos representantes da cultura não religiosa como Habermas e outros. Quando poderemos nós ter debates abertos com aqueles que não pensam como nós ou não acreditam no que nós acreditamos?. Aqui não encontramos outra coisa mais do que lamentos “porque nos perseguem”, porque “não nos querem”... No campo da bioética, por exemplo, hoje necessitamos que os crentes e os não crentes se encontrem numa moral de mínimos ou de consenso sem que ninguém tenha que renunciar aos seus máximos ou à diversidade de códigos morais.

Pluralismo na Igreja:

21.- Consideramos que, para enfrentar estas novas situações, certamente complexas, são precisas todas as mãos, todas as inteligencias e todas as mentalidades. Dado que a situação apresenta problemas novos é preciso ter a coragem de experimentar (correndo o risco de se enganar) e debater em liberdade comunitariamente. São estes os caminhos pelos quais a Igreja foi encontrando saídas desde os seus primeiros momentos (Act. 10, 11 - 15)

22.- Vemos a nossa Igreja demasiado homogeneizada por uma hierarquia e alguns movimentos conservadores que pretenden impôr una única visão do cristão em relação com o mundo. No entanto, há diversas escolas e teologias que dão respostas diferentes ou matizadas sobre o matrimónio, inicio e o fim da vida... assim como sobre a diferentes visões em relação com a presença da Igreja na sociedade civil, a partir dos cristãos de presença até cristãos de mediação, passando por fórmulas intermédias não excluentes, nem únicas nem impositivas.

23.- O compromisso político dos católicos: Estas mudanças na sociedade espanhola levaram a um pluralismo político. Assim, na política a diversidade não passa por “católicos/não católicos”, mas pelos diferentes modelos de organizar a convivência dos cidadãos e os católicos podem estar presentes em todos estes modelos. A mesma fé pode dar lugar a compromissos sócio-políticos diversos, desde que estes estejam ao serviço do bem comum, particularmente dos mais pobres do corpo social, e se utilizem métodos democráticos.

24.- O diz o Conciíio: “A ordem social e o seu progresso devem redundar no bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve subordinar-se à ordem das pessoas e não ao contrário... Deve fundar-se na verdade e edificar-se sobre a justiça e a liberdade” (G. S. 26).

“Em virtude da sua missão e natureza a Igreja não está aprisionada a nenhuma forma particular de cultura humana ou sistema político, económico ou social, por causa da universalidade peculiar do laço que une intimamente as diversas comunidades, pode ser sinal e defensora da trascendência da pessoa humana” (G. S. 42).

“Muitas vezes a visão cristã das coisas inclinar-se-á para uma determinada solução. No entanto, outros fiéis, com não menos sinceridade, julgarão o mesmo assunto de modo diferente... Convém recordar que a ninguém é lícito assumir para si exclusivamente o parecer da autoridade da Igreja” (G. S. 43).

25.- Faltam plataformas onde possamos debater abertamente, com a liberdade dos filhos de Deus, sobre tantos problemas que nos vemos obrigados a enfrentar na reflexão teológica, na práctica pastoral. Necessitamos de espaços donde possamos ouvir e confrontar as diferentess posiçõess que de facto se dão na nossa Igreja. Precisamos de perder o medo de experimentar, de nos enganarmos e corrigir para irmos encontrando caminhos novos.

sábado, julho 05, 2008

Pluralismo na Igreja de Madrid - Fundamentação (2ª Parte)

A.- FUNDAMENTAÇÃO

4.- Parece-nos que o pluralismo actualmente existente em todos os campos do saber humano não só é um dado da realidade mas é também uma riqueza irrenunciável, muito mais preferível à falsa unidade que gera aquele pensamento que pretende impôr a sua particularidade como universal. A filosofía actual insiste em que o sujeito que conhece intervem no processo do conhecimento e que, consequentemente, a compreensão da realidade passa necessariamente pela interpretação. O pensamento único já não é possível nem desejável, nem na Igreja nem na sociedade civil.

5.- Postular o pluralismo legítimo de interpretações da fé cristã e da práctica pastoral não conduz à "ditadura do relativismo", isto é, não nos torna incapazes de aceder à verdade ou impossibilita de apresentar valores morais válidos. Supõe, isso sim, superar toda a forma de fundamentalismo excluente, ligado à pretensão de "possuir" a totalidade da verdade. Implica além disso, a abertura ao Espírito do Ressucitado, a necessidade "apremiante" do diálogo enriquecedor, que é o que esperamos na nossa Igreja (G.S. 92).

6.- O Novo Testamento mostra-nos uma Igreja plural. Porque plurais são as situações, grupos humanos, culturas... com as quais a Palavra se vai encontrando e nas quais têm que ir “tomando um corpo sócio-cultural”, para poder tornar-se presente sem outras dependencias que o fundamental da sua mensagem.

Uma Iglesia plural, que enfrenta a diversidade de conflictos segundo relata o livro dos Actos dos Apóstolos: o conflicto das primerias comunidades com os saduceus, com as sinagogas da diáspora, o paganismo, o aparecimento da seita Caminho no seio do judaísmo, o conflicto entre os autóctones de língua aramaica e os imigrantes procedentes da diáspora, as imposições legalistas dos partidários da circuncisão, etc.

7.- Um especialista como Josep Rius-Camps escreve: “A existência de conflictos no seio da Igreja não é de agora. Sempre, desde os seus inicios, existiram, porque são seres humanos que a compõem; na realidade são sinal de vitalidade e pluralismo. Para os fariseus, por exemplo, os publicanos eram descrentes; para os judeus-crentes, eram impuros. Para Paulo, os pagãos eram cidadãos de segunda classe. Para Jesus e o Espírito Santo eram pessoas humanas. Os conflictos não se resolvem por meio de estratégias ou imposicões, por muito santas que apareçam ou se revistam de seda. O único que pode conduzir à unidade é o Espírito de Jesus”. (Revista “Êxodo”, “Conflictos en la Iglesia primitiva”, nº 19, 1993, p. 33).

8.- A acção do Espírito é universal e manifesta-se das mais diversas maneiras. A unidade básica na fé, num mesmo Espírito, não elimina a diversidade; pelo contrário, pressupõe-na, para que todos os que são diferentes possam sentir-se na Comunidade como na sua própria casa. Na Comunidade cristã, portanto, comunhão e pluralismo complementam-se recíprocamente. O Espírito que suscita e anima os diversos carismas e responsabilidades é mesmo que nos conduz para a unidade ( Gal. 2, 9-10; I Cor. 12, 4-11).

9.- Essa unidade na diversidade capacita a Igreja para ser vínculo de união universal: “A Igreja, para congregar todos os homens de qualquer nação, raça ou cultura que estejam sob o mesmo Espírito, converte-se no sinal da fraternidade, que permite e consolida a sinceridade do diálogo. Mas isso exige, em primero lugar, que na mesma Igreja promovamos a estima mutua, o respeito e a concórdia, reconhecidas todas as legítimas diversidades, para instituir um diálogo, cada vez mais frutuoso, entre todos os que constituem o único povo de Deus. Haja no necessário unidade, e na dúvida liberdade, e caridade em tudo” (G.S. 92).

10.- Uma excessiva pretensão de uniformidade significa, consequentemente, infidelidade ao Espírito e um dano grave para a Igreja, para a sua presença real nos distintos grupos humanos e mundos culturais com os que se vai encontrando. Pensamos que a comunhão cristã pressupõe necessáriamente o pluralismo. De outra maneira dar-se-á uniformidade, servilismo, mas não verdadeira comunhão. Não somos mais do que “administradores das múltiplas graças de Deus” (I P. 4 , 10).

11.- Creemos, consequentemente, que a função do bispo é servir esta comunidade diocesana una e plural, para avaliar e promoverr os distintos carismas e sensibilidades nos quais o Espírito se torna presente. Portanto, também para discernir-los, mas em diálogo aberto e respeituoso com todos, desde a fidelidade ao Evangelho e à Tradição.

12.- O bispo e o presbítero que são também discípulos do Senhor, irmãos entre os irmãos, devem ser promotores da dignidade dos seculares desde a sua justa liberdade e competência na cidade terreste, “tratarão de conhecer com eles os sinais dos tempos, examinarão juntos os espíritos para ver se são de Deus e cuidarão de descobrir os multiformes carismas dos seculares, desde os mais modestos até aos mais altos, reconhece-los-ão com alegria, fomentá-los-ão com diligência e tratarão de harmonizar as diversas mentalidades, de tal modo que ninguém se sinta extranho na comunidade” (P.O. 9).

13.- Consequentemente, bispos e presbíteros devemos servir nos seus respectivos campos a comunidade diocesana una e plural, para avaliar e promover os distintos carismas e sensibilidades na qual o Espírito se torna presente. Creemos, portanto, que o bispo não pode configurar a comunidade diocesana à sua imagen e semelhança, configurando-a exclusivamente segundo as suas próprias orígens e tradições sócio-culturais, segundo a sua particular pertença ideológica.

14.- Bispos e presbíteros não criam a norma essencial do seguimento de Jesus, recebem-na como todos os outros, e numa comunidade procuramos, em cada tempo, a sua interpretação e aplicação. Todos devemos ser formados para conhecer cada vez melhor os ensimanetos e a praxis de Jesus, na sua origem e contexto histórico e numa sociedade como a nossa. Jesus é o modelo, caminho e a meta da norma evangélica: “Sede compaseivos como vosso Pai celeste é compassivo”.

Foro “Curas de Madrid”, 21 de Junho de 2008

Será actual a tentação de configurar a comunidade à nossa imagem e semelhança?

A Igreja está aberta à pluralidade de sensibilidades?

Pluralismo na Igreja de Madrid - Reflexão do Foro “Curas de Madrid” (1ª Parte)

“Falai e actuai como quem vai ser julgados por uma lei de homens livres” (Sant. 2, 12).

Apresentação

1.- Como padres de Madrid sentimo-nos corresponsaveis com todo o povo de Deus e os seus bispos na evangelização dos nossos bairros. Essa responsabilidade é a que nos motiva a expor as nossas opiniões. Não queremos limitar-nos a permanecer como meros “piões executivos” daquilo que nos é transmitido, sem apresentar o nosso ponto de vista formado a partir da nossa missão pastoral.

2.- Não se trata de substituir a hierarquia, mas sim a de lhe oferecer a nossa perspectiva: como vemos as coisas desde os lugares sócio-culturais e eclesiais em que nos movemos, com a intenção de iniciar um diálogo entre os distintos sectores e sensibilidades que coexistem no interior da Igreja.

3.- Estas reflexões agrupá-las-emos sob o titulo: “Pluralismo en la Iglesia de Madrid”. Creemos que é um problema a ter em conta nas nossas dioceses madrilenas. De facto se se toleram vozes distintas, a existencia do Foro “Curas de Madrid” é uma prova disso, mas, segundo a nossa opinião, promove-se uma uniformidade, empobrecedora e muitas vezes preocupante.
Esta é na verdade a razão de ser deste Foro.
Foro “Curas de Madrid”, 21 de Junho de 2008
Na Igreja Portuguesa promove-se a uniformidade ou o pluralismo?

Religião na Rússia

Como sabemos, na Rússia e seus satélites foi implantado o comunismo, no século passado.

Segundo os historiadores, isso custou muitos milhões de assassínios. O ateísmo era uma das grandes ideias dos seus mentores. E isso custou muitas vidas.

Mas - ironia da história! - passados estes quase 100 anos, o ensino religioso volta a fazer parte do currículo escolar das crianças russas.

Quase vinte anos depois do derrube do comunismo da URSS (União Soviética) e do retorno da religião à vida pública, muitas cidades russas estão a decretar que as crianças devem familiarizar-se com a Igreja Ortodoxa Russa e com a religião.

As aulas vêm sendo incluídas no currículo, por insistência dos líderes da Igreja, e não só, para quem a queda do comunismo deixou os russos sem qualquer ideal de vida digna e honesta e, devido ao ateísmo, sem defesas espirituais e religiosas.

Derrubado o comunismo, começaram a proliferar os piores vícios sobretudo entre a juventude, pois a liberdade tudo permite, se não há uma formação capaz que se oponha à degradação do indivíduo e da sociedade.

sexta-feira, julho 04, 2008

Actualmente, pode-se dissentir na Igreja?

Reintregramos os que negaram e continuam a negar o Vaticano II.
E o que fazemos com aqueles que "corajosamente" exprimem a sua opinião em matéria de moral e costumes. É muito interessante a entrevista com o teólogo jesuita Juan Masiá Clavel, que há dois anos e meio foi obrigado a deixar uma cátedra em Espanha depois de pressões do arcebispo de Madrid. Porque não fazemos o mesmo esforço para os reintregar?!!! Afinal até nem põe em causa o Concilio Eucuménico Vaticano II (dogmático), mas a enciclica Humanae Vitae!!!

O divórcio é o fim de um compromisso ou a possibilidade de recomeçar?
É muito interessante a maneira como os bispos japoneses falaram do problema. Primeiro, dedicam várias páginas ao ideal. Depois referem: dito isto, a realidade é que esse ideal foi rompido, por circunstâncias que são culpa de ambos ou de nenhum. E dizem três coisas: que os casais sejam acolhidos como Cristo os acolheria; que sejam acolhidos calorosamente; e que se caminhe com eles nos passos que dão para refazer a vida.
Não chegam a dizer que quem volta a casar pode comungar.
Em japonês, pode ser-se muito claro sem ser explícito. Se o dissessem, provavelmente criariam problemas em Roma. De facto, ao dizerem aquela frase, disseram-no. E é isso que se está a praticar.
Pode-se dissentir na Igreja?
Alguém me dizia: "E a tua fidelidade ao Papa?" A fidelidade ao Papa não é lealdade feudal, obriga-me a uma fidelidade criativa, a defender o Papa de tudo o que o rodeia e que impede que se façam todas estas mudanças que já deveriam ter sido feitas há muito tempo. Por fidelidade criativa, sentimo-nos obrigados a dissentir na Igreja - não da Igreja.

Às vezes não seria mais prudente não criticar algumas coisas?
Seria mais prudente, mas a questão da prudência leva-nos ao perigo contrário. Daqui a dez ou 20 anos, iriam dizer-nos: porque estavam calados, porque não falaram?
Seria imoral?
Calar é imoral. Se falar é imprudente, calar é manter uma situação. É uma responsabilidade muito grande. Fazem falta mais bispos que não aspirem ao poder e falem com toda a liberdade.
O que defende não é minoritário entre os católicos?
Em alguns lugares, sim, noutros não. É verdade que houve retrocesso em relação ao Vaticano II, mas por isso é preciso continuar afirmando-o.
Esse é o caminho do futuro?
Creio que sim, mesmo se gerações de neoconservadores e de alguns padres jovens vão por outra linha, atrás deles virá outra geração que aproveitará as sementes já lançadas. Há que continuar com optimismo e esperança. Sem crispação e com espírito evangélico, é preciso falar admitindo o pluralismo.
Veja a entrevista completa aqui.

quarta-feira, julho 02, 2008

Missas mais caras

A partir do próximo dia 1 de Julho mandar celebrar uma missa em qualquer das nove dioceses da Província Eclesiástica de Braga custa 10 euros, mais 2,5 euros do que o preço actual, em vigor desde o início do milénio (Há 7 anos que não aumentavam!!!).

A Tabela de Taxas e Tributos, que actualiza o preço dos serviços, foi proposta pelas dioceses de Braga, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Vila Real, Lamego, Viseu, Guarda e Coimbra. Aprovada pelo Papa Bento XVI, entra em vigor no início do mês que vem. O mesmo deve acontecer ainda este ano nas restantes dioceses do País.

A celebração da missa, que passa de 7,5 para 10 euros, aumenta 33 por cento, justificado pelo facto de não haver actualização há quase oito anos. 'Por norma, há actualização de cinco em cinco anos. Desta vez esperámos mais uns anos, mas, atendendo ao avolumar das despesas, não foi possível adiar a decisão mais tempo', disse ao CM D. Jorge Ortiga, arcebispo primaz de Braga.

(...)

As missas por mais de uma intenção dividem bispos, padres e fiéis. Os fiéis preferem que a missa seja apenas por alma do seu familiar. Os presbíteros entendem que mais vale repartir os pedidos por várias missas: é preferível todas terem duas ou três intenções do que algumas terem uma intenção e outras seis ou oito pedidos.

(...)

PREÇOS

MISSAS CAMPAIS

Uma autorização para a celebração de missa campal vai custar 35 euros por dia.
O certificado matrimonial de ‘nada obsta’ vai custar 25 euros e as certidões e atestados 7,5 euros.

25 euros é quanto vai custar a celebração do Baptismo ou do Matrimónio.
Uma missa de festa fora da igreja fica por 30 euros, tal como uma procissão.

30 euros é o preço de um funeral. Já o trintário (30 missas seguidas por alma de um defunto) vai custar 350 euros.
Secundino Cunha no Jornal Correio da Manhã