Sabendo como as festas estão tão entranhadas na alma dos habitantes e dos forasteiros, vamos gerindo a respectiva programação, optando, regra geral, pela colagem.
Como as populações não aceitam centrar os festejos na celebração sacramental da fé, a solução é colar dois tipos de actividade, que nenhuma relação parecem ter entre si.
Há quem, para vincar diferenças, se incline para demarcar os programas. Assim, encontramos nas festividades lugar para o religioso e para o profano. Não ficam, porém, dissipadas as perplexidades.
O que é que se entende por religioso? Algo que se remete para um espaço (templo) ou para um momento (hora das procissões)? Mas religião não significa religação a tudo quanto tem a ver com o Homem e com o mundo? Neste sentido, haverá alguma coisa que se possa chamar profana? Haverá zonas da existência afastadas de Deus?
A dimensão cosmoteândrica da fé, tão enfaticamente acentuada por Raimon Panikkar, não põe em relevo com suma clareza as profundas implicações entre o mundo, o Homem e Deus?
Como pretender então cavar fracturas e estabelecer clivagens entre aquilo que se encontra tão estruturalmente unido? Não deverá, por isso, estar toda a programação de uma festa (dita) religiosa enformada pelo mesmo padrão?
É óbvio que não é mal conviver nem cantar. Mas tem algum sentido que, num ajuntamento que se segue a uma celebração, contrariemos o que acabou de se proclamar?
Se não queremos ser nós a tomar posição, deixemos que a vida fale. Perguntemos à realidade sobre o que, a este respeito, ela tem para nos dizer.
Tomemos por guia, na valoração religiosa das festas, dois critérios fundamentais de toda a existência cristã: a mensagem e o compromisso. O que é que a realidade da maior parte das festas nos mostra? Quanto à mensagem, uma indigência arrepiante. Quanto ao compromisso, um deserto atroz.
De facto, no que se refere à mensagem, o que se retém com mais facilidade é o conteúdo brejeiro que sai dos lábios de muitos artistas. É isto que concita maiores multidões e desperta maior interesse.
Para uma festa meramente popular, nada há a opor. Já para uma festividade religiosa, é preocupante que a pregação seja esquecida e o anúncio não seja acolhido.
No que toca ao compromisso, a situação não é mais animadora. Nota-se uma enorme resistência em integrar a fé na festa e a festa na fé. (Perdoe-se-me a cacofonia).
Há quem apareça na Igreja por altura das festas, mas sem que tenha aparecido antes e sem que revele vontade de aparecer depois. Se o Evangelho é, todo ele, convite a um compromisso com Jesus Cristo, como encarar estas vagas de cristianismo ocasional?
Fonte: Theosfera
Como as populações não aceitam centrar os festejos na celebração sacramental da fé, a solução é colar dois tipos de actividade, que nenhuma relação parecem ter entre si.
Há quem, para vincar diferenças, se incline para demarcar os programas. Assim, encontramos nas festividades lugar para o religioso e para o profano. Não ficam, porém, dissipadas as perplexidades.
O que é que se entende por religioso? Algo que se remete para um espaço (templo) ou para um momento (hora das procissões)? Mas religião não significa religação a tudo quanto tem a ver com o Homem e com o mundo? Neste sentido, haverá alguma coisa que se possa chamar profana? Haverá zonas da existência afastadas de Deus?
A dimensão cosmoteândrica da fé, tão enfaticamente acentuada por Raimon Panikkar, não põe em relevo com suma clareza as profundas implicações entre o mundo, o Homem e Deus?
Como pretender então cavar fracturas e estabelecer clivagens entre aquilo que se encontra tão estruturalmente unido? Não deverá, por isso, estar toda a programação de uma festa (dita) religiosa enformada pelo mesmo padrão?
É óbvio que não é mal conviver nem cantar. Mas tem algum sentido que, num ajuntamento que se segue a uma celebração, contrariemos o que acabou de se proclamar?
Se não queremos ser nós a tomar posição, deixemos que a vida fale. Perguntemos à realidade sobre o que, a este respeito, ela tem para nos dizer.
Tomemos por guia, na valoração religiosa das festas, dois critérios fundamentais de toda a existência cristã: a mensagem e o compromisso. O que é que a realidade da maior parte das festas nos mostra? Quanto à mensagem, uma indigência arrepiante. Quanto ao compromisso, um deserto atroz.
De facto, no que se refere à mensagem, o que se retém com mais facilidade é o conteúdo brejeiro que sai dos lábios de muitos artistas. É isto que concita maiores multidões e desperta maior interesse.
Para uma festa meramente popular, nada há a opor. Já para uma festividade religiosa, é preocupante que a pregação seja esquecida e o anúncio não seja acolhido.
No que toca ao compromisso, a situação não é mais animadora. Nota-se uma enorme resistência em integrar a fé na festa e a festa na fé. (Perdoe-se-me a cacofonia).
Há quem apareça na Igreja por altura das festas, mas sem que tenha aparecido antes e sem que revele vontade de aparecer depois. Se o Evangelho é, todo ele, convite a um compromisso com Jesus Cristo, como encarar estas vagas de cristianismo ocasional?
Fonte: Theosfera
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