Unidade de acção das religiões. Esse é o projecto do arcebispo dom Fares Maakaroun, da Igreja Católica Greco-Melquita, que também prega o respeito à diversidade. Para ele, o celibato opcional pode ajudar a resolver a questão da falta de padres e ressalta o papel dos leigos que se dedicam profundamente à religião
A defesa de que o primado do papa seja de serviço e não de autoridade, lembrando a experiência do 1º Milênio do Cristianismo; as relações entre católicos ocidentais e orientais, ressaltando que o clero melquita conserva a tradição de ordenar homens casados, como aliás sempre aconteceu nas igrejas orientais. Eis alguns do temas tratados pelo arcebispo dom Fares Maakaroun, da Igreja Católica Greco-Melquita, uma igreja oriental unida à Igreja Católica Romana.
Dom Fares Maakaroun diz esperar que a Igreja Católica Romana o liberte para que possa, também no Brasil, ordenar homens casados e assim poder melhor atender aos fiéis de sua Igreja. Para ele, os católicos orientais, mesmo vivendo em países do Ocidente, devem conservar os próprios costumes e exercer plenamente as prerrogativas facultadas pelo Direito Canônico. Lamenta a ignorância do próprio clero romano em relação à tradição católica oriental e defende que os seminários dediquem um maior tempo ao estudo do 1º Milênio cristão, quando não havia separação entre católicos e ortodoxos, e assim preparar o caminho para a reunificação das igrejas. Ele defendeu, antes de tudo, a unidade de acção das várias religiões - cristãs e não-cristãs - no campo social, para promover a justiça social e a paz entre os homens.
O pontificado de João Paulo II foi marcado, em linhas gerais, pela busca da reafirmação da identidade católica romana, pelo diálogo ecumênico e inter-religioso e, no âmbito político, pela contribuição que deu à queda do comunismo. Alguns acham que a grande meta deste pontificado deveria ser a reunificação das igrejas cristãs, a começar pelos católicos e ortodoxos. O senhor pensa também assim?
Dom Fares Maakaroun - Em primeiro lugar, acho que não devemos ter medo do futuro, sabe? Porque se a gente se lembra bem, desde o tempo de Leão XIII (para falar nos tempos modernos) foi sempre assim: ante a morte de cada papa toda a Igreja perguntava: como vamos continuar? Que papa poderia, agora, liderar esta Igreja diante dos desafios do mundo moderno? E a cada vez o novo papa sempre era melhor do que o anterior. Nesse sentido não podemos ter medo porque o Espírito Santo está cuidando da Igreja, não apenas a pessoa do papa. O papa, com toda a Igreja, com o Senhor que está sempre conosco, (''o nome d'Ele é Emanuel'', que quer dizer ''Deus conosco''), a Igreja vai conseguir sempre vencer todas as dificuldades do mundo. O desafio maior que temos agora, além deste movimento de globalização mundial, é também o de unificar a Igreja. Ao ver este país - o Brasil - com tantas igrejas diferentes a gente se pergunta se poderá haver a unificação de novo. Mas, como todas falam em nome de Jesus Cristo, e Cristo falou na necessidade da união de todos, essa unidade vai acontecer. Gostaria de acrescentar que nós precisamos também da ajuda da Virgem Maria. Eu sou oriental, e lá no Oriente é a mãe que sempre une toda a família. Quando a mãe morre, muitas vezes o pai, sozinho, não consegue fazer manter a família unida: os irmãos se dividem e cada um passa a viver num lugar diferente. Com a mãe presente, a família sempre é unida. O que falta agora para a Igreja é a presença mais acentuada da Virgem Maria: é pedir a ela essa ajuda. Ela que é a mãe de todos nós é a única que pode nos unificar. Com ela, vamos conseguir. Sem ela, será muito complicado.
Como o senhor acha que se poderia começar esse trabalho mais concreto de unificação?
Dom Fares - Pode-se começar pelo trabalho social. Se sou católico, evangélico, ortodoxo - ou o que seja - nós podemos pelo menos trabalhar juntos para o bem do homem. Evitando falar, agora, dos dogmas, dos sacramentos. Vamos falar das coisas mais simples, que podem realmente nos unificar para salvar o homem. Este trabalho, juntos, para o bem dos outros, vai abrir também nossos corações para nos aceitarmos mutuamente e assim acharmos os caminhos que nos vão conduzir a Deus, à unidade na diversidade - essa é a palavra certa. A unidade na diversidade, no interior da Igreja - que seja uma Igreja Una, Santa, no mundo inteiro.
Depois que o papa pediu às várias igrejas cristãs que encontrassem uma fórmula de exercício do primado papal que fosse aceitável a todos, teólogos católicos já anunciam que é possível fazer uma reinterpretação do dogma da infalibilidade papal, declarada pelo Concílio Vaticano I, em 1870, e que criou uma dificuldade adicional para a aceitação do primado do bispo de Roma. Aceita-se, hoje, que a Cúria Romana exagerou na interpretação da decisão dos padres conciliares, hipertrofiando o poder do papa. Como o senhor vê essa questão?
Dom Fares - A Igreja inteira aceita que uma pessoa seja a cabeça. Todo mundo aceita isso. A Igreja não pode caminhar com duas, três, vinte cabeças. Uma só cabeça. Como foi sempre vista nos primeiros séculos: um primeiro entre iguais (primus inter pares). A infabilidade do papa (se manifesta) quando ele ensina em nome de toda a Igreja reunida para esse momento, como se fosse um concílio ecumênico. Nesse momento ele é infalível. Mas, na vida própria dele, ele é um homem, semelhante a nós. Todas as igrejas (orientais) aceitam que num encontro ecumênico ele se pronuncie como chefe da Igreja universal. Roma sempre foi vista como a primeira sede, entre todas as igrejas patriarcais. Mesmo na Pentarquia (designação do conjunto dos cinco patriarcados que funcionavam em comunhão - Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém - antes da ruptura entre a Igreja Romana e as Igrejas Orientais), Roma sempre ocupou o primeiro lugar. Essa primazia continua aceitável por todas as igrejas, na condição de que seja uma primazia de serviço e de amor, e não de autoridade. Roma não é apenas um serviço de autoridade. Quando precisar tomar uma decisão, proclamar um dogma, uma coisa nova na Igreja, e toda a Igreja estiver reunida para isso, nessa ocasião o papa será infalível. Por isso temos que trabalhar mais na unidade das igrejas e parar um pouco de proclamar dogmas.
Mas, o clero católico-romano está aberto para entender assim?
Dom Fares - A hora, talvez, é de pedir ajuda: é o que papa está fazendo - pedindo ajuda à Igreja Católica oriental para ajudar a Igreja Romana a entender a maneira de ver, entender, explicar a primazia do papa. No Oriente, nós sempre tivemos igrejas católicas com patriarcas. Não temos cardeais. Temos o patriarca, os arcebispos, e os bispos. Temos patriarcas como o de Constantinopla, de Antioquia e outros. Esses patriarcas, de acordo com uma tradição de dois mil anos, podem falar - e o papa diz estar pronto para ouvir essa voz que vem de fora. Quando estive junto com os bispos brasileiros de São Paulo em visita ad limina ao papa, ele falou para nós - ao perceber que eu era bispo melquita - sobre a necessidade de a Igreja respirar pelos dois pulmões (o ocidental e o oriental). Pediu que a Igreja Católica oriental falasse um pouco mais desse assunto, para aprofundá-lo um pouco mais. E pediu também à Igreja Romana para voltar um pouco às raízes, às fontes primeiras, e ver de que modo a gente pode unificar. Agora, cabe aos teólogos católicos, ortodoxos, protestantes fazer esse trabalho para tornar a Igreja, segundo a vontade do Senhor, Una, semelhante à Santíssima Trindade, na qual temos o Deus Pai: d'Ele procede o Deus Filho; d'Ele procede o Espírito Santo. Temos a unidade divina nessa Trindade. A unidade eclesial também deveria se dar ao redor do papa. Deste Patriarca de Roma.
É notável que na Igreja Romana se tenha perdido a tradição do patriarcado, e se tenha deixado de enxergar no bispo de Roma, antes de tudo, o patriarca do Ocidente. Essa ignorância dos católicos romanos foi motivo de queixas do patriarca Máximos IV (melquita), durante o Concílio Vaticano II. De lá para cá diminuiu essa ignorância - inclusive da hierarquia católica - sobre como funcionava a Igreja no 1º Milênio, ou ela permanece?
Dom Fares - Permanece. Faz três ou quatro anos que estou neste País e tenho que explicar sempre que sou católico, que tem católicos no Oriente que são verdadeiros, apostólicos, desde o início. As pessoas não conseguem entender bem que há católicos fora da Igreja Romana. Nós somos uma Igreja Católica Apostólica, diferente da Romana. Somos bizantinos. Infelizmente, temos visto seminaristas, nossos, aqui no Brasil, em São Paulo, sendo indagados por outros seminaristas romanos: vocês são católicos ou já mudaram de religião, viraram outra coisa? Falta muito conhecimento, sobretudo sobre a Teologia oriental, sobre os padres da Igreja, os primeiros concílios, sobre a riqueza de nossa liturgia. Por exemplo: o casamento. Para nós não é casamento, é uma coroação. É o mesmo sacramento. A comunhão: sempre comungamos sob as duas espécies (pão e vinho). Não usamos comumente hóstia, mas pão. Tudo é um pouco diferente. Agora, já estão começando a entender um pouquinho, e a se perguntar: o que é isso? Como a gente pode conhecer mais? Onde a gente pode comprar livros? Há também o mundo dos ícones. Pela primeira vez temos no Brasil escolas de iconografia. Gente que pede que falemos um pouco sobre a Igreja Católica do Oriente. As universidades católicas, os seminários, deveriam dedicar uma parte de suas programações escolares ao conhecimento do Oriente cristão. Fazer traduções: não há livros em língua portuguesa. A Igreja Romana, que é a mais forte, deveria preparar gente para fazer esse trabalho, que apenas está começando. Sou membro da CNBB e isso poderá ajudar.
A defesa de que o primado do papa seja de serviço e não de autoridade, lembrando a experiência do 1º Milênio do Cristianismo; as relações entre católicos ocidentais e orientais, ressaltando que o clero melquita conserva a tradição de ordenar homens casados, como aliás sempre aconteceu nas igrejas orientais. Eis alguns do temas tratados pelo arcebispo dom Fares Maakaroun, da Igreja Católica Greco-Melquita, uma igreja oriental unida à Igreja Católica Romana.
Dom Fares Maakaroun diz esperar que a Igreja Católica Romana o liberte para que possa, também no Brasil, ordenar homens casados e assim poder melhor atender aos fiéis de sua Igreja. Para ele, os católicos orientais, mesmo vivendo em países do Ocidente, devem conservar os próprios costumes e exercer plenamente as prerrogativas facultadas pelo Direito Canônico. Lamenta a ignorância do próprio clero romano em relação à tradição católica oriental e defende que os seminários dediquem um maior tempo ao estudo do 1º Milênio cristão, quando não havia separação entre católicos e ortodoxos, e assim preparar o caminho para a reunificação das igrejas. Ele defendeu, antes de tudo, a unidade de acção das várias religiões - cristãs e não-cristãs - no campo social, para promover a justiça social e a paz entre os homens.
O pontificado de João Paulo II foi marcado, em linhas gerais, pela busca da reafirmação da identidade católica romana, pelo diálogo ecumênico e inter-religioso e, no âmbito político, pela contribuição que deu à queda do comunismo. Alguns acham que a grande meta deste pontificado deveria ser a reunificação das igrejas cristãs, a começar pelos católicos e ortodoxos. O senhor pensa também assim?
Dom Fares Maakaroun - Em primeiro lugar, acho que não devemos ter medo do futuro, sabe? Porque se a gente se lembra bem, desde o tempo de Leão XIII (para falar nos tempos modernos) foi sempre assim: ante a morte de cada papa toda a Igreja perguntava: como vamos continuar? Que papa poderia, agora, liderar esta Igreja diante dos desafios do mundo moderno? E a cada vez o novo papa sempre era melhor do que o anterior. Nesse sentido não podemos ter medo porque o Espírito Santo está cuidando da Igreja, não apenas a pessoa do papa. O papa, com toda a Igreja, com o Senhor que está sempre conosco, (''o nome d'Ele é Emanuel'', que quer dizer ''Deus conosco''), a Igreja vai conseguir sempre vencer todas as dificuldades do mundo. O desafio maior que temos agora, além deste movimento de globalização mundial, é também o de unificar a Igreja. Ao ver este país - o Brasil - com tantas igrejas diferentes a gente se pergunta se poderá haver a unificação de novo. Mas, como todas falam em nome de Jesus Cristo, e Cristo falou na necessidade da união de todos, essa unidade vai acontecer. Gostaria de acrescentar que nós precisamos também da ajuda da Virgem Maria. Eu sou oriental, e lá no Oriente é a mãe que sempre une toda a família. Quando a mãe morre, muitas vezes o pai, sozinho, não consegue fazer manter a família unida: os irmãos se dividem e cada um passa a viver num lugar diferente. Com a mãe presente, a família sempre é unida. O que falta agora para a Igreja é a presença mais acentuada da Virgem Maria: é pedir a ela essa ajuda. Ela que é a mãe de todos nós é a única que pode nos unificar. Com ela, vamos conseguir. Sem ela, será muito complicado.
Como o senhor acha que se poderia começar esse trabalho mais concreto de unificação?
Dom Fares - Pode-se começar pelo trabalho social. Se sou católico, evangélico, ortodoxo - ou o que seja - nós podemos pelo menos trabalhar juntos para o bem do homem. Evitando falar, agora, dos dogmas, dos sacramentos. Vamos falar das coisas mais simples, que podem realmente nos unificar para salvar o homem. Este trabalho, juntos, para o bem dos outros, vai abrir também nossos corações para nos aceitarmos mutuamente e assim acharmos os caminhos que nos vão conduzir a Deus, à unidade na diversidade - essa é a palavra certa. A unidade na diversidade, no interior da Igreja - que seja uma Igreja Una, Santa, no mundo inteiro.
Depois que o papa pediu às várias igrejas cristãs que encontrassem uma fórmula de exercício do primado papal que fosse aceitável a todos, teólogos católicos já anunciam que é possível fazer uma reinterpretação do dogma da infalibilidade papal, declarada pelo Concílio Vaticano I, em 1870, e que criou uma dificuldade adicional para a aceitação do primado do bispo de Roma. Aceita-se, hoje, que a Cúria Romana exagerou na interpretação da decisão dos padres conciliares, hipertrofiando o poder do papa. Como o senhor vê essa questão?
Dom Fares - A Igreja inteira aceita que uma pessoa seja a cabeça. Todo mundo aceita isso. A Igreja não pode caminhar com duas, três, vinte cabeças. Uma só cabeça. Como foi sempre vista nos primeiros séculos: um primeiro entre iguais (primus inter pares). A infabilidade do papa (se manifesta) quando ele ensina em nome de toda a Igreja reunida para esse momento, como se fosse um concílio ecumênico. Nesse momento ele é infalível. Mas, na vida própria dele, ele é um homem, semelhante a nós. Todas as igrejas (orientais) aceitam que num encontro ecumênico ele se pronuncie como chefe da Igreja universal. Roma sempre foi vista como a primeira sede, entre todas as igrejas patriarcais. Mesmo na Pentarquia (designação do conjunto dos cinco patriarcados que funcionavam em comunhão - Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém - antes da ruptura entre a Igreja Romana e as Igrejas Orientais), Roma sempre ocupou o primeiro lugar. Essa primazia continua aceitável por todas as igrejas, na condição de que seja uma primazia de serviço e de amor, e não de autoridade. Roma não é apenas um serviço de autoridade. Quando precisar tomar uma decisão, proclamar um dogma, uma coisa nova na Igreja, e toda a Igreja estiver reunida para isso, nessa ocasião o papa será infalível. Por isso temos que trabalhar mais na unidade das igrejas e parar um pouco de proclamar dogmas.
Mas, o clero católico-romano está aberto para entender assim?
Dom Fares - A hora, talvez, é de pedir ajuda: é o que papa está fazendo - pedindo ajuda à Igreja Católica oriental para ajudar a Igreja Romana a entender a maneira de ver, entender, explicar a primazia do papa. No Oriente, nós sempre tivemos igrejas católicas com patriarcas. Não temos cardeais. Temos o patriarca, os arcebispos, e os bispos. Temos patriarcas como o de Constantinopla, de Antioquia e outros. Esses patriarcas, de acordo com uma tradição de dois mil anos, podem falar - e o papa diz estar pronto para ouvir essa voz que vem de fora. Quando estive junto com os bispos brasileiros de São Paulo em visita ad limina ao papa, ele falou para nós - ao perceber que eu era bispo melquita - sobre a necessidade de a Igreja respirar pelos dois pulmões (o ocidental e o oriental). Pediu que a Igreja Católica oriental falasse um pouco mais desse assunto, para aprofundá-lo um pouco mais. E pediu também à Igreja Romana para voltar um pouco às raízes, às fontes primeiras, e ver de que modo a gente pode unificar. Agora, cabe aos teólogos católicos, ortodoxos, protestantes fazer esse trabalho para tornar a Igreja, segundo a vontade do Senhor, Una, semelhante à Santíssima Trindade, na qual temos o Deus Pai: d'Ele procede o Deus Filho; d'Ele procede o Espírito Santo. Temos a unidade divina nessa Trindade. A unidade eclesial também deveria se dar ao redor do papa. Deste Patriarca de Roma.
É notável que na Igreja Romana se tenha perdido a tradição do patriarcado, e se tenha deixado de enxergar no bispo de Roma, antes de tudo, o patriarca do Ocidente. Essa ignorância dos católicos romanos foi motivo de queixas do patriarca Máximos IV (melquita), durante o Concílio Vaticano II. De lá para cá diminuiu essa ignorância - inclusive da hierarquia católica - sobre como funcionava a Igreja no 1º Milênio, ou ela permanece?
Dom Fares - Permanece. Faz três ou quatro anos que estou neste País e tenho que explicar sempre que sou católico, que tem católicos no Oriente que são verdadeiros, apostólicos, desde o início. As pessoas não conseguem entender bem que há católicos fora da Igreja Romana. Nós somos uma Igreja Católica Apostólica, diferente da Romana. Somos bizantinos. Infelizmente, temos visto seminaristas, nossos, aqui no Brasil, em São Paulo, sendo indagados por outros seminaristas romanos: vocês são católicos ou já mudaram de religião, viraram outra coisa? Falta muito conhecimento, sobretudo sobre a Teologia oriental, sobre os padres da Igreja, os primeiros concílios, sobre a riqueza de nossa liturgia. Por exemplo: o casamento. Para nós não é casamento, é uma coroação. É o mesmo sacramento. A comunhão: sempre comungamos sob as duas espécies (pão e vinho). Não usamos comumente hóstia, mas pão. Tudo é um pouco diferente. Agora, já estão começando a entender um pouquinho, e a se perguntar: o que é isso? Como a gente pode conhecer mais? Onde a gente pode comprar livros? Há também o mundo dos ícones. Pela primeira vez temos no Brasil escolas de iconografia. Gente que pede que falemos um pouco sobre a Igreja Católica do Oriente. As universidades católicas, os seminários, deveriam dedicar uma parte de suas programações escolares ao conhecimento do Oriente cristão. Fazer traduções: não há livros em língua portuguesa. A Igreja Romana, que é a mais forte, deveria preparar gente para fazer esse trabalho, que apenas está começando. Sou membro da CNBB e isso poderá ajudar.
Pelo que se vê, não se vê uma referência sobre a preocupação com a questão das igrejas orientais. A situação ainda está como no tempo do patriarca Máximos IV, ou já se fala mais nessa questão?
Dom Fares - Fala-se mais. O prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, por exemplo, é o cardeal Ignácio Moussadaoud, um siríaco-oriental. Pela primeira vez isso acontece. Foi um passo grande, pelo menos estão colocando no lugar que fala das igrejas orientais, um oriental. Ou seja, um cardeal oriental dentro da estrutura do Vaticano. Temos outros cardeais: o patriarca maronita é um deles. Nesse sentido, a Igreja está começando a abrir um pouco as portas. Vou dar o meu exemplo também: estou trabalhando no Brasil como arcebispo. Esse título foi-me dado pelo Santo Padre, dizendo: você irá para lá como arcebispo da Igreja Greco-Melquita Católica. Esse título não foi dado a nenhum dos meus predecessores, sou o quarto. A gente sente que tem luzes se acendendo aqui e ali, começando a abrir um pouco a Igreja. Isso é bom. Temos que esperar, nunca desesperar. Pelo menos uma janela grande se abriu.
Dom Fares - Fala-se mais. O prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, por exemplo, é o cardeal Ignácio Moussadaoud, um siríaco-oriental. Pela primeira vez isso acontece. Foi um passo grande, pelo menos estão colocando no lugar que fala das igrejas orientais, um oriental. Ou seja, um cardeal oriental dentro da estrutura do Vaticano. Temos outros cardeais: o patriarca maronita é um deles. Nesse sentido, a Igreja está começando a abrir um pouco as portas. Vou dar o meu exemplo também: estou trabalhando no Brasil como arcebispo. Esse título foi-me dado pelo Santo Padre, dizendo: você irá para lá como arcebispo da Igreja Greco-Melquita Católica. Esse título não foi dado a nenhum dos meus predecessores, sou o quarto. A gente sente que tem luzes se acendendo aqui e ali, começando a abrir um pouco a Igreja. Isso é bom. Temos que esperar, nunca desesperar. Pelo menos uma janela grande se abriu.
Dom Farès Maakaroun é um santo e sábio homem.
ResponderEliminarParabéns pela inteligente exposição do Projeto
que prega o respeito à diversidade (Unidade de acção das religiões). Também acho que o celibato opcional ajudará a resolver a questão da escassez de padres.
Dom Farés, eu o respeito e admiro muito, assim como todos da minha família.
Grande abraço!
NeideBorgesCuri
Moro em Brasília, mas sempre que vou à São Paulo vou a Igreja Nossa Senhora do Paraíso - uma linda igreja. A primeira vez que assisti uma missa com Dom Farés celebrando ele falou sobre perdão. Chorei como muito tempo não chorava.
ResponderEliminarParabéns a comunidade Greco-Melquita de São Paulo espero encontrar no Congresso Eucarístico de Brasília.
Abraços
Dom Fáres é um Bispo sábioe obediente, com suas opiniões e respeitando as dos outros, respeitando a Igreja Católica em Geral, um homem atencioso, que quando precisamos ele está ai mesmo longe por e-mail.
ResponderEliminarDom Fáres é um pai espiritual adoro ele..
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