Pelo segundo dia consecutivo, voltam a ouvir-se disparos na capital da antiga Birmânia. Como prevenção, a polícia fez barreiras com arame farpado e mobilizou canhões de água em alguns pontos da cidade. As forças de segurança assistem à manifestação atrás das barricadas, mas há relatos de disparos para o ar.
Durante esta noite, os militares tomaram de assalto dois mosteiros da capital e detiveram mais 100 pessoas. O número ascende agora aos 300, entre os quais dois dos mais altos dirigentes da oposição.
A agência France Press contabilizou ontem quatro mortos, entre eles, três monges budistas.
Durante esta noite, os militares tomaram de assalto dois mosteiros da capital e detiveram mais 100 pessoas. O número ascende agora aos 300, entre os quais dois dos mais altos dirigentes da oposição.
A agência France Press contabilizou ontem quatro mortos, entre eles, três monges budistas.
Luta pela democracia
República independente desde 1948, Myanmar é governada com pulso de ferro por uma Junta Militar, há 45 anos. No poder em 1962, com um golpe militar, os generais assumem os destinos do país (ainda com a designação Birmânia). Ne Win inaugura o que classifica como “a via birmanesa para o socialismo” – nacionaliza a economia, cria um Estado unipartidário e extingue a imprensa independente. Está instalada a ditadura.
Aung San Suu Kyi é a face visível da oposição ao regime, desde o final dos anos 80, quando a população acorda de um estado letárgico de 26 anos, desde o início da ditadura de Ne Win. Quase 30 anos depois do golpe militar de 62, o general convertera um dos países mais prósperos da Ásia num dos mais pobres do Mundo.
Nas universidades, começam os primeiros protestos pró-democracia, detonados pela degradação da economia. Agosto de 1988 fica registado na História, com centenas de estudantes a morrer às mãos da repressão militar contra as manifestações, em Rangun.
Conscientes da febre revolucionária que se vive no país, os generais convocam eleições livres, mas sem imaginar a dramática derrota que esperava o regime: A Liga Nacional pela Democracia (LND) conquista 396 dos 485 assentos parlamentares. Ainda assim, os militares negam-se a transferir o Governo. A Junta Militar permanece, ilegalmente, no poder. É redigida uma nova Constituição e os deputados eleitos da LND constituem um Governo no exílio. Em 1989, a Junta adopta a designação de Myanmar, em vez de Birmânia.
Em 1991, Aung San Suu Kyi, líder da LND, símbolo internacional da resistência pacífica e filha do general Aung San – herói da independência - recebe o Nobel da Paz, sob prisão domiciliária que se prolonga até à actualidade. Em 2006, é pela primeira vez permitido o contacto internacional de Suu Kyi, numa entrevista com o enviado especial das Nações Unidas.
Aung San Suu Kyi é a face visível da oposição ao regime, desde o final dos anos 80, quando a população acorda de um estado letárgico de 26 anos, desde o início da ditadura de Ne Win. Quase 30 anos depois do golpe militar de 62, o general convertera um dos países mais prósperos da Ásia num dos mais pobres do Mundo.
Nas universidades, começam os primeiros protestos pró-democracia, detonados pela degradação da economia. Agosto de 1988 fica registado na História, com centenas de estudantes a morrer às mãos da repressão militar contra as manifestações, em Rangun.
Conscientes da febre revolucionária que se vive no país, os generais convocam eleições livres, mas sem imaginar a dramática derrota que esperava o regime: A Liga Nacional pela Democracia (LND) conquista 396 dos 485 assentos parlamentares. Ainda assim, os militares negam-se a transferir o Governo. A Junta Militar permanece, ilegalmente, no poder. É redigida uma nova Constituição e os deputados eleitos da LND constituem um Governo no exílio. Em 1989, a Junta adopta a designação de Myanmar, em vez de Birmânia.
Em 1991, Aung San Suu Kyi, líder da LND, símbolo internacional da resistência pacífica e filha do general Aung San – herói da independência - recebe o Nobel da Paz, sob prisão domiciliária que se prolonga até à actualidade. Em 2006, é pela primeira vez permitido o contacto internacional de Suu Kyi, numa entrevista com o enviado especial das Nações Unidas.
“A revolução de açafrão”
Os protestos começaram em Agosto deste ano, num movimento contras as duras medidas económicas impostas pelo regime – que eleva em 500 por cento o preço dos combustíveis (petróleo e gás). Centenas de activistas são presos. Em Pakokku, um grupo de monges sai às ruas reclamando democracia, recebendo como resposta a agressão do Exército (em Myanmar, os monges - cerca de 400 mil - são tradicionalmente venerados, pelo que a sua participação nos protestos tem um peso significativo).
O gesto do regime indigna religiosos e população civil. É exigido ao Governo um pedido de desculpas mas, findo o prazo dado para o efeito, os monges saem às ruas, apoiados por milhares de civis. A cor das suas túnicas apelida a revolução que encabeçam de “revolução de açafrão”.
Filipa Pereira in SIC Online
Acha bem o envolvimento da religião na política?
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