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quinta-feira, setembro 13, 2007

"O cristianismo irrita muita gente"

Para Hans Küng, a religião hoje é novamente um factor de poder. Existe uma grande afluência ao islão e ao budismo, mas não ao cristianismo.

Os temas religiosos novamente despertam um enorme interesse das pessoas, não só na Alemanha. Pode-se falar de um retorno das religiões?

Hans Küng: Retorno das religiões – isso é uma expressão ambivalente. A religião nunca desapareceu. Como a música, a religião é algo que permanece, mesmo que por um certo tempo seja suplantada. É certo que, desde o ressurgimento do islão, desde a fundação da República Islâmica do Irão em 1979, os europeus consciencializaram-se de que não determinam o mundo sozinhos. Durante muito tempo, a Europa secularizada não percebeu que é um caso especial e que a religião noutros lugares é um poder.

"Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões! Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões". Essas são duas frases centrais o princípio do etos mundial, elaborado pelo senhor. Na era da globalização, há possibilidades inimagináveis de comunicação via internet. Esse desenvolvimento pode melhorar o diálogo entre as religiões?

Em princípio, eu diria que sim, mesmo que isso implique uma série de problemas. É positivo que hoje possamos estar bem informados sobre as outras religiões. Uma outra questão naturalmente é se se pretende estar informado. Há pessoas que não o querem, que já sabem tudo antes, sem que tenham estudado o islã.

Quem não quer saber isso?

Por um lado, são os cristãos fundamentalistas, que seguem literalmente a Bíblia e dizem que não precisam das outras religiões. Mas podem ser também pessoas muito secularizadas, dogmáticos do laicismo. Estes já coram quando simplesmente se fala a palavra religião, e acham que sobre isso não se precisa falar na escola. Eles têm dificuldade com o facto de que a religião novamente representa um factor de poder na história mundial.

De acordo com uma pesquisa representativa, o cristianismo não é mais a religião mais simpática aos alemães e, mas sim, o budismo. Como o senhor interpreta isso?

O budismo é visto no Ocidente como uma religião livre de dogmas, sem muitas prescrições. Trata-se de uma religião voltada para dentro, que dá importância à meditação, que não tem uma imagem demasiado antropomorfa, concreta, da última realidade. O outro facto é que o cristianismo, com a sua concentração de poder, irrita muita gente.

Quando temos um papa que aparece o tempo todo, que, como senhor espiritual do mundo, tem a pretensão de que só quem está com ele é um cristão verdadeiro, que somente a sua Igreja Católica Romana é a verdadeira igreja, então isso irrita muitas pessoas. E, mesmo que não protestem publicamente, elas afastam-se e dizem que não querem ter nada a ver com isso.

Voltemos ao islão. Na pergunta sobre a "religião mais pacífica", o budismo lidera com 43% contra 41% do cristianismo. O islão fica com apenas 11% nesse ranking. O islão é uma imagem do inimigo no Ocidente?

Sim, o islão representa sem dúvida uma imagem do inimigo no Ocidente, visto que o Ocidente só se concentra em determinados pontos do islão. Isso já vale para a história. Os europeus o vêem sob o ponto de vista do avanço do islão do norte da África até a Espanha entre os séculos VIII e XV e do domínio otomano nos Bálcãs. Mas não se vê nesse contexto que os cristãos não só realizaram as cruzadas, como também colonizaram todo o mundo islâmico, de Marrocos até as ilhas da Indonésia, no século XIX.

Daí surgem tensões, muitas das quais o Ocidente não resolveu até hoje. Isso vale sobretudo para as relações entre os palestinianos e Israel. Se tivesse sido feito um acordo de paz após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, nunca teria surgido o Bin Laden, nem teriam ocorrido os ataques ao World Trade Center em 2001.

Em vez disso, propagou-se a sensação de que os ocidentais se fixam inclusive na santa Arábia, se instalam no Afeganistão, avançam em todo lugar, de modo que se formam resistências. Obviamente temos de condenar homens-bomba e atentados. Mas é preciso reflectir por que tantos jovens estão tão desesperados a ponto de se colocarem à disposição para tais atentados.

4 comentários:

  1. o cristianismo, só falo por mim,não me incomoda nada pois é algo que desde o séc IV já não existe a não ser como memória histórica.
    o catolicismo é diferente e esse é mau por sua natureza atente-se no nome da coisa. sei do que falo pois é uma das obras diabólicas de que me orgulho. e já lá vão quase dois mil anos...

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  2. Ó barzabu, não perdias nada em ler o último número da "le Monde de la Bible"... :)

    Quanto ao Küng, fico curioso por ler o seu livro sobre o Islão...

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  3. o anticristo que agora está no vaticano está a servir-se do kung para dar uma de abertura e de modernidade. sabe muito o bentinho. já em jovem pertenceu às ss,a elite do III reich e talentoso como é(ra) chegou a papa. a sua nomeação pelo espírito santo é para ignorantes.

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  4. O cristianismo já não existe?

    Desculpa, mas sabes o que é o cristianismo? O cristianismo é Jesus Cristo e o Seu exemplo. E que exemplo é esse? Amor, dedicação aos mais pobres e discriminados, misericórdia...

    Podes dizer que não há muitas pessoas que sigam estes ideiais. É verdade. Mas eles continuam a existir e ainda há quem os siga.

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