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quarta-feira, novembro 29, 2006

Comunidades sacerdotais: sim ou não?

A Igreja, tanto na Sagrada Escritura como no Código de Direito Canónico para não mencionar outros documentos, recomenda insistentemente que haja entre os sacerdotes “alguma forma de vida comunitária”. No entanto, nota-se cada vez mais uma grande dificuldade em assumir um tipo de vida mais de acordo com Evangelho. São muitas as razões, eis algumas:
  • A longa tradição dos padres diocesanos viverem sozinhos.
  • A falta de uma preparação adequada, no tempo de formação, em ordem à vida comunitária.
  • A nomeação dos sacerdotes raramente tem em vista a constituição de comunidades sacerdotais, que possam funcionar razoavelmente bem. Por sua vez, o modo de funcionar destas equipas nem sempre respeita a especificidade de cada um dos seus membros.
  • A partilha de bens também é uma dificuldade real encontrada por muitos padres.

Porém, estas e outras dificuldades poderiam ser ultrapassadas mediante:

  • Aprofundamento da comunhão dentro do próprio presbitério.
  • Melhor concretização dos diversos níveis de vida comunitária.
  • Motivação pessoal dos sacerdotes.
  • Fomento de uma espiritualidade comunitária.

Fonte: Ecclesia

O que pensas das Comunidades Sacerdotais?

19 comentários:

  1. Parecem-me imprescindíveis. Saber viver em comunidade parece-me necessário para se poder presidir a uma comunidade. A vida em comunidade ajuda também muito ao crescimento e maturidade pessoal e relacional. Além do mais a vida em comunidade facilita o celibato, já que evita a solidão.

    Só não imaginava que os seminários não preparassem para a vida comunitária. Dado o que descreves, penso que deveria ser prioridade máxima dos bispos pôr em prática as medidas que apontas no post. Afinal todos somos chamados a uma conversão permanente aos valores de Jesus e a Igreja deve ser uma comunidade, não só ao nível espiritual mas também ao nível prático. Se os sacerdotes aceitarem este caminho penso que as comunidades ganharão muito.

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  2. Numa Igreja ideal, seriam desejáveis, necessárias e, talvez, a melhor maneira de os sacerdotes exercerem o seu ministério.
    De facto, na Igreja real que temos, esta forma de vida comunitária esbarra em todas as dificuldades que aponta e em muitas outras.

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  3. Para os padres que vivem em comunidade, gostava de saber o que sentem, as preocupações, as alegrias, as tristezas, os motivos para continuarem, as razões para desistirem... porque eu gostaria de experimentar...

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  4. Na minha comunidade há uma residência para os padres da vigararia. Eu chamo-lhe: pensão de solteirões.
    Só vivem debaixo do mesmo tecto, mais nada.
    É um mau testemunho que dão.

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  5. Eu já vivi em comunidade sacerdotal. A primeira experiência (chamo-lhe experiência porque durou apenas um ano) foi bastante boa. Estava a estagiar numa paróquia (ainda não era sacerdote) com mais dois sacerdotes. A vida da comunidade agradava-me. Não imaginava viver de outra forma a minha vida sacerdotal. Éramos como irmãos. Apesar de cada um ter o seu têmperamento, isso não se sobrepunha à amizade, à fraternidade. Preocupávamo-nos uns com os outros. Sentíamos os problemas de uns e outros. Cada um podia fazer como queria, mas havia normas comuns. Sinceramente, a comunidade resultava porque os 3 estávamos com essa intenção, porque nenhum se sobrepunha aos outros. E mais podia lembrar. Foi muito bom. Ainda hoje, apesar de me terem afastado dessa comunidade, continuamos imensamente amigos.
    Depois tive outras experiências de comunidade (digo experiências, porque não foi mais que isso). Umas porque foram feitas com intuitos inadequados, outras porque cada um queria a sua privacidade, outras porque o factor económico se calhar pesava, outra por causa de comodismos (bem, se calhar exagero... e incluo-me nas causas dos insucessos delas!) e não resultaram. Hoje vivo sozinho. Encontro-me com amigos, com paroquianos (uma outra forma de comunidade?!), e entro sozinho em casa. Não era o ideal que sonhara, mas tb me apetece continuar assim... pelo menos por algum tempo!
    Ahhh, e caríssimo amigo "padres inquietos", donde tiraste estas ideias? Eu sei que as retiraste de algum lado! Malandreco. Eu li-as tb no mesmo jornal... e... (bem, podias ter dito de onde vieram! Hihi)

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  6. Outra coisa. Estava a resumir a minha experiência de comunidade e ia esquecendo a forma de vida sacerdotal que vivo actualmente, e tb é boa: unidade pastoral. Trabalho em comum com um colega, apesar de vivermos em paróquias separadas. mas quase tudo estruturamos, sonhamos e realizamos em comum. Mais, partilhamos das nossas vidas, problemas e canseiras.
    Não é o ideal da vida em comunidade... mas é uma boa forma. Muito boa. Caro colega, se leres isto algum dia, acredita que gosto desta forma de comunhão e partilha em que vivemos...

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  7. Comunidades sacerdotais ? Sim...mas como e com quem ?
    Já tive algumas experiências, umas melhores que outras, normal, é assim a vida.Alías se calhar a pergunta que se deve colocar deve ser: Quantos sacerdotes são necessários para fazer uma comunidade. É que as minhas experiências foram sempre parelhas sacerdotais ( desculpai colegas e amigos)e com dois é dificil fazer comunidade...Claro que há outros aspectos importantes, mas não penso que como dizia o CA, " vida em comunidade facilite o celibato, já que evita a solidão"- e recordo que alguém dizia que também se está sózinho no meio de muita gente.
    Mas penso que a ideia é óptima, mas peca, porque do meu ponto de vista, no presente estas comunidades são feitas a olho...penso que o importante, já que é para sacerdotes,estes devem ser preparados para tal muito antes, não depois de serem ordenados padres metidos como quem arruma qualquer coisa na gaveta: " Ah se tu não queres...então fica o Fulano X..." que futuro poderá ter assim uma comunidade destas...se calhar deixava outra questão: para haver verdadeiras comunidades sacerdotais acho que se deveria repansar primeiro a vida sacerdotal e a vida da própria Igreja...tá aí a enciclica do amor...onde é que eu já ouvi isto...

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  8. Caros.

    Que maravilha ler os vossos comentários!...

    Digo tão só que toda a experiência de comunhão e comunialidade é essencial ao cristianismo. Desde que não massifique, evidentemente, anulando a relação pessoal com Deus, e com cada qual dos outros e o resto.

    Abraços fortes.

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  9. Caro s.p.

    Obrigada pela partilha. O mal vem muito mais de trás. E ou muito seriamente, se repensa isto tudo, ou andamos a brincar com coisas sérias. E as coisas muito sérias, são pessoas, que são preciosas. "Deus resgatou-nos por alto preço..."

    Das coisas que mais me dana na vida é ver um padre infeliz ou alienado da sua vocação. E as razões são múltiplas. E as culpas de todos nós.

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  10. Embora tardiamente, respondo na mesma.
    Conheço um ex-padre que, há tempos, a propósito de eu falar que havia padres, cujas paróquias eram ricas, viviam desafogadamente; enquanto outros, de paróquias pobres e recuadas no tempo e no espaço, viviam com dificuldades. Não seria, então, mais justo e mais de acordo com os preceitos cristãos, que os bispos estipulassem um salário (ou como quiserem chamar) "igual" para todos os padres das paróquias (cujas funções são as mesmas em todos), dado que "para trabalho igual, salário igual"?
    Respondeu-me ele e calou-me: "os padres são muito individualistas, não gostam de partilhar uns com os outros e de se ajudarem mutuamente".
    Ora, o que vale para este assunto, concerteza deve assemelhar-se ao que se passa ou passará se os padres tivessem que viver em comunidade.
    Pois, não é nada fácil viver em comum: há sempre concessões a fazer, isto, na melhor das hipóteses, porque quando os feitios se chocam, então é melhor passar fome e viver ao relento, do que viver com a alma torturada permanentemente, por mais boa-vontade que se tenha.
    Mas este género de coisas, os padres não entendem....
    Agora, viver-se independente, só, conviver quando nos apetece apenas, e ter ainda uma empregada doméstica que nos faz os trabalhos mais chatos e nos põe a refeição na mesa a horas, quando estamos doentes, não nos sentimos abandonados sem ninguém que nos deite a mão - é o Óptimo!

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  11. Algumas observações:
    Parafraseando o Santo Padre na sua encíclica, poder-se-ia dizer que o arquétipo da vida comunitária por excelência é a vida de casal homem/mulher, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de comunidade se ofuscam. Quem fez a opção pela vida celibatária parece não ter escolhido a melhor parte...
    Conheci sacerdotes de outros países que fizeram experiência de vida comunitária com famílias de acolhimento e com grupos de amizade. Conheço também muitos padres que vivem com familiares: pais, irmãos, sobrinhos. Isto, para dizer que há muitas formas de se poder fugir à solidão sem ser por recurso a comunidades sacerdotais.
    Vida em comunidade fraterna é um carisma associado normalmente às pessoas que optam por uma especial consagração a Deus e se inserem em determinada congregação religiosa. Para os sacerdotes diocesanos, a vida em comunidade pode ser uma excelente proposta, mas não há lugar a obrigatoriedade ou "imposição" vocacional.
    Creio que para um padre diocesano a questão fundamental será outra: a da comunidade paroquial. As nossas paróquias serão mesmo comunidades cristãs? É que se o fossem, os padres certamente não procurariam alternativas...

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  12. vivo em comunidade...servindo no seminário e gosto!

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  13. Eu também vivo em comunidade; somos 4, diocesanos, fazemos trabalhos pastorais na mesma área; teria muita dificuldade de viver só... pricipalmente a solidão, a fata de ter com quem conversar, partilhar o dia...

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  14. Este post foi repescado... :)
    Já o comentei da primeira vez, mas aqui deixo mais uma achega.

    Isto das comunidades sacerdotais está agora muito em moda. Mais um bocadinho e, quer queiram quer näo queiram, os padres seräo "obrigados" a viver juntos. Nada de bom nascerá daí.
    As comunidades ou equipas (chame-se-lhe como se quiser) deste género só funcionam se forem expontâneas ou, pelo menos, cuidadosamente formadas. Senäo, das duas uma: ou faräo a vida negra uns aos outros ou se ignoraräo olimpicamente, vivendo "por acaso" na mesma casa. E o que devia ser um bem, para eles e para as comunidades que cuidam, transforma-se num inferno pessoal e num contra-testemunho para os cristäos.
    Equipas? Sim. Mas com conta, peso e medida. Para os que quiserem. E sempre flexíveis e passíveis de reformulaçäo.

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  15. E agora, uma questäo totalmente diferente:
    Este blogue está com algum problema. Grande parte das vezes em que acedo, ou fica bloqueado ou se desliga... Näo sei se é só comigo, mas acho que näo..:)

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  16. Manel,

    para o teu penúltimo comentário:

    acho muito bem. Assim talvez compreendam melhor temas como; o divórcio, as dificuldades do casamento etc.

    Embora, ninguém seja obrigado a casar, claro! Mas também me parece que ainda não estão obrigados oa padres a viverem em comunidades. Mas acho que, a alguns, fazia muito bem.

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  17. Boa noite.
    Reparei neste tema, já que sou um visitante assiduo deste blog. Permitam-me, por isso, que felicite quem o orienta. Acho-o diferente, nais arejado, menos "beato"...
    Quanto à vida dos sacerdotes em equipa, eu tive a sorte de ter feito essa experiência durante largos anos. Foi uma equioa a três. E aconteceu no alvor da vida sacerdotal. Dessa experiência, guardo boas recordações e estou grato aos colegas com quem estive. Entre nós, não houve problemas a nível do aspecto económico e sempre nos soubemos interajudar quando algum precisava. Quanto à relação de amizade, ela foi amadurecendo à medida que nos fomos conhecendo e amadureceu também a forma de encarar comportamentos ou atitudes de cada um.
    Partilhamos e construimos juntos algumas experiências pastorais que julgo interessantes, sabendo acolher a mútua complementaridade.
    Há dois aspectos que reputo de úteis e que ressalto:
    1ª Quando um tinha um problema nalguma paróquia, como nos domingos seguintes apareciam os outros, quando o 1ª aí voltasse a situação já havia sido ultrapassada;
    2ª O impacto que pode ter o facto de serem três sacerdotes em alturas consecutivas a dizer a mesma coisa, mas cada um expondo a situação com o seu modo próprio. Ajuda a esbater resistências à mudança...
    Penso que o que mais falhou entre nós foi a ausência de um espaço de oração comunitária... Se tem existido, talvez ainda hoje a equipa durasse...
    De qualquer maneira, apoio a vida em equipa, desde que preparada, naturalmente aceite e com um programa de acção que todos aceitem e a todos mobilize.
    Abraço
    P. Santos Almeida

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  18. Sou leiga e somente posso dar a minha hulmide opinião neste assunto.
    A minha paróquia há alguns anos tornou-se numa Unidade Pastoral, em que trabalhavam dois padres. Viviam em casa diferentes, mas passavam muito tempo juntos. E partilhavam todo o trabalho. Funcionou muito bem... Nós paroquianos notavamos muito bem que eles eram Amigos.

    E ainda há outra parte... a vida comunitária também tem de sair um pouco da vontade do padre.
    O pároco da minha paróquia tem pouco tempo para solidão, porque ele convida os paroquianos para a sua casa e com o devido respeito a casa dele é a "nossa" casa.

    Vou agora aqui, levantar uma questão, como é que os padres conseguiriam viver em comunidades sacerdotais quando há 1 padre para 16/17 comunidades e estas já ficam com uma distância grande? Ficariam os padres em comunidades sacerdotais mas a muitos km's da sua paróquia?

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  19. Estive uma semana ausente do meu computador e, embora outra vez tardiamente, agradeço, Sr. Padre Inquieto, por se ter lembrado do comentário que fiz algures e o ter novamente postado.

    E fico também feliz por ver tantos comentários!! Aos pouquinhos, com perseverança e paciência, o seu Blog se impôe e se propaga com mensagens da Mensagem.
    Continue com Fé e Esperança!

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