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terça-feira, março 13, 2007

Sacramentum caritatis - Bento XVI

Celebrar a Eucaristia
A segunda parte da Exortação (nn 34-69) ilustra o desenvolvimento da acção litúrgica na celebração, indicando os elementos que merecem um maior aprofundamento e oferecendo algumas sugestões pastorais de grande relevo. Põe em evidencia também a bondade da reforma litúrgica promovida pelo Concilio Vaticano II. Algumas dificuldades e abusos “não podem ofuscar a excelência e a validade da renovação litúrgica que contém riquezas ainda não plenamente exploradas".
Nesta segunda parte a Exortação reconhece que “a fonte da nossa fé e da liturgia eucarística é o mesmo acontecimento: a doação que Cristo fez de Si próprio no mistério pascal. Eis porque é necessário reconhecer com força que “a liturgia eucarística é essencialmente acção de Deus que nos envolve em Jesus por meio do espírito, o seu fundamento não está á mercê do nosso arbítrio e não pode suportar a chantagem das modas passageiras. A Igreja celebra o sacrifício eucarístico obedecendo ao mandato de Cristo, a partir da experiência do Ressuscitado e da efusão do Espírito Santo.”

Cristãos não católicos

Desejando a unidade com cristãos de outras Igrejas ou Comunidades eclesiais, o documento alerta para o perigo de usar a Eucaristia como “simples meio” para “alcançar a referida unidade” (56). Porque a Eucaristia manifesta a comunhão pessoal com Jesus Cristo e “implica também a plena comunhão com a Igreja”, “com dor mas não sem esperança, pedimos aos cristãos não católicos que compreendam e respeitem a nossa convicção, que assenta na Bíblia e na tradição: pensamos que a comunhão eucarística e a comunhão eclesial se interpretam tão intimamente que se torna geralmente impossível aos cristãos não católicos terem acesso a uma sem gozar a outra”.
E, neste sentido, a Exortação afirma que “ainda mais desprovida de sentido seria uma concelebração verdadeira e própria com ministros de Igreja e Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica”.

Dos media ao latim

O Documento valoriza a transmissão da Eucaristia pelos meios de comunicação social, que ampliaram o significado da palavra “participação”. No entanto, ela é válida para quem não se possa deslocar à igreja, nomeadamente idosos ou doentes. Os presos e os migrantes devem também merecer o empenho que lhes garanta a participação na Eucaristia, no caso dos migrantes de acordo com ritos próprios dos países de origem.
Nesta Exortação Apostólica, o Papa valoriza a celebração em latim. Pede mesmo que, nas celebrações que tenham um carácter internacional, “exceptuando as leituras, a homilia, e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina” (62). Bento XVI pede também que “sejam recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano”. Para isso, recomenda a formação necessária aos sacerdotes e também aos leigos.

Eucaristia na vida: repartir o pão.
Na terceira e última parte a Exortação Apostólica (nn 70-93) mostra a capacidade do mistério, acreditado e celebrado, de constituir o horizonte último e definitivo da existência cristã: “o mistério acreditado e celebrado possui em si mesmo um tal dinamismo, que faz dele princípio de vida nova em nós e forma da existência cristã”.
A Exortação Apostólica não hesita em afirmar que “a Eucaristia impele todo o que acredita n’Ele a fazer-se pão repartido para os outros, e consequentemente a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno.” E mais adiante afirma: “é através da realização concreta desta responsabilidade que a Eucaristia se torna na vida o que significa na celebração”.
Mais fortes ainda são as expressões de Bento XVI em relação ás situações de injustiça social, de violências e de guerras, de terrorismo, de corrupção e exploração e á indigência do homem. A Igreja que vive da Eucaristia, sobretudo através da responsabilidade dos seus fiéis leigos, não pode senão estar presente na historia e na sociedade a favor de cada homem, em particular de quem, por causa da injustiça e do egoísmo de tantos, sofre a indigência, a fome e situações endémicas de doença, porque não tem acesso aos recursos elementares no campo da alimentação e da saúde. Jesus, alimento de verdade - afirma a Exortação Apostólica – “leva-nos a denunciar as situações indignas do homem, nas quais se morre á mingua de alimento por causa da injustiça e da exploração e dá-nos nova força e coragem para trabalhar sem descanso na edificação da civilização do amor.

1 comentário:

  1. Sr. Padre Inquieto:

    É muita matéria para se comentar de uma só vez.

    Mas, digo já que, sendo os cristãos não-católicos igualmente cristãos, penso que deviam poder também Comungar (desde que estejam em Graça).

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