Hoje, estou convencido, que há mais vocações sacerdotais do que celibatárias.

Hoje, muitos jovens aceitam a disciplina do celibato sem vocação, porque a vocação sacerdotal é mais forte. Alguns destes jovens, acabam por casar, porque a Igreja exige-lhes que sejam celibatários. Outros, apesar de não viverem bem com isso, continuam a exercer o sacerdócio. Se calhar, esses jovens sem vocação ao celibato, deviam todos renunciar à vocação sacerdotal.
Eis a questão de fundo:
se Deus chama muitos jovens ao sacerdócio sem os chamar ao celibato, porque é que a Igreja Latina (no Oriente não é assim) continua a impor disciplinarmente o celibato?Aquilo que devia ser um grande valor e um grande sinal para a sociedade de hoje, corre o risco, por via da imposição disciplinar a quem não tem vocação para tal, de se tornar num jugo pesado e deixa de ser um sinal de Deus.
Gostava de ouvir a vossa opinião?
------
Uma das opiniões:
"Como dizia o outro: "eu sou do tempo"...em que se era quase excomungado se ousasse discutir este tema em público e às claras!...O celibato era indiscutível... era impensável pensar doutra maneira...seria uma catástrofe imaginar que os padres pudessem casar e serem sacerdotes ao mesmo tempo...era o mesmo que tentar juntar o azeite e o vinagre.

Os padres...devem ser castos...logo não podem nem devem casar...porque o casamento, lá no fundo, era qualquer coisa de impuro, por natureza!...o casamento "distraia" o padre do serviço da igreja...roubava-lhe disponibilidade...complicava-lhe a vida...e por aí fora.
Porquê? Porque se construiu a ideia de que ser sacerdote era uma missão transcendente à normalidade das coisas reais...era assim como ter de ser um bombeiro sempre em acção, pronto a apagar fogos...ou um soldado sempre em guerra...para quem a família só estorva...
Ou seja: onde deveria imperar a normalidade da natureza, erigiu-se uma "ideia-força" criou-se um arquétipo sacrossanto abstracto, afastado do chão, impôs-se como uma realidade incontornável e...implantou-se de estaca...na terra. Claro que essa planta artificial...pegou e ao cabo de séculos...impôs-se como não podendo deixar de ser assim...
Ora, sabemos que as coisas não tiveram o mesmo desenvolvimento na Igreja do Oriente. Aí, manteve-se aquilo que brota da natureza das coisas. É como casado que o sacerdote exerce o seu múnus...em toda a extensão. E mais. Enriquecido pela riqueza do casamento. Com uma família à sua volta e na sua dependência. O resultado é de perfeita harmonia e conjugação. O padre não vive numa estratoesfera...não perde o sentido das realidades...não se estonteia com as alturas como infelizmente vemos como foi, no passado e muito, ainda no presente.
O apregoado "trunfo" do celibato não tem razão de ser, como condição sine qua non...Com o tempo, lentamente, tudo entraria na normalidade, se aquele deixasse de ser imposto...Acho que seria uma "revolução" pacífica e muito frutuosa...para a Igreja.".