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sábado, setembro 09, 2006

Liquidação de promessas. Forma de pagamento: sangue, suor e lágrimas

Encontrei este texto no blog: www.connosco.blogspot.com e não posso estar mais de acordo com a autora. Por isso gostaria também de ouvir aqui a vossa opinião:

É uma daquelas lembranças de pequenina: a procissão do último dia da festa lá da terra, com aqueles homens e mulheres de joelhos (alguns deitados) a arrastarem-se em lágrimas pelo adro acima, em visível sofrimento. Sempre me fez uma enorme confusão, primeiro porque era nova demais para perceber porque é que elas não se levantavam e andavam, já que lhes estava a causar tanto sofrimento andarem de joelhos; agora que já percebo a maneira de pensar de muitas pessoas e o valor que dão às tradições, faz-me confusão como é que estas pessoas não se interrogam a si próprias sobre o valor real destas suas manifestações.
"É tradição", dizem-me. "Tenho muita fé no Santo". "Prometi." "Vou todos os anos".
Conheço uma pessoa que prometeu dar um certo número de voltas ao santuário de Fátima se determinado familiar se curar de uma doença. Infelizmente ainda não se curou. "Se calhar precisa de dar mais umas voltas", disse eu, arrependendo-me logo a seguir, ao verificar o olhar de reprovação e de choque dessa pessoa pela minha observação tão insolente.
Desde essa altura que deixei de tentar discutir estes assuntos com pessoas que acreditam na eficácia destas promessas, e como também me impressionam estas "procissões" de sofrimento, assim que acabou a missa vim para casa e não fiquei para ver. Fui a única, ao contrário de muita gente que entretanto estava a chegar o recinto da festa para presenciar o "pagamento" das promessas.
"Então agora que começa o melhor da festa é que te vais embora?", perguntou-me uma vizinha. Desculpei-me com o almoço que tinha de ir fazer. Não estava com paciência para lhe explicar que o Deus em que acredito não deve gostar de ver os seus filhos a sofrer daquela maneira. Aliás, o padre tinha acabado de fazer uma homilia perfeita sobre este tipo de manifestações e mesmo assim as pessoas fizeram "orelhas mocas" e lá foram pelo adro fora de joelhos e vela em mão. Que mais poderia eu acrescentar? Nada.
São tradições, como me dizem. Há que respeitar...
O QUE É QUE ACHAM QUE OS PADRES DEVERIAM FAZER A ESTE RESPEITO?

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