Portugal é um país de odiadores. O ódio é a moeda de troca do nosso comércio emotivo. Basta olhar à nossa volta. O primeiro-ministro, por exemplo, é uma destilaria de ódio. Aliás, o PS é a Via Láctea do ressentimento. Mas, atenção, a política é apenas a ponta do iceberg. Debaixo da capa do porreirismo sorridente, existe um manto de ódio a palpitar por toda a sociedade portuguesa. Nas estradas, há uma guerra civil. Na internet, a cultura do insulto campeia alegremente. Atrás do volante ou atrás do teclado, os portugueses vestem sempre a pele de odiadores profissionais.
A nossa alma colectiva, essa empoeirada cave metafísica, vive do ódio e para o ódio. E não estou a falar de um ódio contra os 'estrangeiros'. Não. Este ódio vai de português para português. Portugal é o pretexto para o Zé odiar o Chico, e vice-versa. Não existe patriotismo em Portugal, porque os portugueses - paradoxalmente - nunca têm contacto com o país. Os portugueses vivem no interior dos seus casulos tribais. As corporações e os partidos criam uma película peçonhenta que separa as pessoas do país. No seio destes casulos que flutuam acima da realidade, odiar as outras tribos flutuantes é a única identidade aceitável. Os partidos existem para odiar, com os decibéis da varina, os outros partidos (olhe-se para o Parlamento). As corporações existem para morder, como cadelinhas amestradas, as outras corporações (olhe-se para a justiça). Fazer bem ao país não interessa, porque só interessa fazer mal às outras tribos.
Por causa deste clima odiento, revi um filme que funciona, na minha cabeça, como um antídoto contra este hábito de odiar. Realizado por Joaquim Leitão, "20.13 - Purgatório" (2006) remete-nos para a guerra colonial. A personagem principal, o alferes Gaio (Marco d'Almeida), é um crítico da guerra. Este jovem oficial detesta o regime de Salazar. Porém, Gaio nunca abandona os seus soldados. Como diz o capitão, "deve ser duro combater com lealdade mas sem fé, não é Gaio?". Gaio não tem fé na ideologia salazarista, mas mantém a lealdade aos seus homens. Porque o amor que tem pela sua gente é superior ao ódio que sente pelo regime. Porque antes do nosso umbigo ideológico existe uma coisa chamada 'país'. Ora, esta humildade patriota, personificada por Gaio, é uma coisa raríssima em Portugal.
A nossa alma colectiva, essa empoeirada cave metafísica, vive do ódio e para o ódio. E não estou a falar de um ódio contra os 'estrangeiros'. Não. Este ódio vai de português para português. Portugal é o pretexto para o Zé odiar o Chico, e vice-versa. Não existe patriotismo em Portugal, porque os portugueses - paradoxalmente - nunca têm contacto com o país. Os portugueses vivem no interior dos seus casulos tribais. As corporações e os partidos criam uma película peçonhenta que separa as pessoas do país. No seio destes casulos que flutuam acima da realidade, odiar as outras tribos flutuantes é a única identidade aceitável. Os partidos existem para odiar, com os decibéis da varina, os outros partidos (olhe-se para o Parlamento). As corporações existem para morder, como cadelinhas amestradas, as outras corporações (olhe-se para a justiça). Fazer bem ao país não interessa, porque só interessa fazer mal às outras tribos.
Por causa deste clima odiento, revi um filme que funciona, na minha cabeça, como um antídoto contra este hábito de odiar. Realizado por Joaquim Leitão, "20.13 - Purgatório" (2006) remete-nos para a guerra colonial. A personagem principal, o alferes Gaio (Marco d'Almeida), é um crítico da guerra. Este jovem oficial detesta o regime de Salazar. Porém, Gaio nunca abandona os seus soldados. Como diz o capitão, "deve ser duro combater com lealdade mas sem fé, não é Gaio?". Gaio não tem fé na ideologia salazarista, mas mantém a lealdade aos seus homens. Porque o amor que tem pela sua gente é superior ao ódio que sente pelo regime. Porque antes do nosso umbigo ideológico existe uma coisa chamada 'país'. Ora, esta humildade patriota, personificada por Gaio, é uma coisa raríssima em Portugal.
Os portugueses nunca colocam o país acima das tribos.
Portugal não é uma pátria.
Portugal é um pretexto para o ódio que, não sei porquê, habita no peito dos portugueses.
Vivemos consumidos por este ódio selectivo que apenas selecciona como alvo outros portugueses.
Concorda com esta opinião. O Autor defende que à mais de 200 anos, desde as guerras miguelistas, o país numa se encontrou porque existiram sempre pequenas guerras fraticidas... e como solução propõe uma reforma das bases constitucionais. Por exemplo, a nomeação para altos cargos politicos (ex: Euro Just), económicos (ex: Banco dePortugal, CNVM), judiciais (Tribunal Constitucional, Provedor da Republica,...), Reguladores (ex: Comunicação Social), não podem depender da situação politica do momento... Para quando um debate sobre este assunto? Uma reforma estrutural...
Afinal o ódio está em quem está a favor ou contra?!
ResponderEliminarO Brasil também está se tornando no país onde o ressentimento e o ódio emergem dos porões da história para nos assombrar. Querem acabar com a Lei da Anistia para perseguir e punir, jogando na lata do lixo o perdão e o esquecimento que propiciaram que fizéssemos uma transição pacífica da ditadura para o pluralismo político e social. Implantam sistemas de cotas em universidades e empregos públicos, acirrando um racismo entre brancos e negros, além de se vender a idéia de que o afrodescendente precisa de uma "ajudinha" política para se inserir socialmente, como se fosse menos capaz que o branco. É a cultura do ódio gerando ignorância e sendo alimentada pelo mesmo.
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