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terça-feira, janeiro 26, 2010

1ª REPÚBLICA: A VERDADE VEM AO CIMO

Assim como a 1ª República teve pecados irremíveis, também esta república que por agora vivemos os tem tido. A que saíu do 5 de Outubro de 1910, herdeira directa e legítima do Regicídio, não se limpará nunca do sangue derramado pelo chefe do estado e seu filho nem das cruéis perseguições movidas à Igreja e seus servidores, e menos ainda dos milhares de homens que, mal alimentados e mal armados, foram carne para canhão na Primeira Guerra Mundial para satisfação e orgulho de Afonso Costa e quejandos. Seguiu-se outra república intolerante, com ditadura, censura e polícia política, que bom caldo de cultura foi para a mediocridade que depois veio.
Nesta outra república, saída do 25 de Abril de 1974, o pecado maior, e sem perdão, foi a descolonização, isto é, o abandono precipitado das colónias e os povos que ali viviam. Não é de louvar a guerra colonial que a ditadura podia e devia ter evitado, mas ela não podia justificar um abandono tão cobarde na forma e tão vil no conteúdo. Medíocres a quem interesses internacionais, e não apenas da União Soviética, deram força, foram os fautores e responsáveis perante a História desse abandono que se saldou por uma incalculável tragédia para milhões de portugueses de todas as raças.
Porque todas as revoluções arrastam consigo o lixo da confusão e do arbítrio, da mentira e da estupidez, é garantido que se procura fazer silêncio sobre o que se passou. Mas, felizmente, tem havido pessoas corajosas e dignas que, pouco a pouco, têm investigado esse passado sombrio e o têm dado à estampa em livros que, evidentemente, não merecem as menções dos que andam a estrangular o jornalismo na forca do politicamente correcto. Que a terra lhes seja leve.
Excelente exemplo de coragem e dignidade, de esforço e perseverança numa investigação que durou 20 anos, é a jornalista Leonor Figueiredo que, em 2009, publicou na editora Aletheia o livro FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA. É um documento sem preço sobre uma das maiores infâmias cometidas por esta república: o abandono de centenas de portugueses que, raptados ou presos pelas forças políticas que, em Angola, se opunham ao poder colonial português, sofreram as maiores sevícias nas masmorras e acabaram, muitos deles, por serem assassinados e atirados às valas comuns. Não foram em grande número os que conseguiram salvar-se desse inferno. Mas todos por igual foram esquecidos por este regime. O livro, documentado até à exaustão, não deixa lugar a dúvidas. Porque acredito no poder da palavra honrada, tenho a certeza que livros como este pesarão sobre o futuro.
Tocaram-me dois casos que Leonor Figueiredo apurou.
Um foi o da médica Maria Fernanda Matos Sá Pereira Ramalho, em serviço na Maternidade de Luanda, raptada e barbaramente assassinada por ter descoberto uma sinistra trapaça do partido que havia de ser poder no termo da guerra civil. É que, em 1975, em plena barafunda do PREC, a minha querida amiga Rita Rolão Preto Vieira de Brito procurou-me, numa angústia, por ter sabido que essa médica, sua afilhada, tinha desaparecido.
O outro caso relatado é o de Helder Neto, antigo preso político no Tarrafal que alguém que eu julgava amigo me enviou, na década de 60, com o pedido de o ajudar a saír de Portugal. Assim fiz, com a ajuda de uma jornalista estrangeira. Pode quem me lê imaginar o que senti quando, em 1975, soube que Helder Neto era um dos principais torcionários da nova pide de Angola. Por este livro soube que acabou abatido a tiro.
Este livro é um serviço prestado à verdade e a Portugal.
Fonte: email enviado

2 comentários:

  1. O livro também fala dos pretos selvagens que não tinham alma porque não conheciam o deus da santa madre igreja católica apostólica romana?!
    E das conversões forçadas, também fala?
    E da apropriação de terrenos por parte da igreja ao abrigo de uma vergonhosa concordata, também fala??
    Vou já comprar então.

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  2. O que está descrito no livro da escritora Leonor Figueiredo não será certamente culpa dos Angolanos nem do MPLA, mas não se deve escamoterar a veracidade da história e indicar a dedo o nome dos pretensos defensores da liberdade, oficiais portugueses que permitiram e deixaram ao abandono compatriotas seus nas prisões clandestinas. Era o processo revolucionário, no momento muitos se arviraram em comandantes e praticaram desmandos sem o prévio conhecimento das suas cupulas politicas dirigentes. O caso do Herder Neto é conhecido, você o diz (ajudou a sair de Portugal), ele tinha que manter e subir na estima de Agostinho Neto e para isso fez de tudo até versos de louvor ao seu Deus.
    Ainda há muito para contar, talvez um dia se saiba toda a verdade

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