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quarta-feira, abril 30, 2008

Á procura de católicos afastados

“O compromisso missionário de toda a comunidade. Ela sai ao encontro dos afastados, interessa-se por sua situação, a fim de reencantá-los com a Igreja e convidá-los a retornarem para ela” (DA n. 226 d).
Os 450 padres reunidos no 12º Encontro Nacional de Presbíteros em Itaici, Indaiatuba, SP, voltaram às suas paróquias convencidos de que terão de sair da sacristia se quiserem manter o rebanho e conquistar novos fiéis. Para serem discípulos e missionários de Jesus, sacerdotes e leigos terão de bater de porta em porta, a exemplo dos evangélicos, num esforço permanente, como aconselha o Documento de Aparecida, aprovado pelos bispos latino-americanos em maio do ano passado. “Foi-se o tempo e que bastava tocar o sino para atrair as pessoas”, observou dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo de Santarém, (PA).
Essa advertência reforça a pregação de dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, do Vaticano, entusiasta e incentivador da Missão Continental, uma das principais conclusões da Conferência de Aparecida. “Temos de correr atrás dos católicos que abandonam a prática religiosa, porque nós os batizamos e somos responsáveis pela sua fé”, declarou em Itaici (1).
Nosso Senhor Jesus Cristo pergunta: “Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E a chamado-a, alegre a coloca sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!’ (Lc 15, 4-6)”.
Temos que obedecer a ordem de Cristo. Vamos buscar os afastados da Igreja e pregar o Santo Evangelho de salvação para toda criatura (Mc 16, 15).
Afirma São Paulo Apóstolo: “Anunciar o evangelho não é título de glória para mim; é, antes, uma necessidade que se me impões. AI DE MIM, SE EU NÃO ANUNCIAR O EVENGELHO” (1 Cor 9, 16).
O ínclito fundador da família paulina, o Bem-aventurado Padre Tiago Alberione, dizia ser preciso ir ao encontro das pessoas, já que elas se afastaram da igreja. É preciso escancarar portas e janelas e permitir uma interação entre as pessoas “de dentro” e as “de fora”. Conectada com essa visão a Igreja tem condições de chegar com sua mensagem nos corações das pessoas e terá um resultado maravilhoso.

A Igreja precisa de se mexer

O Concílio Vaticano II, no decreto Ad Gentes, ensina: “Cada discípulo de Cristo tem sua parte na tarefa de propagar a fé” (n.23).
Cada católico tem que ter consciência da sua responsabilidade de buscar a “ovelha perdida” e anunciar a Boa Nova de Cristo que tem poder de libertar toda criatura da cultura de morte.
O ser humano só pode ter vida e vida com abundância no projecto do reino de Deus.
Só no fundamento da doutrina de Jesus de Nazaré, a pessoa pode e deve encontrar paz, justiça e salvação.

“No fiel cumprimento de sua vocação batismal, o discípulo deve levar em consideração os desafios que o mundo de hoje apresenta à Igreja de Jesus, entre outros: o êxodo de fieis para seitas e outros grupos religiosos; as correntes culturais contrárias a Cristo e à Igreja” (DA n.185).
A Santa Madre Igreja enfrentou e vai enfrentar sempre os grandes desafios contrários o seu projeto de paz e justiça e de vida eterna. Nada pode deter a sua missão em prol da dignidade da pessoa humana. Temos a promessa de Jesus Cristo: “As portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Não podemos ter medo dos desafios e dos inimigos de Cristo e da sua Igreja.
“A fome não só destruiu a fé no Czar como também a fé em Deus”, disse com mentira, deboche e cinismo o comunista ditador soviético ateu Vladimir Lenin (1870-1924). Ele utilizou a fome como meio “didático” de transformar a sociedade a extirpar qualquer fé religiosa.
Ora, sabemos a derrota do comunismo e a morte da sua ideologia ufanista contra fé cristã.
No século XXI, temos o confronto da dissimulada Nova Era. A sua tarefa é destronar radicalmente do mundo “a fé cristã”, “a graça de Cristo, o sangue do Cordeiro Imaculado” e o “amor ao único Deus verdadeiro”.
O escritor ateu e autor do best-seller “A Bússola de Ouro”, Philip Pullman disse “Estou tentando minar as bases da fé cristã”, se referindo ao conteúdo herético de sua obra. Diante dos desafios atrevidos e provocativos, temos que confrontá-los com mais ousadia e audácia como pede o Documento de Aparecida: “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e “audácia” sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (n. 11).
“A Igreja na América Latina precisa se mexer. A Igreja está chamada a continuar com esse estado de missão permanente de que fala Aparecida, e esta missão de ser energicamente posta em andamento, para reverter à erosão que a Igreja Latino-Americana está sofrendo, declarou Dom Antônio Arregui Yarza, arcebispo de Guayaquil e presidente da Comissão Episcopal de Comunicação de Conferência Episcopal Equatoriana, em um diálogo com a Organização Católica Latino-Americana e do Caribe de Comunicação (OCLACC)” (2).

CONHECER A FÉ

Num mundo em que vivemos com tanto conhecimento técnico e científico, da era pós-moderna e globalizada, mais do que nunca, precisamos urgente e profundamente conhecer a nossa fé.
Como é actual a exortação do apóstolo São Pedro: “Crescei na garça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pd 3, 18).
Atentemos para o pensamento abissal, salutar e bem oportuno do Cardeal e Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer: “O que realmente importa é que cada católico, cada batizado, seja um católico consciente, convicto, procure conhecer bem a própria fé e o significado da pertença à Igreja” (3).
No que trata de conhecer bem a própria fé, o Documento de Aparecida responde: “Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino no ambiente da vida social, e econômica, política e cultural”(n. 212).
No tocante ao significado da pertença à Igreja, o mesmo Documento diz: “os fiéis leigos são “os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Realizam, segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo”. São homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja” (DA n. 209).

CONCLUSÃO

“Cada vez mais o mundo é hostil a santa doutrina de Cristo. O príncipe das trevas, o deus deste mundo obscureceu a inteligência, a fim de que não vejam brilhar a luz do evangelho da glória de Cristo, que á a imagem de Deus”. (2 Cor 4,4).
Todavia, não há derrotismo, não há fracasso para mensagem libertadora de Cristo. Cremos que o evangelho é à força de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1,16).
Temos ciência dos grandes desafios levantados pelos inimigos de Cristo e sua Igreja, como: o avalanche das seitas, cultura de morte, projeto de demolição da moral cristã, morte da consciência evangélica e a negação do amor ao verdadeiro Deus Criador.
Os desafios existem para serem vencidos. Como são gloriosos os confrontos, tendo em vista a verdade e a salvação das almas.
Para o verdadeiro católico, ciente da sua responsabilidade, diante da Santíssima Trindade e da Igreja, nada pode lhe coibir de buscar seus irmãos afastados, feridos e excluídos ao rebanho do Bom Pastor.
Pe. Inácio Jose do Vale - Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo

2 comentários:

  1. A Igreja está cada vez mais dividida e esta reflexão de um autor, que valeu outrora para os protestantes, vale agora para os Católicos, também:

    A tradição ocidental era, na Idade Média, uma tradição de forma especificamente religiosa, representada pelo Catolicismo; é então no domínio religioso que temos que ver a revolta contra o espírito tradicional, revolta que, quando tomou uma forma definida, se chamou Protestantismo... que não é outra coisa senão o individualismo considerado na sua aplicação à religião. O que faz o Protestantismo é apenas uma negação, essa negação dos princípios...e pode-se ver nisso um dos exemplos mais surpreendentes do estado de anarquia e de dissolução que é a sua consequência.
    Recusa de admitir uma autoridade superior ao indivíduo, assim como uma faculdade de conhecimento supra-racional. Foi, efectivamente, o que aconteceu: à autoridade da organização qualificada para interpretar legitimamente a tradição religiosa do ocidente, o Protestantismo pretendeu substituir o que chamou de "livre exame", ou seja, a interpretação deixada ao arbítrio de cada um, mesmo dos ignorantes e dos incompetentes... era a porta aberta a todas as discussões, a todas as divergências, a todos os desvios; e o resultado foi o que devia ser: a dispersão numa multidão sempre crescente de seitas, das quais cada uma representa apenas a opinião particular de alguns indivíduos. Como era, nessas condições, impossível de se entender em relação à doutrina, esta passou para segundo plano e foi o aspecto secundário, a moral, que tomou o primeiro lugar; daí essa degenerescência em "moralismo" que é tão sensível ao Protestantismo. Produziu-se aí um fenómeno: a dissolução doutrinal, a desaparição dos elementos intelectuais da religião, arrastava consigo essa consequência inevitável; devia cair-se no "sentimentalismo" e é nos paízes anglo-saxónicos que se poderiam encontrar os exemplos mais surpreendentes. Já não é religião, mesmo diminuída e deformada, é simplesmente "religiosidade", ou seja, vagas aspirações sentimentais... a que correspondem teorias como a da experiência religiosa de William James...que se incorpora no "pragmatismo".... Por outro lado, a moral protestante, eliminando cada vez mais toda a base doutrinal, acaba por degenerar no que se chama a "moral laica" que conta entre os seus partidários os representantes de todas as variedades do "Protestantismo liberal", assim como os adversários declarados de toda a ideia religiosa; no fundo, num e noutros são as mesmas tendências que predominam..
    Com efeito, sendo a religião propriamente uma forma da Tradição, o espírito anti-tradicional só pode ser anti-religioso; começa por desnaturar a religião e, quando pode, acaba por suprimi-la inteiramente. O Protestantismo é ilógico,...no sentido em que, apesar de tudo, deixa ainda subsistir, em teoria, um elemento supra-humano, que é a revelação...mas, entregando essa revelação a todas as discussões que são a consequência de interpretações puramente humanas, redu-la efectivamente, a não ser coisa nenhuma; e quando se vê pessoas que, persistindo em se afirmarem "cristãos", já não admitem sequer a divindade de Cristo, é prmitido pensar que esses, sem se darem talvez por isso, estão muito mais perto da negação completa do verdadeiro Cristianismo....
    É a introdução do "livre exame" que se opõe absolutamente...à defesa da doutrina tradicional contida nos Livros sagrados..., visto que permite todas as fantasias individuais; a conservação da doutrina supõe, um ensino tradicional organizado, pelo qual se mantém a interpretação ortodoxa e, de facto, este ensinamento no mundo ocidental identificava-se com o Catolicismo.»

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