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quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Os sacerdotes mais jovens precisam de uma experiência sacerdotal fraterna / vida comunitária...

Na visita "ad limina" dos Bispos Franceses:
Os sacerdotes, sobretudo os mais jovens, sentem a necessidade de uma experiência sacerdotal fraterna, até mesmo de uma vida comunitária, para se manterem e atenuar as dificuldades que alguns podem sentir face à inevitável solidão ligada ao ministério; mesmo se, por vezes de modo paradoxal, vivem o seu ministério de maneira demasiado individual.
Animo-os a desenvolver o seu desejo de vida fraterna e de mútua colaboração, que não pode deixar de fortalecer a comunhão no seio do presbitério diocesano, em redor do Bispo.
Compete-vos, com os membros do vosso conselho episcopal, tomar em consideração este desejo, propondo aos sacerdotes inserções ministeriais nas quais eles possam, se for possível, estabelecer vínculos fortes com os colegas.
Convido-vos, também a vós, a estar sempre mais perto dos vossos sacerdotes, que são os vossos primeiros colaboradores. É, antes de mais, com eles que deveis desenvolver incessantemente uma relação pastoral e fraterna forte, assinalada por uma confiança recíproca e pela proximidade afectuosa. Seria bom que, com intervalos regulares, como já alguns fazem, pudésseis visitar os sacerdotes, verificando desta forma as suas condições de vida e de ministério, e manifestando a vossa atenção pela realidade quotidiana da sua existência.
De igual modo, animo os sacerdotes, de todas as gerações, a estarem sempre mais próximos uns dos outros, a desenvolver a sua fraternidade sacerdotal e as colaborações pastorais, sem receio das diferenças, nem das sensibilidades específicas, que podem ser benéficas para o dinamismo da Igreja local. Neste espírito, a participação numa associação sacerdotal constitui uma ajuda preciosa.
Quanto mais fortes forem os vínculos de comunhão e de unidade entre o Bispo e os seus sacerdotes, e entre os próprios sacerdotes, tanto maior será a coesão diocesana, e tanto mais forte será o sentido da missão comum e os jovens poderão sentir mais o desejo de fazer parte do presbitério.
A vida fraterna dos ministros da Igreja é sem dúvida alguma uma forma concreta de propor a fé e de chamar os fiéis a desenvolver relações renovadas, a viver antes de mais no amor que nos é dado pelo Senhor. Pois é desse modo, como diz o Apóstolo, que seremos reconhecidos como discípulos e que poderemos anunciar a Boa Nova do Evangelho.
Mais ainda, nesta semana de oração pela unidade dos cristãos, como deixar de nos sentirmos responsáveis pela unidade no seio do próprio presbitério, como exortava Santo Inácio de Antioquia: «O vosso presbitério, digno da sua reputação, digno de Deus, deve estar ligado ao Bispo como as cordas da cítara; desta forma, na sintonia dos vossos sentimentos e na harmonia da vossa caridade, cantareis Jesus Cristo [...]. Por conseguinte, é útil que estejais numa unidade perfeita, para serdes sempre partícipes de Deus» (Carta aos Efésios, IV, 1-2).

5 comentários:

  1. Parece-me que o problema coloca-se a um nível mais geral: toda a gente tem necessidade de calor humano, algo cada vez mais difícil de encontrar numa sociedade anónima e anódina, numa vida apressada e depressiva, num trabalho tantas vezes desgastante e desprovido de sentido. Não, o problema não é só dos padres...

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  2. Se a vida de celibato nunca foi fácil, parece-me que nos dias de hoje é mais dura do que nunca...

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  3. Vivemos numa sociedade em constante degradação de valôpres e a relativização de outros.
    Obrigada por este cantinho, pois aqui encontro paz, motivos de reflexão e ganho capacidade para uma sempre renovada evangelização. Deus põe de facto, ao nosso dispôr os meios.
    Obrigada pela visita. A próxima crónica será sobre uma festa numa missão, e falarei dos missionários e da sua obra... penso que vão gostar...
    Um abraço, Ricky

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  4. Como alguém dizia:" Não é fácil..." eu digo...não é mesmo nada fácil...
    Penso que não se pode querer ter tudo...querem-se padres...mas depois eles que se desenrasquem...faz lembrar a passagem :" como cordeiros levados ao matadouro", " ides como cordeiros para o meio de lobos"...ser lá tantas mais haveria...a preocupação da igreja acerca do celibato não é muito grande ,( e eu defendo a opção e entendo que não é fácil),porque se fosse se calhar já se teria abordado o tema de outra forma...tenha-se a coragem de olhar à volta e que se vejam quantos padres têm optado por outro estilo de vida,por causa de uma lei...ou então que se vejam os que fazem vida dupla ( não sejamos inocentes mas a verdade é sempre dura)ou então aqueles que tinham a canónica em casa ( e esta tinha de ser velha e feia)...
    Agora muito a sério...quando no seminário a experiência sacerdotal fraterna/ vida comunitária é um zero à esquerda, pergunto como obrigar os padres novos que já vêm marcados com este estilo de vida que continuem assim...
    Ah... olhem as árvores de fruto...se não forem enxertadas...elas continuam a dar fruto, mas provem o fruto de uma que foi enxertada na altura propria e vejam a diferença...
    Já ´há algum tempo ouvia dizer em relação ao celibato que isso era poder dos mais velhos e eles diziam:" eu aguentei..eles que aguentem..." xiiii...sabe Deus como...
    Ou como alguém dizia:" a mulher é uma obra prima de Deus, mas como alguns não percebem nada de arte continuam a querer viver sem elas..."este assunto é muito vasto para aqui ser dito tudo...

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  5. Há ainda uma outra questão que costuma abalar os jovens padres: a solidão que advém do exercício do ministério da autoridade. Estar à frente de uma comunidade, ser líder, implica ter a responsabilidade última das coisas, tomar decisões difíceis e nem sempre compreendidas, ficar sozinho quando as coisas correm mal ou surge a contestação.
    Isto é algo de normal para quem já tem certa experiência; mas para quem inicia a sua caminhada sacerdotal, o choque costuma ser grande e doloroso. Ainda por cima, porque, enquanto se está no seminário, sem responsabilidades de maior, é fácil alinhar com o resto da sociedade, no pôr em causa a autoridade, no cair no criticismo, no contestar qualquer decisão que vá contra os nossos interesses.
    Depois, uma pessoa passa para o outro lado da barricada, e então é que são elas...

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