- Que o amor carnal (eros) não pode ser separado do amor espiritual (agape), ainda que o eros necessite de "disciplina" e "purificação".
- Que a Igreja "não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado", "mas também não pode nem deve ficar à margem da luta pela justiça".
- Que a "caridade cristã deve ser independente de partidos e de ideologias", porque é precisamente daí que advém a sua força diante das dificuldades causadas pela "globalização da economia", "a doutrina social da Igreja tornou-se uma indicação fundamental", que pode chegar "muito além das fronteiras eclesiais".
Não admira que a esquerda tenha acolhido a encíclica com entusiasmo. Retirem-lhe as citações bíblicas e muitos dos seus parágrafos poderiam ter sido lidos em voz alta no Fórum de Porto Alegre. Bento XVI cita Santo Agostinho "Um Estado que não se regesse segundo a justiça reduzir-se-ia a um bando de ladrões." Mas ao velho marxismo, que o Vaticano ajudou a enterrar, o novo Papa contrapõe um modelo liberal: "Não precisamos de um Estado que regule e domine tudo, mas de um Estado que generosamente reconheça e apoie as iniciativas que nascem das diversas forças sociais".
Com o mundo num impasse político, entalado entre fundamentalismos vários e um modelo capitalista que agrada a poucos, Bento XVI pressentiu uma janela de oportunidade. Em vez de se ocupar a impor regras morais aos homens, preferiu realçar a necessidade de fazer o bem. Deus Caritas Est é a terceira via do Vaticano uma viragem à esquerda de matriz liberal, com a qual o Papa tenta conquistar um mundo insatisfeito e carente de orientações.
FONTE: João Miguel Tavares in DN (03.02.06)
Ainda bem que vira à esquerda.
ResponderEliminarTirando essa obssessão pelo ateísmo, o comunismo identifica-se mais com o espírito cristão do que o capitalismo.
E se formos rever as teorias marxistas, talvez cheguemos á conclusão que, no tempo de hoje, já não é a religião que é "o ópio do povo", mas que há outros "ópios" mais perversos e mortíferos....