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segunda-feira, outubro 10, 2005

SINODO DOS BISPOS: Temas em debate.

Concluída a primeira das três semanas do Sínodo dos Bispos, fica claro que as intervenções dos padres sinodais cumprem o plano indicado pelo instrumento de trabalho, dedicado à Eucaristia. Num primeiro balanço “cabem sete temas”, segundo Isidro Catela, encarregado do “briefing” informativo aos jornalistas de língua espanhola.
Em declarações à agência Zenit, Isidro Catela adverte que estes temas não esgotam o Sínodo, mas foram os mais mencionados pelos padres sinodais na primeira semana. Estes e não outros porque se está a seguir o “Instrumentum laboris”, ou seja, o texto-base divulgado alguns meses antes da reunião de bispos de todo o mundo no Vaticano.
  • Assim, o tema que mais interesse suscitou na primeira semana foi o da “dimensão sacrificial da Eucaristia “, tema também abordado pelo Papa Bento XVI na sua intervenção livre na passada quinta-feira. “Sacrifício” e “banquete “ foram duas palavras utilizadas com frequência pelos padres sinodais, que, a propósito, falaram “das experiências de martírio contemporâneo, não só de pessoas conhecidas mas também do sofrimento quotidiano de tanta gente”.
  • O segundo tema foi o das “finalidades da Eucaristia “, a sua dimensão vertical — encontro com Deus — e a sua dimensão horizontal — comunitária — num mundo com fome material e espiritual. Encaixa-se aqui a questão da Eucaristia e implicações na vida quotidiana, de que se fala no número 73 do “Instrumentum laboris”. Nele faz-se referência à coerência de políticos e legisladores crentes, assim como o compromisso de todo o cristão na vida pública.
  • O terceiro tema está relacionado com questões normativas e de abusos, com algumas referências ao Concílio Vaticano II e também ao Concílio de Trento no que concerne à presença real da Eucaristia.
  • A “ars celebrandi” ou arte da celebração é o quarto tema que Isidro Catela destaca ao resumir a primeira semana do Sínodo dos Bispos. Neste âmbito discutiu-se, por exemplo, a oportunidade de receber a comunhão na mão ou na boca, o lugar central que o sacrário deve ter numa igreja ou a necessidade da adoração e do silêncio.
  • O quinto tema é o do diálogo ecuménico e a inter-comunhão, isto é, a possibilidade de dar a comunhão sacramental a cristãos não católicos. Este assunto “despertou um grande interesse, e variado, nas intervenções livres “ dos padres sinodais, segundo Catela. Este comentador indicou que também esteve em discussão o contexto da secularização e indiferença religiosa, assim como as liturgias sem a presença de sacerdotes e o celibato dos padres católicos. “Há a convicção de que urge promover o celibato na Igreja latina”, diz Catela.
  • O sexto tema diz respeito à relação da Eucaristia com os demais sacramentos, pois a Eucaristia é o “sacramento dos sacramentos”. Os padres sinodais, conta Catela, querem que se insista particularmente na relação Eucaristia e Penitência e que se faça uma “catequese integral”, capaz de vincular os diferentes sacramentos entre si. Um bispo pediu que se convoque um Ano da Penitência; outros, que se prolongue o Ano Eucarístico e que se relacione com a Família.
  • O sétimo e último tema é o da “reconciliação que deve levar à paz”. Os padres sinodais insistiram na necessidade de que a Igreja seja instrumento de reconciliação e que a Eucaristia sirva como experiência. Através de alguns bispos de países africanos foi possível saber que a Eucaristia é o único ponto de encontro entre etnias, mesmo entre aquelas que frequentemente se envolvem em confronto. Vários padres sinodais pediram que se faça uma menção, na mensagem final, a Jerusalém e à Terra Santa, pelo seu vínculo com a Eucaristia e com a ânsia de paz.

Um dos momentos grandes do Sínodo aconteceu quando Bento XVI decidiu tomar a palavra, numa das sessões de intervenções livres, para falar sobre a dimensão sacrificial da Eucaristia. A intervenção foi classificada como “uma intervenção estupenda, de grande teólogo”, mas não foi publicada pela Santa Sé. O Papa decidiu, por outro lado, aceitar a sugestão dos padres sinodais e propor uma hora de adoração eucarística na Basílica de São Pedro. O acto será presidido pelo próprio Bento XVI, na segunda-feira 17 de outubro, das 17h00 às 18h00.

Fonte: Eclesia

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