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quinta-feira, agosto 16, 2007

Religião ou negócio?

No Brasil, a Constituição garante liberdade de religião. Ainda bem. Os estados totalitários costumam proibir completamente instituições e práticas religiosas. Os estados teocráticos oprimem todas as outras religiões, excepto a oficial.

No Brasil, além da liberdade de culto, ficou estabelecido a separação entre a Igreja e o Estado. A história do Brasil passa distante de conflitos religiosos nos quais os interesses do Estado e da Igreja oficial se confundem, resultando em perseguições e mortes, tal como acontece actualmente em muitos países islâmicos.

O totalitarismo de esquerda, apoiando-se na tese de Marx, segundo a qual “a religião é o ópio do povo”, proibiu – como ainda acontece na Coréia do Norte e em Cuba – quaisquer manifestações religiosas, perseguindo e reprimindo com violência os recalcitrantes. O culto a Deus deu lugar ao culto ao Estado e os santos foram substituídos pelos heróis da pátria e líderes políticos. Por isso, a defesa intransigente da liberdade religiosa antes de tudo representa a defesa da própria democracia.

Isto não significa que as instituições religiosas devam permanecer isentas de críticas quando extrapolam o seu papel religioso e assumem contornos políticos, económicos ou criminosos. É o que ocorre no Brasil com um grupo significativo de denominações religiosas, a maioria delas seitas evangélicas pentecostais, que se aproveitam da fé, da carência emocional e da ingenuidade das pessoas e passam a determinadas práticas, digamos, pouco cristãs.

Ancorados numa leitura talvez um tanto apressada de Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564), iniciadores do protestantismo, a partir da década de 1970 as seitas pentecostais cresceram e multiplicaram-se a velocidade espantosa, arrebanhando milhões de pessoas que não encontrava na religião católica a satisfação para as suas carências físicas, materiais e espirituais.

Em Martinho Lutero e na sua defesa da “livre interpretação de Bíblia” encontraram guarida para a multiplicação de seitas e denominações.

Em João Calvino e na sua tese de que “a riqueza material de cada indivíduo é a prova da benevolência de Deus”, encontraram a justificação para a entronização do que hoje é chamada de “teologia da prosperidade”, sobre a qual se assenta a maioria das pregações dos pastores pentecostais.

O facto é que denominações religiosas como a Igreja Universal, Igreja Renascer em Cristo, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, para além de instituições religiosas, transformaram-se, rapidamente, em potências empresariais que em nada ficam a dever a muitas empresas de diversos ramos da produção, comércio e serviços.

Os seus líderes religiosos – Edir Macedo, Estevam e Sonia Hernandes, RR Soares e Mario de Oliveira – demonstram um senso incomum para fazer crescer e multiplicar os seus negócios, principalmente no campo dos mídia e da impressa, e não se preocupam em esconder os evidentes sinais de riqueza pessoal.

A fonte primária de toda esta riqueza está, sem dúvida, nos cultos promovidos por estas seitas, nos quais não faltam muita emoção, falsos milagres e, sobretudo, farta arrecadação dos recursos destinados à “obra do Senhor”.

No Brasil, em nome da separação entre a Igreja e o Estado, as instituições religiosas estão isentas de pagamento de impostos. Talvez esteja aí a razão mais forte para o tão rápido crescimento destas instituições e o motivo para que cometam tantos desvios das suas funções originais. Escondendo-se sob o manto protector e insuspeito da religião, desenvolvem uma série de actividades lucrativas, algumas legais e muitas ilegais. E ainda livres da carga representada pelos impostos. É muitíssimo mais fácil abrir uma Igreja do que uma empresa qualquer. Mas tocar neste vespeiro é perigoso e contraproducente. Por quê?

Se milhões de pessoas que se autodenominam “crentes” por diversas razões deixam-se manipular nas suas crenças, carências e até na sua ganância, por espertalhões movidos pelos piores propósitos, o problema é delas. Se estes charlatões fogem da finalidade original a que se propuseram estas organizações, e passam a cometer ilegalidades e crimes no campo económico, político e pessoal, isto passa a ser um problema de toda a sociedade. E, por isto, devem ser exemplarmente punidos. Sem dó nem piedade.

http;//blogdofasoares.blogspot.com/

3 comentários:

  1. Quantas religiões são permitidas no Estado do Vaticano?
    No Estado do Vaticano há uma religião oficial ou o Estado do Vaticano é oficialmente Laico?
    No Estado do Vaticano há eleições livres com sufragio universal, ou o Chefe do Estado do Vaticano é eleito por um colégio eleitoral como nos Estados totalitários?

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  2. Durante seculos a igreja de roma mandou e desmandou no mundo, roubou, saqueou, matou, torturou e com isso conquistou fortunas incalculaveis, propriedades magnificas(inclusive o estado do vaticano, que foi barganhado pelo apoio ao duce e ao facismo)tudo em nome de Deus.Graças a Deus isso não acontece mais, graças ao pioneirismo de Lutero, Calvino e varios outros martires.
    Publique se tiver coragem.

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  3. Pelo que eu entendi você só criticou os evangélicos? e a igreja católica??????

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