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sexta-feira, agosto 10, 2007

O padre deve usar o hábito eclesiástico?

Ao longo dos últimos anos tem-se assistido a um número crescente de jovens sacerdotes que recomeçaram a usar o hábito eclesiástico. É uma constatação, e não uma opinião.
A normativa da Igreja, sobre este tema, é bastante clara.
No Código de Direito Canónico, o can. 284 afirma: "Os clérigos usem trajo eclesiástico conveniente, segundo as normas estabelecidas pela Conferência Episcopal, e segundo os legítimos costumes dos lugares".
Recorrendo à Conferência Episcopal portuguesa, pode ler-se num decreto de 18 de Dezembro de 1984: "Em conformidade com o can. 284, a Conferência Episcopal Portuguesa determina:
1.Usem os sacerdotes um trajo digno e simples de acordo com a sua missão.
2. Esse trajo deve identificá-los sempre como sacerdotes, permanentemente disponíveis para o serviço do povo de Deus.
3.Esta identificação far-se-á, normalmente, pelo uso: a) da batina; b) ou do fato preto ou de cor discreta com cabeção. As razões desta legislação podem ser encontradas, entre outros sítios, no Directório para a Vida e Ministério dos Presbíteros:
"Numa sociedade secularizada e de tendência materialista, onde também os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a desaparecer, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero — homem de Deus, dispensador dos seus mistérios — seja reconhecível pela comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor dum ministério público.(211) O presbítero deve ser reconhecido antes de tudo pelo seu comportamento, mas também pelo vestir de maneira a ser imediatamente perceptível por cada fiel, melhor ainda por cada homem, (212) a sua identidade e pertença a Deus e à Igreja. Por este motivo,o clérigo deve trazer um hábito eclesiástico decoroso, segundo as normas emanadas pela Conferência Episcopal e segundo os legítimos costumes locais. Isto significa que tal hábito, quando não é o talar, deve ser diverso da maneira de vestir dos leigos e conforme à dignidade e a sacralidade do ministério. O feitio e a cor devem ser estabelecidos pela Conferência dos Bispos, sempre de harmonia com as disposições do direito universal. Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as praxes contrárias não se podem considerar legítimas e devem ser removidas pela autoridade eclesiástica competente. Salvas excepções completamente excepcionais, o não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja.»
O que acham do uso da tradicional batina em vez do clergyman, ou mesmo se os padres devem usar trajes distintos?
No entanto deixo aqui uma pequena observação - o facto de serem os padres mais novos a sentiram a necessidade de usar a farda, tem um significado que merece ser aprofundado. ( Resulta da necessidade de afirmação e busca de estatuto (??) , de uma certa noção carreirista (??), duma visão do sacerdócio bastante rígida e prosica (??)ou, em grande em parte de uma certa insegurança interior... Não é por acaso que os padres mais velhos ( e mais sólidos) não se refugiam, nem ostentam, a batina ou o cabeção... Não precisam.
Fonte: Forum Paróquias

12 comentários:

  1. A vestimenta e o presbitério
    São questões pertinentes que o artigo propõe.
    O artigo articula entre padres jovens com roupa clerical e padre não jovens sem a vestimenta clerical.
    Ao termino do artigo o autor acrescenta algumas indagações de teor, a meu ver ambíguo e sugestivo, sobre a maturidade do jovem presbitero.
    A meu ver o uso da roupa eclerical, é salutar para identificação do ministro ordenado frente sua comunidade, até aí tranquilo.
    Porem, há que se trazer à baila da argumentação o fato de se dizer que os padres que não usam roupa eclerial, os mais velhos são de fato seguros.
    Ao meu ver, isso tende mais ao demonio do meio dia do que segurança vocaional, sem generalizar, pois ha santos homens por aí.
    Enfim, coloco o tema para debate.
    Padre jovens inseguros?
    OU
    Padres não jovens com acidia?

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  2. Caso para dizer que, em vez de padres inquietos, estamos em presença de padres acomodados.
    Então este maniqueísmo que filiar a segurança dos padres mais idosos no facto de não usarem hábito eclesiástico tem muito que se lhe diga acerca do estado em que se encontra algum clero e que nos entristece a nós, pobres leigos.
    Para já, importa dizer que há muitos sacerdotes idosos que usam hábito eclesiástico.
    Não há, pois, aqui qualquer fractura etária. Que muitos sacerdotes jovens comecem a usar só é motivo para louvar a Deus.
    Depois, como é que o senhor padre quer que os seus paroquianos sigam as suas orientações se o senhor, pelos vistos, não quer seguir a orientação da Igreja que, aliás, transcreve?
    Quanto ao testemunho era bom que, de facto, reflectisse. Quantos sacerdotes de hábito eclesiástico estão em tarefas não eclesiais? Estes dedicam-se inteiramente ao ministério. Muitos dos outros, sim, estão a ocupar lugares que poderiam ser ocupados por leigos casados que, deste modo, estão no desemprego.
    Quem dá testemunho de desprendimento, afinal?
    Pergunte ao povo de Deus. Como é que ele quer que os padres andem trajados?
    Não seja injusto, pois. Se não quer seguir a lei da Igreja, não condene quem o faz.
    Paz e bem.

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  3. Ai estes povorellos desprendidos!!!

    Mas vamos ao post:
    É um facto que os clérigos mais novos retornaram uso do cabeção, mas será que foi em todo o país? Não terá sido só em algumas dioceses. Eu ando um pouco por todo o continente (excepto évora, beja e algarve) e tenho reparado que é nas dioceses do litoral e maiores que os jovens clérigos usam cabeção ou uma veste distintiva. No interior não se vê,apesar de ser sempre conotado com o conservadorismo.
    Será que a razão de tal acontecer não é da formação e dos formadores dos seminários maiores destas dioceses?
    Ou será uma simples questão de afirmação por parte dos neo clérigos?

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  4. Boa noite! pergunto ao autor, que se deve um padre "seguro" e não um "canalha" inseguro qualquer se também não celebra com alva, estola e casula?
    Valha-nos Deus santa ignorância...
    Não será que os ditos padres novos inseguros o são por vocação, pois todos poderiam prosseguir uma carreia académica humanamente mais vantajosa?
    Isto cheira-me a frustração de quem foi para o Seminário em criança e não teve coragem de sair, assumindo a sua falta de vocação, pois teve medo de ir cavar hortas e pastar vacas.
    deixem os novos trabalhar e testemunhar Jesus Cristo, para ver se ainda é possível salvar alguma coisa do que os senhores destruirem.
    Se não que ser "padre" reforme-se e vá trabalhar para outra coisa.
    Como alguém diria: deixe trabalhar quem quer e não chateie.
    Um padre novo que não tem vergonha de usar cabeção e batina...

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  5. Sou um padre novo e uso cabeção regularmente.
    Numa sociedade que privilegia o visual e os símbolos não devemos descurar a importância dos símbolos cristãos. Ser padre não é uma simples profissão, é toda a nossa vida e não devemos ter vergonha de mostrar o que somos. Num mundo secularizado, acabamos por ser sinal da presença de Deus entre o homens.

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  6. Boa tarde,
    sou plenamente a favor dos hábitos.
    Aliás nem percebo muito bem a razão de um sacerdote ou consagrado optarem por não vestirem o hábito. Para além de um sinal de pertença, é uma defesa... Incomoda-me estar com alguém consagrado a Deus que não tem um sinal que expressa essa condição, esse amor...

    já me aconteceu estar a falar com um rapaz que achei muito bonito e simpático... resolvi lançar charme... acabei por descobrir que era um jovem padre que não estava identificado.
    Fiquei bastante envergonhada.
    Há coisas que se podiam evitar...

    A Paz de Cristo.

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  7. Pelo que eu sei, os sacerdotes, filhos de Aarão, usavam durante os sacrifícios um vestuário próprio e purificavam-se (lavavam-se) cerimonialmente.
    Pelo que depreendo dos textos bíblicos, tanto Jesus com os seus seguidores (os Apóstolos e outros discípulos) vestiam-se como as pessoas dos seu tempo e sem extravagâncias.
    Os sacerdotes do paganismo, esses sim usavam uma vestimenta especial.

    --------------------------------------------------------------------------------
    Agora permitam-me que me debruce sobre o título «Hábito eclesiástico».

    Afinal qual é o significado da palavra eclesiástico ?!
    Eu sei que se refere à classe clerical. Mas será que o clero é a igreja (pois eclesiástico vem de eclesia que significa «igreja»).
    Desta forma, quando se fala de batina, cabeção, coroa etc., isso não tem NADA com o «hábito eclesiástico», mas com o «hábito do clero». Afinal usam-se palavras apenas para estabelecer confusão. Mas tudo isso tem um significado. Porquê ?!

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  8. Pessoalmente acho que o essencial é vestirem-se de uma forma simples, discreta, que os faça passar despercebidos para poderem ajudar aqueles que mais precisam.

    Fui chefe de escuteiros e sempre disse aos miúdos que não é farda que faz o escuteiro. A boa acção deve ser feita sempre e a qualquer altura.

    Claro que uma farda cria mais imponência, presença mas a parte disso não creio que acrescente nada de essencial.

    O povo gosta destas coisas porque gosta de pão e circo. Gosta de ver os sinais exteriores de riqueza e de poder para ter um pouquinho de inveja e em especial em Portugal para se puder dizer mal. Porque acham que se compra tanta revista cor de rosa em Portugal?

    O próprio Cristo apelava a simplicidade dos discipulos:

    Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado;

    Acho que por exemplo calças, camisa e um pullover é simples e normal.

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  9. O inquerito-sondagem feito em Espanha denota que quanto mais novos mais tradicionalistas são os padres.
    Em Portugal não deve ser diferente.
    Eu não vejo qualquer mal nisso. A santa liberdade deve ser a norma!

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  10. Permitia-me chamar a atenção para a parte final do Directório, transcrito no posto: «O não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja».
    Fala a autoridade máxima da Igreja.
    E, já agora, quem é mais tradicionalista? Quem se identifica inteiramente com aquilo em que acredita? Ou quem não é capaz de sair dos seus preconceitos?
    Perguntem a nós, leigos, quem são os padres com quem nos identificamos mais?
    Não julguem, senhores padres? Oiçam-nos mais, por favor.

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  11. Não acredito que os padres que usam vestes eclesiásticas o façam por insegurança. De todo. Acredito que o façam por se orgulharem da opção que tomaram. Também não me surpreende que esta escolha seja feita pelos sacerdotes mais novos já que hoje em dia só segue este caminho quem sente, de verdade, o chamamento.
    Em Portugal caiu em desuso qualquer sinal susceptível de identificar o Padre mas lá fora não. Em Espanha, na Itália, na República Checa, na Polónia… é habitual os padres aparecerem de cabeção.
    Se me pedem uma opinião sobre o assunto, responderei que a forma como os padres se apresentam nem me aquece nem arrefece. Interessa-me, sim, a maneira com que exercem o ministério.

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  12. . . .
    Caros Irmãos e Amigos

    Subscrevo globalmente, quase inteiramente, o que disseram os comentadores seguintes:

    - 1.º Anónimo, 80%;
    "A vestimenta e o presbitério
    são questões pertinentes que o artigo propõe"...
    > Destaque:
    "A meu ver o uso da roupa eclerical, é salutar para identificação do ministro ordenado frente sua comunidade, até aí tranquilo"...

    - 2.º Anónimo, 95%;
    "Caso para dizer que, em vez de padres inquietos, estamos em presença de padres acomodados"...
    > Destaque:
    "Então este maniqueísmo que filiar a segurança dos padres mais idosos no facto de não usarem hábito eclesiástico tem muito que se lhe diga acerca do estado em que se encontra algum clero e que nos entristece a nós, pobres leigos.
    Para já, importa dizer que há muitos sacerdotes idosos que usam hábito eclesiástico...
    Quantos sacerdotes de hábito eclesiástico estão em tarefas não eclesiais? Estes dedicam-se inteiramente ao ministério. Muitos dos outros, sim, estão a ocupar lugares que poderiam ser ocupados por leigos casados que, deste modo, estão no desemprego"...

    - 3.º Anónimo, 99%;
    "Boa noite! pergunto ao autor, que se deve um padre "seguro" e não um "canalha" inseguro qualquer se também não celebra com alva, estola e casula?"...
    > Destaque:
    " Isto cheira-me a frustração de quem foi para o Seminário em criança e não teve coragem de sair, assumindo a sua falta de vocação, pois teve medo de ir cavar hortas e pastar vacas.
    deixem os novos trabalhar e testemunhar Jesus Cristo, para ver se ainda é possível salvar alguma coisa do que os senhores destruirem.
    Se não que ser "padre" reforme-se e vá trabalhar para outra coisa"...

    - Francisco, 90%;
    "Sou um padre novo e uso cabeção regularmente"...
    > Destaque:
    "Ser padre não é uma simples profissão, é toda a nossa vida e não devemos ter vergonha de mostrar o que somos. Num mundo secularizado, acabamos por ser sinal da presença de Deus"...

    - 4.º Anónimo/a, 90%;
    "Boa tarde, sou plenamente a favor dos hábitos"...
    > Destaqe:
    "Aliás nem percebo muito bem a razão de um sacerdote ou consagrado optarem por não vestirem o hábito. Para além de um sinal de pertença, é uma defesa... Incomoda-me estar com alguém consagrado a Deus que não tem um sinal que expressa essa condição, esse amor"...

    - 5.º Anónimo, 95%;
    " Permitia-me chamar a atenção para a parte final do Directório, transcrito no posto: «O não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja» "...
    > Destaque:
    "E, já agora, quem é mais tradicionalista? Quem se identifica inteiramente com aquilo em que acredita? Ou quem não é capaz de sair dos seus preconceitos?"...

    # Senhores Padres, por favor / por amor de Deus, dignem-se cumprir, ao menos minimamente, o que se encontra legislado e em vigor no Código de Direito Canónico, e não só a respeito do 'hábito eclesiástico' e demais símbolos identificativos do vosso Ministério sacerdotal, sem quaisquer complexos, a todo o custo...
    Todos, ou quase todos, temos a ganhar com isso, tanto o clero como o leigo, sobretudo a nível católico.
    O mesmo, a grosso modo, digo em relação aos Religiosos consagrados.

    Tema este para "memória futura", digo eu...

    Cordiais saudações eclesiais.
    José Mariano
    .

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