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terça-feira, novembro 01, 2005

Pensar na morte ... para celebrar a vida

Hoje ao ver tanta gente numa correria desenfreada de Cemitério em Cemitério perguntei a mim mesmo: será que estas pessoas já descobriram que hoje não é o Dia dos fiéis defuntos mas dia de Todos os Santos?
A festa dos fiéis defuntos mobiliza, geralmente, muito mais gente do que a festa de todos os santos...
A morte diz respeito a mais gente do que a santidade, porque a morte atinge toda a gente - quer queira quer não - ao passo que a santidade atinge apenas aqueles que querem...
Por isso, nestes dias:
  • anda-se mais pelos cemitérios do que pelas igrejas;
  • pensa-se mais na morte do que nos mortos, do que na "vida" dos fiéis defuntos;
  • pensa-se mais dos que partiram e já não se podem converter à santidade do que nos que ficaram que ainda se podem e devem converter;
  • fala-se e celebra-se mais a vida dos mortos para este mundo do que a morte dos vivos no outro mundo.
Hoje, ao contrário do que muitos pensam (ou vivem), celebramos a festa de todos aqueles que já receberam como prémio e herança o reino de Deus; aqueles que, vestidos de branco, se encontram na presença do trono de Deus e do Cordeiro; aqueles que já contemplam a Deus face a face, tal como Ele é!
Os santos são aqueles que seguiram e imitaram a Cristo na sua comunhão e obediência a Deus e na sua dedicação e serviço aos irmãos; são aqueles que colaboraram com Cristo na construção do Reino, seguindo e vivendo as Bem-aventuranças; são aqueles que experimentaram e contemplaram a grandeza do amor de Deus e se esforçaram por lhe corresponder no quotidiano das suas vidas; são aqueles que também se identificaram com Cristo no mistério da sua paixão (“lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro”), ou seja, sofreram pelo nome de Cristo e pela verdade do seu Evangelho.

A santidade não é um projecto de vida apenas proposto a alguns eleitos e privilegiados, mas sim uma vocação comum a todos os baptizados.
O cristão, na medida em que o procura ser de verdade, é um seguidor fiel de Jesus:
  • alguém que abraça o Evangelho como programa de toda a sua vida;
  • alguém que vive e alimenta a sua comunhão com Deus na oração frequente;
  • que vive e fortalece a sua comunhão com Jesus na celebração dos sacramentos da Eucaristia e do Perdão;
  • que O vê e o ama, todos os dias, em cada irmão.

Este é o caminho da santidade, o caminho que todos os cristãos devem percorrer, pois é o único que conduz o homem até à plenitude da vida de Deus.
Os santos são oriundos de todos os povos e de todos os lugares da terra. E podemos acrescentar que há santos em todos os tempos da história. Também o nosso tempo é tempo de santos. Apesar da santidade não estar na moda e de muitos a considerarem como algo reservado a uns poucos, são, no entanto, muitos, em toda a parte, aqueles que aspiram à perfeição, tomando a sério as palavras de Jesus: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste”.
As numerosas beatificações e canonizações realizadas pelo papa João Paulo II, entre as quais estão muitos nossos contemporâneos e conhecidos (Madre Teresa, o papa João XXIII, PASTORINHOS DE FÁTIMA ...) confirmam isso mesmo.
A maior parte dos santos não foram nem serão declarados como tal pela Igreja. São precisamente esses que celebramos neste dia. Para os santos não é minimamente relevante o reconhecimento da sua santidade pela Igreja. O importante para eles e o que os torna verdadeiramente felizes é estarem na presença de Deus e viverem eternamente no seu amor.
Mas entre estes santos há muitos nossos conhecidos. De facto, alguns viveram connosco e, pelo que fizeram por nós, são-nos particularmente queridos. A esses podemos evocá-los pelo seu nome e temos a certeza de que zelam todos os dias por nós.

Viver na presença de Deus, vê-lo tal como Ele é, viver eternamente no seu coração, eis a meta da existência humana! Esta é a meta que dá sentido ao nosso presente, e que, no presente da vida, nos impele rumo ao futuro. E se tantos já lá chegaram, nada nos poderá impedir de chegarmos lá também!

7 comentários:

  1. O culto ancestral dos mortos continua patente nos nossos costumes e a Igreja sempre o fomentou, ao instituir um dia de fiéis defuntos, pelo que será muito difícil retirá-lo das práticas religiosas.
    É evidente que uma grande maioria dos crentes vive muito a sua fé no que é concreto, terreno e físico, ao contrário da vivência espiritual.
    No meu entendimento, acho absurdo e até ridículo, aquelas romarias, para muitos, semanalmente ao cemitério, a lavar campas e a pôr enfeites, como se o corpo físico ali estivesse em toda a sua plenitude. Entretanto, descuram a parte espiritual, aquela que é imortal e, porisso, continua viva - a Alma.
    Mas quando refiro estas razões, seja a quem for, pelas quais não vou ao cemitério, mas inversamente, preocupo-me em rezar pela Alma, saltam-me logo em cima e sou eu que não tenho sentimentos.
    Quanto ao dia de Todos os Santos, compreende-se que, sendo feriado, se aproveite para romar ao cemitério...
    A Igreja é que não devia ter instituído um dia de fiéis defuntos, muito menos a seguir ao feriado de Todos os Santos. Cada um de nós, lembraria os seus mortos, no dia da sua morte, dia da passagem para a vida eterna.
    Agora, aguentem.

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  2. Gosto de andar em cemitérios. Gosto das pedras escuras, das estátuas de anjos tristes, dos caminhos de erva mal tratada. A lembrra-nos que nada na vida fica acabado e pronto. lembro-me dos fiéis defuntos, e dos que, fieis aos defuntos, para lá rumam, neste dia ou noutro qualquer, a combater a distância e o esquecimento com coisas tão frágeis como flores amarelas e um balde de água limpa. Como se por eles alguém dissesse que vale a pena combater mesmo quando a vitória é impossivel. Como se por eles alguém cantasse baixinho a canção eterna das coisas: toda a pedra é um anjo à espera de o ser inteiramente. Gosto dos cemitérios e das tradições e dos cultos pagãos que são a percepção intuitiva e irresistível da presença do Deus vivo.

    Pecebo que haja quem ache absurdo, ou até ridículo. Quem me veja (eu nhão levo baldes de água nem flores amarelas) e pense "olha outro que descura a parte espiritual, a alma. Olha outro que só vê as pedras mortas". E sim, tenho dificuldade em rezar.

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  3. Caros Amigos

    Antes de os Santos do Céu terem sido Defuntos (isto é, extintos apenas corporalmente, neste mundo de provações, neste vale de lágrimas), já eram relativamente Santos, ou seja, já eram Justos falecidos em estado de Graça Divina, em relativa, que não forçosamente perfeita, comunhão com Deus.
    Todavia, desgraçadamente, nem todos os Defuntos são Santos (isto é, nem todos alcançaram a Salvação eterna, a Glória celeste), por sua livre e exclusiva culpa, nem se encontram tão pouco a caminho do Céu, ao contrário do que acontece, felizmente, com as benditas Almas do Purgatório, que consta serem a grande maioria dos que conseguem salvar-se (o que só Deus sabe), e não forçosamente a maioria dos que já faleceram...

    Por isso mesmo, e ainda bem, a Igreja sabiamente instituiu, há muitos séculos, o Dia de Todos-os-Santos, ou seja, o dia de todos quelas Almas que já lograram encontrar-se na íntima presença de Deus (face-a-face, tal como Ele é, em Glória, Poder e Majestade), mesmo sendo ilustres desconhecidos, ou até mesmo aparentemente 'pecadores e criminosos', pois o Juízo de Deus é, felizmente, muito diferente do juízo dos homens, embora normalmente sujeito a estes, através dos Seus legítimos representantes...

    Assim como, por outro lado, a Igreja instituiu o Dia dos Fiéis Defuntos, ou seja, de todas aquelas pessoas que, já tendo falecido, ainda se encontram a caminho do Céu, em pleno Purgatório, dado que ninguém pode ascender ao Céu sem estar completamente purificado; isto é, as Almas têm de penar/expurgar-se pelos pecados que fizeram em vida (caso não se tenhm expurgado suficientemente neste mundo terreno), e em relação ao seu estado de mais ou menos Graça na altura da passagem para a Eternidade...

    Deste modo, temos a estrita obrigação de rezar e sofrer também pelas Almas do Purgatório, assim como por todos os pecadores ainda vivos.
    Na medida em que rezarmos por todas essas Almas, assim teremos, directa ou indirectamente, quem reze e se sacrifique por nós, inclusivamente as próprias Almas do Purgatório, na exacta medida em que elas, já nada podendo fazer por si mesmas, muito podem fazer, no entanto, junto de Deus, pela infinita Misericórdia Divina, através das nossas orações e sofrimentos, mediante o grande poder de intercessão que todas elas já têm, como Almas pré-eleitas ou predestinadas...

    Novembro é o mês, por excelência, das Almas do Purgatório, especialmente dedicado a elas, pois a Igreja instituiu 'Indulgências plenárias e/ou parciais', para todos aqueles

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  4. Caros Amigos

    Antes de os Santos do Céu terem sido Defuntos (isto é, extintos apenas corporalmente, neste mundo de provações, neste vale de lágrimas), já eram relativamente Santos, ou seja, já eram Justos falecidos em estado de Graça Divina, em relativa, que não forçosamente perfeita, comunhão com Deus.
    Todavia, desgraçadamente, nem todos os Defuntos são Santos (isto é, nem todos alcançaram a Salvação eterna, a Glória celeste), por sua livre e exclusiva culpa, nem se encontram tão pouco a caminho do Céu, ao contrário do que acontece, felizmente, com as benditas Almas do Purgatório, que consta serem a grande maioria dos que conseguem salvar-se (o que só Deus sabe), e não forçosamente a maioria dos que já faleceram...

    Por isso mesmo, e ainda bem, a Igreja sabiamente instituiu, há muitos séculos, o Dia de Todos-os-Santos, ou seja, o dia de todos quelas Almas que já lograram encontrar-se na íntima presença de Deus (face-a-face, tal como Ele é, em Glória, Poder e Majestade), mesmo sendo ilustres desconhecidos, ou até mesmo aparentemente 'pecadores e criminosos', pois o Juízo de Deus é, felizmente, muito diferente do juízo dos homens, embora normalmente sujeito a estes, através dos Seus legítimos representantes...

    Assim como, por outro lado, a Igreja instituiu o Dia dos Fiéis Defuntos, ou seja, de todas aquelas pessoas que, já tendo falecido, ainda se encontram a caminho do Céu, em pleno Purgatório, dado que ninguém pode ascender ao Céu sem estar completamente purificado; isto é, as Almas têm de penar/expurgar-se pelos pecados que fizeram em vida (caso não se tenhm expurgado suficientemente neste mundo terreno), e em relação ao seu estado de mais ou menos Graça na altura da passagem para a Eternidade...

    Deste modo, temos a estrita obrigação de rezar e sofrer também pelas Almas do Purgatório, assim como por todos os pecadores ainda vivos.
    Na medida em que rezarmos por todas essas Almas, assim teremos, directa ou indirectamente, quem reze e se sacrifique por nós, inclusivamente as próprias Almas do Purgatório, na exacta medida em que elas, já nada podendo fazer por si mesmas, muito podem fazer, no entanto, junto de Deus, pela infinita Misericórdia Divina, através das nossas orações e sofrimentos, mediante o grande poder de intercessão que todas elas já têm, como Almas pré-eleitas ou predestinadas...

    Novembro é o mês, por excelência, das Almas do Purgatório, especialmente dedicado a elas, pois a Igreja instituiu 'Indulgências plenárias e/ou parciais', para todos aqueles que rezarem e se sacrificarem pelas Almas, segundo o estipulado em tal género de indulgências, ou seja, de indultos especiais, que revertem sobretudo em nosso próprio favor, ou seja, podemos livrar-nos definitivamente das mesmas penas do Purgatório, para além de encurtarmos o tempo de sofrimento/expiação das Almas que lá ainda se encontram, como penúltima etapa rumo ao Paraíso.

    + Almas Santas do Purgatório, rogai por nós.

    J. Mariano

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  5. Viva Goldmundo!
    Agora passei a ser anónima.
    Depois de o ler, pensei melhor e, de facto, o que me entristece, não é o facto de se ir ao cemitério, mas é constatar essa fractura que se encontra, no mais das vezes, entre o material e o espiritual, porque importa tão somente cuidar da campa e a Alma nem é lembrada.
    Se calhar, por não ter falecidos muito íntimos, não dou o devido apreço à saudade e à perda (relativa) dos que já não estão fisicamente entre nós.
    Mas, de vez em quando, também vou ao cemitério, por pessoas conhecidas, apenas pôr velas e orar. E mais, sempre que passo por um cemitério, rezo intimamente por todas as Almas...

    Mariano
    Essa coisa das Indulgências já não tinha acabado?
    Pensei que esse conceito de se fazer o bem, para angariar passaportes e bilhetes que nos façam entrar facilmente no Reino dos Céus, tivesse sido eliminado no tempo da Contra-Reforma.

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