Powered By Blogger

segunda-feira, novembro 07, 2005

CONGRESSO INTERNACIONAL PARA A NOVA EVANGELIZAÇÃO: Evangelização: uma tarefa global

Muitas vezes falamos de evangelização ou missão, indistintamente, sem nos darmos verdadeiramente conta da tarefa global que tais realidades implicam para a vida da Igreja. Digamos claramente que a ‘evangelização’ , tendo muitos sujeitos dessa acção, diz respeito a um conjunto imenso de destinatários… afinal, toda a humanidade é objecto da evangelização da Igreja. Mas nem todos se encontram na mesma situação nem todos necessitam do mesmo tipo de acção evangelizadora.
Creio que é possível distinguir 3 grandes grupos destinatários da evangelização:
  1. os que já têm uma fé suficientemente amadurecida e algum compromisso de vida cristã. Estes necessitam de um contínuo aprofundamento da fé, necessitam de uma evangelização constante no sentido de uma formação permanente;
  2. os que foram baptizados em pequenos e, depois de alguma breve catequese (às vezes nem isso), se afastaram tanto duma prática dominical como do hábito de referir as mais diversas vivências aos valores evangélicos (pelo menos de forma consciente); este são os que habitualmente designamos como objecto da ‘nova evangelização’;
  3. por último, devemos considerar todos aqueles que não são baptizados e, com maior ou menor intensidade, se têm mantido à margem do fenómeno cristão, grande parte deles nem sequer conhecendo Jesus Cristo e o seu evangelho – são os que consideramos destinatários da ‘missão ad gentes’.

No âmbito do ICNE, creio ser fácil depreender que a Igreja se sente mobilizada para oferecer sinais, testemunhos, palavras aos dois últimos grupos mencionados. De facto, nas metrópoles das velhas cristandades, a maioria das pessoas são os baptizados que não foram suficientemente evangelizados, notando-se ainda, cada vez mais, um grupo significativo de não-cristãos (muçulmanos ou de outras religiões, ateus, agnósticos…). Ora, entre ‘nova evangelização’ e ‘missão ad gentes’ há realmente grandes semelhanças.

Destaco aqui 4 caraterísticas básicas dessas tarefas e que têm bastante em comum:

  1. referência ao ‘negativo’ – ao falar de ‘negativo’ referimo-nos ao facto de serem pessoas não evangelizadas ou não baptizadas. Não se fazem aqui quaisquer juízos de valor acerca do valor e da santidade de tais pessoas… («muitos dos últimos serão dos primeiros», disse Jesus…); mas, claro, se se trata de não-evangelizados, isso significa que há que dar a conhecer Jesus e o seu evangelho!;
  2. anúncio explícito - esta caraterística vem no seguimento da anterior: há que dar a conhecer Jesus e o evangelho. O testemunho de vida dos cristãos empenhados é muito importante, pode até ser objecto de elogios… mas não chega. O objectivo desta tarefa não pode estar centrado na figura do evangelizador… mas sim na relação que deverá estabelecer-se entre o que recebe e Boa Nova e a pessoa de Jesus!;
  3. necessidade de êxodo – na missão e na nova evangelização, justamente porque nos dirigimos a pessoas que habitualmente não estão connosco, exige-se um ‘ir’, um ‘partir’, um ‘êxodo’… pode ser que tenhamos de atravessar apenas a rua onde vivemos e, a 10 metros, tenhamos o nosso’próximo’, mas também pode acontecer que tenhamos de caminhar mais de 10.000 quilómetros para o encontrar em África ou na Ásia… O que não podemos é ficar apenas onde estamos, porque tais irmãos nossos não tomam a iniciativa de vir ter connosco!
  4. entrada na Igreja/comunidade – o objectivo de todo o processo evangelizador é a entrada na Igreja pelo baptismo ou numa efectiva vivência comunitária (para ao destinatários da nova evangelização).Neste sentido, é muito importante que a tarefa evangelizadora integre desde logo a oferta de estruturas mínimas e atraentes de enquadramento comunitário àqueles que sendo tocados pelo evangelho se decidam a encetar uma nova vida em Igreja. Os Movimentos eclesiais, tão diversos nas suas metodologias e espiritualidades terão aqui, sem dúvida, um papel importante e insubstituível.
Fr.José Nunes in ecclesia

7 comentários:

  1. Dos "três grandes grupos destinatários da evangelização", aquele que, a meu ver, está mais precisado de uma "Nova Evangelização" é, sem dúvida, o primeiro grupo, do qual, uma grande maioria, frequenta a Igreja e os Sacramentos, reza a todos os Santos, vai a Fátima, etc., mas nunca meditou nas passagens dos Evangelhos.
    Para muitos, sobretudo nos meios pequenos, a Igreja apenas funciona como mais uma comunidade de pessoas, que criaram hábitos de convivência, colmatando a falta de melhores atractivos. E olhe que isto não é ficção, é pura realidade.
    Partindo duma Nova Evangelização deste grupo, e dando exemplo como bons cristãos, então se poderá, com mais facilidade, estender a evangelização aos outros.
    Neste sentido, dou toda a razão ao Padre Mário que constantemente diz que a Igreja precisa de evangeliar os fieis.

    ResponderEliminar
  2. Caro anónimo:

    Pelo menos em parte discordo do teu discurso ou comentário. E sei do falo. É que é ainda nestes grupos de pessoas que recebem os Sacramentos e rezam que se vê a solidariedade para com os que conhecem e desconhecem.
    Já viu o meu amigo que grande parte dos intelectuais passa à margem da ajuda ao semelhante, querendo uma vida regalada enquanto os pobres que se arranjem!
    Já viu que as classes quanto mais favorecidas mais benesses querem?
    Ainda são as classes pobres e menos instruidas que mostram mais compaixão e amor pelos indigentes.
    Claro que há excepções. Mas julgo que só confirmam a regra.
    A Nova Evangelização tem de levar as pessoas a porem, nas suas vidas, em primeiro lugar a Deus e depois o seu próximo mais carente.
    Desculpa o meu desabafo, mas o rezar a todos os santos, decerto os liga mais ao espiritual e a Deus. Afinal, os santos vêem ou não a Deus?
    Ler e meditar o Evangelho só não chega, é preciso vivê-lo.

    ResponderEliminar
  3. Ver para crer

    Penso que há aqui um quiproquo entre o que eu digo e a interpretação que faz.
    Mas tudo bem; o que diz faz todo o sentido, embora quando me referi ao primeiro grupo não fiz essa associação entre pobres e ricos e intelectuais, mas tão só daqueles que vivem a fé duma forma mais ritualizada, descurando e ignorando, por vezes, a Mensagem dos Evangelhos (eu me incluo - Deus me perdoe e me ajude...).
    Tal como diz, "a Nova Evangelização tem de levar as pessoas a porem, nas suas vidas, em primeiro lugar a Deus e depois o seu próximo mais carente". Porisso mesmo, precisamos de uma reciclagem para melhor pormos em prática aquilo que colhemos da meditão evangélica.
    Estou inteiramente de acordo consigo quando diz que "ainda são as classes pobres as que mais compaixão e amor têm...". É verdade e muitas vezes o tenho dito e sentido.
    E eu também sou pobre, apesar de que podia viver melhor se tivesse mais ambição... Mas o que tenho basta-me.

    ResponderEliminar
  4. Caríssimos Irmãos
    Essa do "eu também sou pobre" (desculpa lá caro Anónimo), até deu-me vontade de rir, na medida em que tenho um primo, por exemplo, que, apesar de ter uma casa que nem um palácio, mais uma ou duas casas para gozar férias na praia e no campo, dois ou três carros topo de gama, mesmo assim vai dizendo "modestamente", em surdina, às pessoas em geral, incuindo eu próprio, que... "sou/somos pobrezinho(s)", talvez por contraponto/contraste/complexo relativo do facto de eu (no que me toca), ao pé dele, ser mesmo 'paupérrimo', nem mais...

    Mas vamos um pouco ao tema em questão neste poste, ou seja, concretamente ao estranho comentário do prezado Anónimo (apesar de já parcialmente contestado, e muito bem, pelo estimado 'Ver para Crer'):
    Como já foi dito, boas e más pessoas há em todos os escalões, quer da sociedade laica quer da religiosa, quer dos católicos quer dos protestantes, quer nos católicos muito activos quer nos pouco ou nada praticantes.
    Mas uma coisa é certa:
    O 'padre' Mário da Lixa, por exemplo - espero que o que disse dele o Anónimo seja apenas uma mera piada irónica, sem qualquer seriedade/convicção, até porque "de boas intenções (e não só) está o Inferno cheio" - não é, com certeza e lamentavelmente, um bom exemplo para ninguém, antes pelo contrário; que Deus tenha misericórdia dele e de todos aqueles que alinham nas suas heréticas e excêntricas ideias (ainda que ingenuamente), assim como em relação a todos nós...
    Concluindo e resumindo:
    Na minha modesta opinião, creio que a maioria (dois terços, pelo menos) dos que frequentam e praticam bastante o Catolicismo (de Confissão mensal, Missa e Comunhão semanal, com uma piedosa/normal devoção mariana e aos santos em geral, pelo menos), são, felizmente, católicos bastante exemplares, graças a Deus -, deixemo-nos de exageros ou de julgamentos temerários, menos sérios, injustos ou despeitáveis (a tal respeito, no mínimo), até porque não somos ninguém para julgá-los como eventuais hipócritas, interesseiros ou pietistas, etc./etc...
    Quanto a uma minoria deles (um terço, no máximo, dos aparentemente fervorosos), se são farisaicos, supersticiosos ou falsos cristãos (talvez sim, talvez não, oxalá que não), Deus lá está para julgá-los, assim como os demais, a começar por nós mesmos.
    Assim sendo, dêmos nós sempre o bom exemplo, tanto quanto possível, quer sejamos muito, pouco ou nada cristãos/religiosos, e o resto virá por acréscimo.
    Na certeza do seguinte: A chamada Nova Evangelização é para todos, e especialmente para os mais necessitados (sobretudo espiritualmente), quer sejam católicos convictos (mas não bastante praticantes/fervorosos), quer sejam apenas cristãos pelo Baptismo, ou, até mesmo, sendo simples agnósticos ou ateus, mais ou menos 'pagãos' (no sentido do egocentrismo e hedonismo, por exemplo)...
    Atenciosamente,
    JM

    ResponderEliminar
  5. Caro mariano
    Não sei em que é que os meus comentários possam gerar tanta polémica. Dei a minha opinião no que concerne a "prioridades" sobre a Nova Evangelização, que deve ser para todos, começando nos cristãos mais assíduos, que devem dar o exemplo (para melhor se poder estender a Mensagem Evangélica aos outros), pois tenho observado haver uma grande maioria deles que nem sequer conhecem os Evangelhos e vivem a sua fé de uma forma paganizada e
    assim reitero o que disse anteriormente e, também, o que disse acerca do Padre Mário (que não é nenhuma piada irónica) que, não obstante ter muitos pontos de vista com os quais eu não concordo, no entanto, concordo plenamente com ele quando diz que a Igreja se deve preocupar mais em Evangelizar os fiéis e, já agora, acrescento ainda, que os nossos irmãos Protestantes, apesar de, também terem interpretações que eu não aceito, (e com eles me tenho debatido incessantemente a defender a Igreja e os Padres) são, contudo, mais "coerentes" com as Verdades Evangélicas e muitos me têm convidado a sair da Igreja, aos quais respondo sempre que é na Igreja Católica que me sinto bem e não pretendo abandonar a Casa do Pai, mesmo com todos os erros que lá se possam cometer, que não é virando as costas, mas permanecendo dentro e ajudando a limpar e a aperfeiçoar o que está mal.
    Pois, quanto a ser pobre, a mim não me dá vontade de rir nem deixa de dar e não me parece que tenha de ser julgada pela mesma bitola da sua família e olhe, de qualquer maneira, nem vou comentar o assunto, pois quem não faz juízos de valor aqui sou eu...

    ResponderEliminar
  6. Cara Anónima
    E pronto, mais uma pessoa 'melindrada' comigo, ou melhor, com um mero comentário meu, que é apenas uma o

    ResponderEliminar
  7. E pronto, lá se foi (pela água abaixo) um pertinente e importante comentário-réplica do tamanho de uma página A4 (aprox.), mas de momento não me é possível repeti-lo/reproduzi-lo, o que lamento deveras.
    Talvez isso fique para uma altura mais oportuna, se necessário.
    Desculpa lá, cara Anónima, pois nele, além do mais, apresentava-te desculpas pelo mal-entendido...
    Respeitosos cumprimentos.
    JL

    ResponderEliminar