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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

"Regicidio" ainda significa o assassinato de um rei?

Dom Carlos I, nasceu em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da princesa Maria Pia de Sabóia, tendo subido ao trono em 1889.
Foi cognominado O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), O Martirizado e O Mártir (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).
Se regicidio significa assassinato. Não há como fugir ao tema... a República nasceu manhada de sangue. E isso devia-nos fazer reflectir. Como é que os autores de um crime podem ser proclamados "martires"?!!!
Apesar das criticas e das manipulações jornalisticas e politicas da época e de alguns historiadores, o Rei Dom Carlos desempenhou um papela activo na vida intelectual do país. O seu amor pela arte levou Rafael Bordalo Pinheiro a dizer: "num país onde o Rei desenha melhor do que os artistas deviam estes ocupar o trono". Deixou-nos 173 desenhos.
O seu talento- aliado à paixão pelo mar - permitiu transformar os seus diários de bordo em preciosos manuscritos de Oceonagrafia.
O rei tem alto apreço pelas actividades aoa ar livre. Gosta de caçar, de nadar, de remar e a sua gordura nunca o impediu de praticar desporto. A pior ironia é que o Rei era um airador exímio.
É pena que em Portugal, não se conheça mais e melhor a nossa história. Este acontecimento é propicio para conhecermos melhor o nosso passado. Quando recusamos o passado, não poderemos enfrentar dignamente o presente e o futuro.

2 comentários:

  1. A Guerra dos Trinta Anos, uma das guerras religiosas mais prolongadas e devastadoras da Europa (1618/1648), quando os príncipes tinham o direito de impor as suas crenças aos habitantes dos seus domínios, custou milhões de mortos. Só a Alemanha perdeu metade da população, reduzida de 16 para 8 milhões de habitantes.

    Foi longo o sofrimento que conduziu à Paz da Vestfália, em 24 de Outubro de 1648, em que pela primeira vez é reconhecida a liberdade religiosa a protestantes e católicos sem que a conversão dos príncipes obrigasse à dos súbditos. Foi sangrenta a conquista da liberdade religiosa pelos luteranos e calvinistas mas o totalitarismo católico foi vencido, as fronteiras foram redefinidas e a secularização avançou. Ninguém se alegra hoje com a carnificina mas todos beneficiamos da liberdade então dolorosamente alcançada.

    A Revolução Francesa pôs termo a um regime de mais de quinhentos anos e extirpou as raízes que eram obra da Igreja católica com mais de mil e duzentos anos. Em 1789 começou uma década em que o Iluminismo destruiu a autoridade do clero e da nobreza, aboliu o absolutismo monárquico e abriu as portas aos modernos Estados democráticos.

    Ninguém exulta com o terror então vivido, com o sangue, a violência, as retaliações e, muito menos, com a decapitação de Luís XVI e de Maria Antonieta, mas aboliram-se o feudalismo, a monarquia, o absolutismo, o poder do clero e da nobreza e começou a Idade Contemporânea que os historiadores datam em 1789. A Revolução produziu as mais profundas transformações políticas, económicas e sociais de sempre, além de ter estado na génese da independência dos países da América Latina.

    O dia 14 de Julho – tomada da Bastilha –, é justamente o dia nacional da França.

    Em 1 de Fevereiro de 1908, a degradação ética, o caos económico e a bancarrota, eram em Portugal o saldo da ditadura de João Franco, em clima de vindicta política – prisões arbitrárias, fecho do Parlamento, encerramento de jornais, julgamentos sumários e anunciadas deportações em massa de adversários políticos, monárquicos e republicanos.

    Instalou-se o terror após a suspensão da Carta Constitucional que o rei assinou com a frieza com que premia o gatilho na caça às perdizes e o entusiasmo com que apoiava a ditadura de João Franco desde 1906.

    Manuel Buíça e Alfredo Costa evitaram o desterro e a morte de numerosos portugueses, pondo fim à ditadura opressora, e abriram o caminho para a implantação da República, desgraçadamente à custa das vidas de D. Carlos, do príncipe herdeiro e deles próprios, sonhando com a República sob os escombros da monarquia que agonizava e a que vibraram um golpe fatal.

    O assassínio é inaceitável, como insuportável era a repressão do ditador João Franco e a cumplicidade real. Por isso se lamentam as trágica mortes reais e a brutalidade exercida contra os regicidas mas, tal como o sacerdote mexicano Marcial Maciel, pedófilo inveterado é vergonhosamente canonizado e vai subir aos altares como santo, Manuel Buíça e Alfredo Costa merecem um lugar no altar da Pátria que amaram e no coração da República por cujos ideais se imolaram.

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  2. Os senhores da 1ª republica foram uns santinhos, por durou tão pouco...

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