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terça-feira, março 24, 2009

Uma experiencia que os jornais ignoram: AIDS no UGANDA - o moralismo funciona!

O texto abaixo foi publicado no blog do Fábio Zanini, da Folha. Por razões óbvias, permiti-me reproduzí-lo inteiramente aqui.

Vejamos uma história de sucesso no continente Africano, só para variar, no combate à Aids em Uganda.
É UM SUCESSO INQUESTIONÁVEL.
Há 15 anos, cerca de 30% da população tinham o vírus; hoje, são 6,5%.
Enquanto outros países perdiam tempo fingindo que nada acontecia, e até negando que HIV cause Aids (como na África do Sul, onde a taxa é de mais de 20%), os ugandenses agiam para conter a doença. Falar sobre o assunto, assumir o problema e discutir candidamente foi o primeiro passo. Mas teve mais.
Uganda trata a Aids de uma maneira que nós nunca faríamos. Uma maneira inusitada, para dizer o mínimo. E assumidamente moralista.

Um exemplo do que acontece por aqui: imagine que é um oficial do governo e precisa de delinear uma estratégia para reduzir a incidência de Aids junto a camionistas. Nos vários países, este é um grupo delicado: estão sempre longe de casa, cruzam fronteiras, são rodeados por prostitutas todo o tempo. São potencialmente um factor de disseminação da doença. E muitos chegam em casa e podem contaminar as suas esposas.
A meu ver, a lógica mandaria que se propagandeasse o uso de camisinhas entre caminionistas. No entanto, veja como é o cartaz do governo de Uganda: “um motorista responsável importa-se com sua família; é fiel a sua mulher”. O foco não é convencê-lo a protege-se quando dormir com prostitutas, mas tentar convencê-lo, antes de tudo, a não ter relações sexuais. Parece ingênuo, mas o governo acha que funciona. E talvez funcione mesmo.
Nos outros países, o ênfase das campanhas contra Aids é no sexo seguro: use camisinha! No Uganda, a promoção dos preservativos é apenas a perna mais fraca de um tripé que conta também com a promoção de abstinência e da fidelidade.
O slogan do governo é ABC:

A é a inicial de abstinência,

B é de “be faithful”, ou seja fiel,

C é para condom, ou camisinha.
Não surpreende, então, que o governo coloque tanta ênfase nas letras A e B.

A abstinência é direcionada para os jovens, principalmente menores de 25 anos, idade média em que eles se casam, incentivando-os a manterem-se virgens até o altar.

O B é dedicado aos casais, pedindo que sejam fiéis.

Só em último caso, se a pessoa não conseguir se abster, vem o C: pelo menos use camisinha.


Percebeu a diferença?

O enfoque tradicional nos vários países, é centrar fogo na camisinha. Em Uganda, camisinha é um último caso, quase o recurso dos pecadores.Hoje conversei com representantes de duas ONGs, esperando ouvir algumas críticas à política do ABC. Nada. Aprovam 100%. Há um consenso nacional em torno do tema. Sobra para organizações estrangeiras descerem o pau, dizendo que é irreal esperar que um jovem de 20 anos se mantenha virgem.

Mas os números estão aí, desafiando o que diz a lógica e a convicção de muitos (como eu).

São um tapa na cara dos cépticos.


Fonte: aqui

3 comentários:

  1. Ou seja, o caso do Uganda contradiz as afirmações do PAPA.
    Bento XVI parece empenhado no negacionismo sistemático da realidade e das evidências científicas:
    a)a SIDA existe,
    b)mata milhões de pessoas por ano
    e
    c)nenhum programa de prevenção pode ser seriamente pensado ou implementado sem incluir a promoção do sexo seguro e o uso de preservativos, sobretudo em regiões do globo onde a SIDA é endémica.

    Por outro lado, esta disparatada oposição ao uso profiláctico do preservativo assenta num falso pressuposto que tem sido alimentado por um certo clima de suspeição e cinismo.

    A ideia é que, se houver acesso ao preservativo, está-se a incentivar a promiscuidade sexual, quando nenhum indicador sério, nem nenhum estudo sistemático evidenciou este nexo de causalidade.

    Ora nenhum organismo de saúde internacional, nenhuma ONG vocacionada para a promoção da saúde ou dos direitos humanos advoga que o uso do preservativo, isoladamente, é a panaceia para resolver as questões da transmissão da SIDA. Nem promovem ou incentivam a promiscuidade sexual ao facultarem o uso de preservativos ou fazerem ensinos sobre sexo seguro.

    Muito pelo contrário.

    Todos os programas da OMS, da UNAIDS, dos MSF e das inúmeras associações (muitas delas católicas) que trabalham no terreno, advogam que as questões comportamentais, a redução do número de parceiros, a educação para a sexualidade são também elementos importantes na prevenção das DSTs em geral e da SIDA em particular.

    O caso do Uganda é um bom exemplo.

    Ec a prova que,nesta abordagem preventiva, a utilização adequada do preservativo não pode ser de forma alguma excluída, visto que é a única forma, comprovadamente eficaz de reduzir o risco de contágio numa relação sexual.

    E sabemos que a principal causa de infecção são as relações heterossexuais não protegidas.

    Particularmente em áfrica, onde tantas mulheres e crianças são vítimas de abuso e violação, onde o casamento precoce de meninas é vulgar, onde as práticas de poligamia estão inculturadas em muitos grupos populacionais, onde o estatuto social das mulheres não lhes permite com eficácia ter uma efectiva autodeterminação sexual, a primeira linha de resposta tem de ser, necessariamente, possibilitar o acesso a relações sexuais protegidas, ou seja, ao preservativo.

    Por tudo isto, o negacionismo do Papa e de correntes mais fundamentalistas da Igreja, é profundamente preocupante.

    O negacionismo pode ser confortável, mas negar sistematicamente a realidade, quando isso implica a destruição de vidas humanas, tudo em nome de dogmatismos estéreis e com frágil fundamentação teológico doutrinária , além de ser profundamente imoral, tem um preço.

    O preço é uma Igreja caricatura do Evangelho, completamente desligada das pessoas e das dificuldades concretas que enfrentam. O preço é uma Igreja obesa e farisaica, mais preocupada com "a Lei" que com o homem, mais preocupada em manter um certo status quo que com a vida dos seres humanos.

    E quando digo vida não me refiro a conceitos abstractos, mas de questões de vida ou morte de pessoas concretas, que vivem, respiram, sonham e amam.

    O caso do Uganda vem demonstrar inegavelmente, maus uma vez, que o preservativo é uma arma eficaz na prevenção da Sida.

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  2. Qualquer paliativo piora a situação vigente.

    A Igreja afirma que a distribuição desregrada de camisinhas estimula a promiscuidade, pois supostamente protege as pessoas.
    Todos ridicularizam a Igreja.
    Pois bem, hoje vemos no mundo (em especial na Europa) um movimento que ratifica oque a Igreja afirma: os jovens de hoje NÃO USAM MAIS CAMISINHA, pois sabem que ninguém mais morre de Aids, pelo avanço no uso dos coquetéis. Estão se infectando e infectando outros.
    Raciocício é o mesmo, resultado é o mesmo!

    Paliativo só piora a situação.

    Para terminar, ninguém é obrigado a seguir a Igreja e os evangelhos.
    Portanto, não entendo porque perturba tantos...

    Não consigo enxergar como um continente, que tem menos de 16% de influência cristã (que dirá católica), pode estar sendo devastado por culpa de uma doutrina que nem os atinge.
    Ou seja, não consigo imaginar um cara, que nem conhece a Igreja (maioria na África), hesitando se usa ou não uma camisinha na hora do ato, devido à posições desta mesma Igreja.
    Não seria o contrário? O mundo que se apresenta hoje para a África, consumista, hedonista e que se volta de novo para lá para explorá-los mais uma vez (ou para dizimá-los de vez) é que está levando tal continente, infelizmente, á uma acelerada autodestruição?

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  3. É fato que a essencia do evengelho prega a santificação sem a qual não podemos ver Deus. E esta santificação implica em consagragarmos o nosso corpo, pois este é o templo vivo do Espírito Santo. Se assim o fizermos estaremos totalmente livres de sermos atingidos pela AIDS e por muitas outras doenças.

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