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quinta-feira, abril 26, 2007

Cristãos em Hollywood

O que os cristãos fazem em Hollywood? Contribuem para melhorar os níveis cinematográficos?

-Fumagalli: Eu diria que antes de perguntar-se se contribuem para melhorar os níveis, deve-se dizer que actualmente os cristãos praticantes e convencidos em primeiro lugar são poucos. Falamos de Hollywood porque os produtos que nascem chegam a todo o mundo. Mas a presença dos cristãos no cinema europeu é ainda mais escassa que em Hollywood.
Logo, como sempre, entre os cristãos estão aqueles mais ou menos capazes, mais ou menos preparados, etc. Mas a questão interessante é, por uma parte, como é que nas últimas décadas houve tão poucos?
E ainda mais interessante, como Bárbara Nicolosi fez, é tentar fazer que pessoas de fé se preparem seriamente, com níveis profissionais muito altos, para poder trabalhar neste ambiente tão competitivo e exigente, para levar uma voz a mais ao diálogo entre as diversas culturas e as diferentes visões do mundo que existem no cinema e na televisão.
Não basta ter boas intenções; é preciso ser excelentes profissionais. Acontece com certa freqüência ler obras para o cinema escritas com as melhores intenções, mas com um nível profissional ainda muito baixo.
Os cristãos, como qualquer outro profissional, devem ter a humildade e a paciência de aprender dos melhores.

- Há muita diferença na indústria do cinema entre os católicos e os cristãos de outras denominações?

- Fumagalli: Um dos aspectos que me impressionou mais é o sentido de espontânea unidade entre os cristãos de diversas denominações e confissões que trabalham na indústria cinematográfica.
Diante dum mundo distante de Deus, ao qual se pretende devolver uma dimensão espiritual e uma esperança ultraterrena, as diferenças de confissão cristã desaparecem naturalmente.

-Por que os Estados Unidos, país «profundamente religioso», nos oferece tantos filmes de sangue e violência?

--Fumagalli: Em parte é uma questão que depende da sua cultura. Trata-se de um país civilizado há poucos séculos, e durante muitas décadas da sua história foi uma espécie de terra de ninguém, na qual a lei do mais forte era com freqüência a que prevalecia.
Não devemos deixar-nos fascinar pela imagem idílica com freqüência transmitida também pelo cinema. Nos anos 60, em alguns Estados da União, ainda se toleravam os linchamentos de negros, por exemplo.
A fé cristã (mas também o cinema, estou certo) foi e será um elemento de educação e de transformação para com uma sociedade menos violenta.
Não se deve esquecer que, enquanto com frequência o cinema europeu é de raiz niilista e atéia, no cinema americano restam ainda -- ao menos nalguns filmes cada ano - de forma significativa, flashes de espiritualidade, e com muita frequência - ao menos desde o ponto de vista humano - as soluções que se dão aos dilemas das personagens estão arraigadas em uma antropologia equilibrada e humanista, que conserva fortes elementos de suas raízes judeu-cristãs.
Penso não só nos filmes de inspiração inclusive indirectamente religiosa, como «O senhor dos anéis» ou «As crônicas de Nárnia», mas também em filmes como «O show de Truman», «Mensagem para você», «Homem de família», «Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo», «Hitch - Conselheiro Amoroso», «Luta pela esperança», «A intérprete» e muito mais.
Para citar um exemplo, que é muito querido: todos os filmes de «Pixar» («Toy Story», «Nemo», «Os incríveis», «Carros», etc) são casos muito interessantes de filmes de enorme êxito e com conteúdos humanos excelentes.

-Por que acusamos Hollywood de ser responsável pelos males cotidianos?

--Fumagalli: Por um lado, porque é verdade que o cinema e as series de televisão, que são os produtos audiovisuais mais difundidos em todo o mundo, têm muita importância para apresentar e difundir modelos de vida; por outro, contudo, não podemos esquecer que é responsabilidade de todos conseguir que este ambiente profissional que tem tão ampla ressonância em todo o mundo seja objecto da oração e também do empenho trabalhista directo, de homens e mulheres que se preocupem pela pessoa e por seu destino eterno.
Assim, não basta culpar Hollywood pelos nossos males: cada um deve se perguntar se pode fazer algo para melhorar a situação.

1 comentário:

  1. Não me façam rir!

    "flashes de espiritualidade...", a que o autor refere determinados filmes, parece-me mais baseada numa espiritualidade de origem pagã e ocultista, uma miscelânea de crenças revivalistas e incorporadas pela New age, "arreigadas em uma antropologia equilibrada e humanista", sendo que os bons somos sempre nós e os maus são os outros, os que não fazem parte da nossa cultura, do nosso povo desenvolvido e culto, rico, materialista, consumista e ateu.

    Eu posso estar errada, mas costumo dizer que Satanás assentou os cascos na América.
    É uma sociedade desiquilibrada e doente, e quanto à violência, estamos todos conversados: os factos estão diariamente à vista.
    Porisso, há uma interacção entre os modelos de filmes mais difundidos e a realidade social, não se sabendo qual influencia qual.
    O certo é que ela é o centro fulcral que, como um polvo, estende os seus tentáculos pelo resto do mundo.

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