- estar ao nível dos países avançados da União Europeia,
- erradicar o aborto clandestino, a nossa grande humilhação,
- insistir no fariseísmo dos que não pensam como nós, apontar de onde vem perigo, a Igreja dominante mesmo se os maiorais parecem não estão de acordo,
- ridicularizar os movimentos pelo “não”, sem os atacar, gritar que se o povo dá maioria nas eleições é para se fazer o que se prometeu.
- E já se desenham hipóteses de acção, se ainda não for desta, e já espreitam clínicas estrangeiras com nomes e preçários…
Agora, mais um passo curioso. Médicos conhecidos pelo nome ou pelo cargo, associam-se a favor do aborto, pedem à sua Ordem que se actualize, dizem que a objecção de consciência, se há uma lei que permite abortar, não tem mais sentido, faz-se a defesa pela negativa, porque, se não se sabe quando começa a vida, não há que ter respeito pelos embriões…
E assim, democraticamente, se vai dando motivo para fracturas e divisões entre pessoas, grupos e partidos. Porém, o que precisamos com urgência não é de um clima de serena reflexão, onde todos possam ter espaço e ocasião para serem esclarecidos com honestidade, dizerem livremente o que pensam e querem, sem que, por isso, sejam rotulados, incomodados ou passados a cidadãos de terceira num país democrático?
E que dizer do despropósito da vinda de deputadas de fora para dar sentenças e formular juízos morais sobre o país, e da intervenção de governantes estrangeiros, camaradas de partido, a ensinar como se defendem as mulheres que querem abortar?
Os nossos problemas somos nós que temos de os solucionar. No pedir ou no acolher tais ajudas, o partido no poder parece não estar convicto de que esta mistura é negativa. Os problemas não se resolvem com imposições de dentro ou de fora e, menos ainda, com o açaimar das pessoas. Não se resolvem com slogans estafados. Perante problemas tão sérios como o da vida nascente, o caminho está em proporcionar a todos os de cá uma intervenção alargada e respeitada. Ouvindo-se com respeito todos podemos enriquecer-nos. Portugal não é um circo. É um país livre com história e cultura próprias.
Mas há que aprender com os países mais avançados, diz-se por aí. Tudo bem. E porque não copiar o que se faz com o acesso à saúde, o ordenado mínimo, a liberdade e gratuidade do ensino, o preço dos combustíveis e da energia, o cativar dos melhores, a fidelidade e a justiça no trabalho, e sei lá quantas coisas mais? Estamos longe dos que vão adiante no que tem a ver com o bem comum possível. Poucos falam disto. Liberalizar o aborto, no fundo é disto mesmo que se trata, dar assentimento a desejos de minorias teimosas, é o que teremos de imitar dos outros?
Que pobreza de horizontes, que falta de realismo sadio, que cegueira acrítica, que mundo vazio de valores, que pobreza cultural e afectiva!
É normal e até salutar que haja opiniões diferentes sobre os problemas. Serve para ajudar a discernir e a valorar. Não pode passar ao lado dos que detêm o poder, pois a eles compete procurar o maior bem de todos e não apenas a considerar alguns que se sentem bem à margem das leis comuns e exigem, só para si, a sua própria lei.
Servir não é calar e dominar os que incomodam. Só a aceitação do valor de cada um e de todos gera convicções fortes. Têm-se dado passos válidos e louváveis. Há que reconhecer. Mas, se não se respeita o fundamental, o país fica entra em derrapagem.
(In Correio do Vouga)
A onda avassaladora da imoralidade, vai engolindo a multidão irreflectida que não vive atenta aos sinais e que só consegue pensar pela cabeça dos outros.
ResponderEliminarComo muito bem dizia Górgias: "Um só discurso, quando redigido com arte, encanta e convence toda uma multidão, mesmo sem respeitar a verdade". E os políticos, donos do mundo, manipuladores de mentes e lavadores de cérebros, marraram bem esta matéria. A democracia torna-se enganadora, porque acabamos por querer só aquilo que eles, ardilosamente, nos impingem que queiramos.
Se não queremos ser engolidos, precisamos de nos distanciar, precisamos de reflectir, objectivamente e com honestidade, o que queremos fazer das nossas vidas e lutar por uma sociedade que se mantenha firme e fiel aos valores morais, que devem nortear todo o ser humano que se deseje aperfeiçoar. Os valores morais são Imtemporais e não se compadecem com as nossas subjectividades e vontades mesquinhas.
A mim me parece que as sociedades ditas desenvolvidas (relativamente ao chamado 3º mundo), no plano moral, estão proporcionalmente na razão inversa.
E Portugal, país de medianos, vai sempre atrás dos outros, mas desgraçadamente, é mais rápido a imitar o mal. Estamos sempre à frente no que é mau e no fim, naquilo que é melhor. Gabamo-nos saloiamente, de sermos um povo de brandos costumes.
E Deus abomina os mornos.