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terça-feira, março 21, 2006

IMPORTAÇÃO DE SACERDOTES

A importação de sacerdotes por parte de alguns bispos europeus para fazer frente à falta de sacerdotes na Europa é hoje uma realidade. Para muitos terá sido uma surpresa saber do facto.
Mas há países, como a Itália, onqe os sacerdotes diocesanos originários de África são mais de 1000!
Estes sacerdotes foram ordenados pelos seus bispos para servirem as comunidades cristãs das suas dioceses. Ficaram incardinados numa diocese local e num presbitério diocesano de que são parte a todos os títulos e onde fazem falta. Mas acabaram ao serviço de outras dioceses.
Uns vieram para estudar e nunca mais regressarm. Outros vieram expressamente à procura de oportunidades para exercerem o sacerdócio na Europa e obterem uma compensação financeira vantajosa para si próprios, as suas dioceses e as suas famílias. Não vieram para anuniar o Evangelho e fundar comunidades onde não as há - seriam missionários nesse caso. Vieram para cuidar pastoralmente de comunidades estabelecidas. Esta situação carece de sentido, sob muitos pontos de vista. Tanto assim que prefeito de uma Congregação Romana sentiu a necessidade de estabelecer regras e principios para regular o estranho fenómeno. Situações semelhantes à italiana existem em Espanha e noutros países da Europa, nos Estados Unidos. Em Portugal também há casos de recurso a sacerdotes oriundos de Angola, de países do Leste, do Brasil para obviar a falta de sacerdotes diocesanos.
Sempre existiu partilha de clero entre bispos e não é essa que está em causa. O que está em causa é recorrer a ela para se resolver um problema de fundo, a falta de sacerdotes em comunidades cristãs há muitos anos estabelecidas.
  • Por um lado, o normal é que a comunidade suscite, escolha e prepare os ministros para a sua vida; neste sentido as comunidades e as Igrejas locais têm de ser responsa-bilizadas neste processo, sob pena de se lhes passar certidão de menoridadade minis-terial.
  • Por outro, o bispo como cabeça da Igreja diocesana ordena sempre e só os sacerdotes para presidirem às suas comunidades; não os ordena para o serviço da Igreja universal ou para o serviço das dioceses de outros bispos! (!!!)

Quem conhece a Igreja na África, por exemplo, sabe que há bispos africanos que nem sempre exercem o ministério da imposição das mãos com responsabilidade. Ordenam sem exercerem o devido discernimento e, sobretudo, ordenam sacerdotes sem se preocu-parem com o problema da sua sobrevivência económica, sem definirem o estatuto económico do clero nas suas dioceses. Isso explica o facto de os sacerdotes procurarem oportunidades para saírem das suas dioceses, fugindo ao serviço das comunidades para que foram ordenados em primeiro lugar.
Sabemos que é delicado falar - e escrever - sobre este problema. Mas não podemos deixar de o fazer, no respeito partes envolvidas e em espírito construtivo que procura soluções. A solução, teológica e eclesialmente adequada, virá naturalmete das Igrejas locais com os seus bispos à cabeça, que se deverão empenhar em caminhos de reforma para que nelas surjam, suscitados pelo Espírito e reconhecidos pela autoridade, os ministros (em número e modelo) de que elas precisam.
O recurso a sacerdotes oriundos de outras dioceses, e de outros continentes, vai aparentemente em sentido contrário... O futuro dirá se esta importação é solução pará os problemas que afligem as comunidades cristãs no Norte, ou se é um recurso que atrasa a solução e mantém as igrejas locais europeias numa (indesejável) dependência e insuficência ministerial.

Pe. Manuel Augusto Ferreira, missionário Comboniano

11 comentários:

  1. Já agora se quiseres partilhar connosco as tuas dúvidas, talvez possas abrir um debate interessante e actual...

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  2. Caros padres-inquietos: siento no saber quién me pregunta. En principio prefiero contestar a alguien concreto, no a un anónimo.
    El análisis que hace el artículo es perfecto. Y el aviso de la Congregación, muy oportuno. Trato mucho con sacerdotes y seminaristas que estgudian en España. Incluso pasan largas temporadas veraniegas o en Pascua en mi casa. Y sé el peligro que corren de "ilusionarse" con el materialismo europeo. Es preciso que tengan una gran vida interior, una clara visión de su sacerdocio. Que aprendan a ser recios y sacerdotes cien por cien. No hacer carrera.
    Pienso que, dicho lo anterior, puede ser bueno que se dsitribuya el clero. Portugal y España son modelos, con los posibles fallos que haya podido haber. Cientos de misioneros que llevaron el Evangelio a tierras de misión. Este es un camino.
    No estoy por la importación -la palabra me sabe mal, como si importáramos mercancías-. Vendrán, si es necesario, sacerdotes llenos de fe, de coraje, con afán de santidad. De lo contrario, no hacen falta. Hacen daño.
    Pienso y es toy convencido que, a tí y a mi, se nos pide oración, mortificación, fe. Este es el camino para solucionar la crisis de vocaciones. No hay otro: rogar insistentemente al dueño de la Mies que envíe operarios a su Mies.
    Conozco seminarios y conventos que ponen estos medios y están llenos.
    El seminario de mi diócesis estaba a punto de cerrarse, nos pusimos a pedir y, de tres, hemos pasado a doce seminaristas en tres años. Y hacemos cada mes un Retiro para jóvenes. Y surgen vocaciones para el Convento.
    ¿Porque somos unos fenómenos? No, ni mucho menos. Él y sólo Él lo hace. Y no se deja vencer en generosidad.
    ¿Importar padre? No, gracias. No son mercancía.
    Cierto estoy de que el problema no es de tan simple resolución, Pero este es el camino. Y otro camino: es que los padres sean generosos y tengan muchos hijos y los eduquen para Dios.
    No sé si te contesté.
    Un fortísimo abrazo.

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  3. O assunto merece reflexão. Mas não conheço com o mínimo de profundidade a acção desses padres. E também a sua fé e zelo de apostolado.
    Embora tenha cá perto um padre brasileiro, ainda não me chegaram elementos suficientes de análise.
    Sei que, por exemplo, Nampula tem padres em número excessivo para lhes dar tarefas e sustento condignos.
    Coimbra tem padres dessa diocese.
    A avaliação correcta da sua acção é que poderá levar-nos a um juízo recto.
    Quem conhece que diga.

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  4. O texto é duro e mete o dedo na ferida. Concordo com a tese principal: o recurso a sacerdotes de outras dioceses é uma panaceia para a escassez de clero, não a cura. E, infelizmente, vai-se adiando a procura de soluções e a tomada de decisões adequadas.
    No entanto, deixo alguns reparos:
    - pensar que o nosso continente, tradicionalmente cristão, não é terra de missão, é andar muito enganado. O D. Carlos Azevedo já o dizia: «são muito católicos mas pouco cristãos». Conheço alguns padres de outros continentes a trabalhar no nosso meio que se sentem escandalizados e frustrados com o tipo de cristianismo que se vive nas nossas comunidades.
    - pensar que os interesses económicos são condenáveis "per se" não me parece correcto. Sabe-se que o fenómeno da emigração se desenvolve sobretudo em torno da busca de condições económicas mais favoráveis. A sobrevivência económica em Africa ou na América Latina não é um problema só dos padres. Por outro lado, conheço padres estrangeiros que vivem entre nós de uma forma muito sóbria e frugal. Tomara que os nossos lhes seguissem o exemplo...
    - pensar que as nossas comunidades não ganham nada em contarem com a ajuda de gente oriunda de outros continentes é muito redutor. O intercâmbio cultural é saudável. Aprende-se a tolerância e o respeito por quem é diferente de nós. Vão-se vencendo xenofobias e racismos. Também há males que vêm por bem...

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  5. De facto é um problema a ser pensado. Posso dizer também que, no meu ponto de vista, julgo que todo o problema se baseia em acreditarmos na mesquinha ideia de que "sem padres nao há nada". E o facto de haverem poucos padres nao nos deve levar ao fatalismo de pensarmos que tem logo de ir outro para lá, mas talvez de vermos isto como uma oportunidade de tornar a igreja viva nao so no coraçao mas também nas maos dos fieis, pela entrega concreta. Agora quanto ao facto de dizer que uns vêm por isto, e outros vêm por aquilo generalizando-os como um bando de intresseiros, nao concordo. Isso é um risco que sempre se corre, porque acredito que tenha razao ao dizer que alguns nao vêm com boas intençoes, mas outros sim, e com esse tal desejo de espalhar a boa nova. Tudo se deverá centrar numa busca de flexibilidade de funçoes a nivel pastoral, numa maior responsabilização dos fieis, tal como nas aldeias em tras os montes onde as pessoas mantem um bom clima de entrega na fé e no amor atraves do conhecimento de Jesus Cristo entregando-se com responsabilidades concretas no serviço eclesial apesar de so terem uma missao por mês. Vivem menos em comunhao com Jesus que eu que posso ir a missa todos os dias? A missa e os sacramentos sao importantes, mas são coisas assessórias que nos levam ao essencial que é a noção que "Cristo já nos justificou". Agora não é bom pensarmos que estas ditas "transacções" de padres são tão negativas pelo facto de saltarem de comunidade para comunidade. A igreja é um todo de disponibilidade, e a obdiencia nao está em fazer coisas dificeis, mas estar disponivel, sobreudo de coração para partir. E estando este ano a comemorar os 500 anos do nascimento de S Fancisco Xavier, ele poderá ser um bom exemplo disso, na disponibilidade de, por Cristo, trocar o certo pelo incerto....e eu creio que há mts padres que vêm para outros paises que fazem o mesmo. Se alguns nao o fazem é com eles, mas nao sao eles razoes para nos entristecermos, porque "se Deus está por nós, quem estará contra nós?"

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  6. Como diz o autor do artigo é um assunto pouco fácil de abordar, sobretudo por ser uma situação nova que a Igreja vai vivendo no dealbar do século XXI.
    O problema levantado tem várias facetas. Essencialmente, temos sacerdotes ordenados para servir determinadas comunidades diocesanas, encardinados nelas e que, sendo necessários, dada a conjuntura pastoral e humana, se deslocam para outras dioceses. No que respeita à ilegitimidade das motivações dessas deslocações é assunto que só pode ser avaliado caso a caso e não creio que se possa generalizar, sem mais. A partilha do clero diocesano pode ser positiva. As comunidades africanas precisam de gente empenhada e que se disponha a viver com eles. As comunidades europeias precisam da mesma dedicação, vivida nos moldes da própria cultura. É um facto que os seminários e conventos na Europa estão semi-vazios e, naturalmente, os nossos bispos, em busca de soluções para as comunidades paroquiais, sem pastor, vão-se socorrendo das que surgem.
    A outra faceta do problema é que se estará a usar um meio falacioso para resolver um problema aparentemente grave: a falta de sacerdotes nas comunidades há muito estabelecidas. Digo aparentemente pois quem nos garante que não está nesse facto, também, a multiforme sabedoria do Espírito? Podemos estar a fechar os olhos e o coração às moções do Espírito sem conseguirmos perceber a mensagem que está escrita no vazio vocacional da Europa. Se é verdade que muitos irmãos e irmãs do Continente africano procuram os institutos religiosos e os seminários como forma de fugir à pobreza (também nós já o fizemos na Europa) a verdade é que não encontram nos cristãos europeus o dinamismo da caridade que os possa converter ao amor e impelir ao eventual regresso à messe que os chama. A actual opção tem ainda o efeito pernicioso de, como refere e bem o artigo, desresponsabilizar as comunidades cristãs da Europa que têm, entre outras missões, as de pedir ao Senhor da Messe operários, de anunciar a Palavra, de estar atenta às vocações que surgem… de modo a assegurar o necessário serviço litúrgico e a felicidade de todos. A ausência desta dimensão comunitária da fé e da consciência de se ser família esta na base desta lacuna!…
    Resta-nos orar com esperança e confiança para que o Senhor permaneça connosco. Debater e reflectir o problema é importante, sobretudo em ordem a encontrar caminhos. Para nós cristãos, estes caminhos são sempre de esperança, marcados pelo sinal positivo da nossa Salvação! Agir é, portanto, fundamental. Se constatamos a desagregação das comunidades e o débil sentir cristão há que construir, edificar, testemunhar… para levantar, de novo, a civilização do amor!

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  7. Há um facto importante a ter em conta. Os missionários, quando iam (e vão) para África, América Latina, Ásia, vão para evangelizar, criar comunidades, e fazer promoção humana daqueles povos, com projectos relacionados com a pobreza, saúde, escolas,...
    A impressão que dá, e penso que esta ideia baseia-se na realidade, é que os que vem agora para a Europa tem como grande motivação não tanto o cuidado do rebanho, mas uma certa "acomodação" material/finaceira.

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  8. O problema todo é do papa. Isto tudo é uma questão de poder em que as pessoas nao se sabem gerir. Os padres vêm com intenções económicas e de oportunidades, por isso é que muitos se casam com freiras, como o Afonso Silva que era um diacono angolano que teve um filho de uma freira e com quem a minha prima sofia ainda chegou a tomar café com ele. E aqui vem o problema do papa....percebe-se logo, nem vale explicar! E depois com o cardeal que nós temos tudo se complica, mesmo a nivel das posições da Igreja, não aceitam os homosexuais e vêm aceitar estes angolanos ou o raio que os parta! Custa-me falar assim, mas ainda noutro dia numa conversa com o João Antóio (amigo meu de infância) chegamos a mesma conclusão, e com razão. Julgo também que todo o problema se complica se falarmos de Angola. Os padres angolanos vêm para cá com a finalidade de vender petroleo a Portugal, são agentes infiltrados no clero a fim de transportarem o produto. Escondendo-se atras das fardas clericais vêm estes asnos corroedores da sociedade. E isto faz com que a Igreja nao ande para a frente, e dps queixam-se das vocações....pois está.....quando se joga com petroleo e interesses nao há quem lhe toque. Por isso continuo a afirmar que as dioceses deviam ser transformadas em comarcas clericais onde cada bispo exercia autoridade parcial. Isto é manda metade, a outra metade ficava para os judeus, a ver se se produzia alguma riqueza pelo aproveitamento das raças ecumenistas. Não me esqueço de quando nosso senhor disse: "Que todos sejam um"...e isto tem a ver com a junçao economica do sistema corrosivo em que vivemos, mas que pode ser solucionada com pessaos como vocês que comentam e falam muito sem agir concretamente no coração da igreja, acreditando na caminhada e no melhoramento que pode surgir se vcs fizerem alguma coisa. PULHAS! heheheh (até tive piada)

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  9. Padre
    Obrigado por este espaço de partilha.
    Começo por lhe pedir desculpa por utilizar este espaço para comentar um post que colocou no blogue do Pe Carlos Almeida dado que a este só podem aceder alguns vá-se lá saber porquê...
    Reflectir em conjunto é, também, darmo-nos aos outros. E todos, então, seriam benvindos a um blogue que se supõe ser católico!
    Se me permite um conselho Pe Carlos, visite o site de outros colegas seus. Daqueles que "Padre Inquieto" Lhe sugere. Verá que tem muito a aprender.
    E para bom entendedor meia palavra basta... assim diz a sabedoria popular...
    Um abraço fraterno do Mário

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  10. É preciso coragem para escrever um texto destes.

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  11. Keep up the good work » »

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