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segunda-feira, janeiro 23, 2006

Falta de ar?

"Certo dia, um jornalista perguntou ao intelectual francês Marcel Légault, täo profundo como crítico na sua reflexäo sobre o cristianismo, se ele, afinal, estava dentro ou fora da Igreja. "Nem uma coisa nem outra"- terá ele respondido - "Estou à porta". Surpreendido e desconcertado, o jornalista insistiu: "À porta?! Porquê?" E Légault esclareceu: "Para poder respirar..."Lembro-me sempre deste episódio quando ouço algumas pessoas falarem sobre o desencanto que sentem por näo conseguirem encontrar na Igreja o espaço de liberdade e de realizaçäo que desejam.Esta dificuldade em "respirar" acaba por afastar, desiludidos, muitos daqueles que, em certo momento, foram seduzidos pelo Cristo da humanidade plena. E são tantos..."
Então pergunto eu: porque é que a Igreja não abre as suas portas e janelas para que dessa maneira ocorra uma forte corrente de ar e de novo toda a gente possa respirar um ar fresco, saudável e que traz uma paz de espírito aqueles(as) que o respiram?
Porque é que o "livrinho" escrito no Concílio Vaticano II, continua guardado nas gavetas das Igrejas e nas gavetas dos cristãos a apanhar mofo e um cheiro a velho e desactualizado?
Não será esse "livrinho" um purificador de ar e que tem o condão de abrir as portas e janelas da Igreja?
Infelizmente, continuamos a assistir impávidos e serenos a pessoas responsáveis que lutam para que as suas "capelinhas", herméticamente fechadas continuem arruma-dinhas e direitinhas sem se aborrecerem muito e claro, assim não dão muito trabalho. É só fazer aquilo que à anos fazem, "mais do mesmo".
Quando Cristo veio precisamente para revolucionar e mexer com o "status quo" instalado na sociedade e desinstalar-nos obrigando-nos a agir e a sermos semente de esperança, humildade, paz e acima de tudo AMOR.
Enfim, coisas da vida ...
Fonte: Blog de Fernando J. Cassola Marques

2 comentários:

  1. "porque é que a Igreja não abre as suas portas e janelas?"

    Porque por portas e janelas abertas poderia entrar o Espírito Santo e não seria possível controlar tudo. Ora há muitas almas que diligentemente se empenham a decidir tudo o que podemos e não podemos dizer ou fazer, de modo que não precisemos do Espírito Santo: basta obedecer às regras dessas almas.

    Ora abrir as portas seria reconhecer que o Espírito pode soprar sobre quem quiser, seria reconhecer que não são os ministérios ordenados que tornam as pessoas donas da verdade, seria aceitar a pedagogia de Deus para a humanidade: aceita o nosso erro e no meio dele conduz-nos à verdade.

    A Igreja nos últimos anos tem-se organizado sobretudo para justificar no mundo moderno o que já muito poucos aceitam: que seja uma autoridade central a mandar sobre cada cristão, assim desvalorizado de filho de Deus a mero executor obediente, cujo mérito não é o amor mas a obediência.

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