Powered By Blogger

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Conferência Episcopal aponta limites à procriação medicamente assistida

Destruição de embriões, recurso a dadores de esperma e de óvulos, «barrigas de aluguer» e utilização por casais homossexuais colocados fora de questão.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que ontem se reuniu em Fátima, acaba de publicar uma nota sobre a procriação medicamente assistida, na qual aponta uma série de “limites” ao projecto de Lei que regulará essa prática no nosso país.
“Este método deve atender ao direito da criança que irá nascer, como fim em si mesma e não resultado de um direito paterno ou materno sem limites”, apontam.
Assumindo que esta não é uma questão religiosa, mas ética, os Bispos apresentam várias preocupações:
  • a destruição de embriões,
  • o recurso a dadores de esperma e de óvulos,
  • as "barrigas de aluguer"
  • a utilização destas técnicas por casais homossexuais.

A nota episcopal começa por defender que as técnicas de procriação medicamente assistida devem ser reservadas a casais heterossexuais, “para assegurar o dever ético de oferecer ao novo ser um homem como pai e uma mulher como mãe”. O documento não admite, por outro lado, o recurso a dadores de esperma e de óvulos “em virtude da grave dissociação entre paternidade genética e social”.

Para a CEP é essencial que a nova lei “não considere aceitável o recurso a mães portadoras”, considerando que o recurso às chamadas “barrigas de aluguer” atinge a "interacção profunda entre a criança e a mãe”. Os prelados lembram que experiências semelhantes noutros países têm gerado “muitas situações intoleráveis de conflito entre os pais biológicos e a mãe portadora, com enorme prejuízo para a criança a gerar”.

Um último ponto lembra que o embrião é “uma vida humana dotada de dignidade”, pelo que os Bispos consideram que as técnicas usadas devem evitar a existência de embriões excedentários, “mesmo destinados a uma segunda gravidez do casal”. “De nenhum modo estes embriões sejam utilizados para a investigação, enquanto vivos”, conclui o documento.

A nota não faz nenhuma referência a um eventual referendo, defendendo, pelo contrário, a “necessidade de uma lei que regule e estabeleça as fronteiras entre o cientificamente possível e o eticamente aceitável”. Os Bispos reconhecem, ainda, o “anseio sério” de muitos casais em solucionar o seu problema de infertilidade ou de esterilidade.

Fonte: www.ecclesia.pt

4 comentários:

  1. Infelizmente os problemas de procriação nos casais são cada vez mais frequentes e ainda bem que a ciência os pode ajudar. No entanto tem de haver alguns limites porque existe sempre aqueles cientistas que acima de tudo querem é lucro ou estudo sem olhar que nas suas mãos manipulam vida...

    ResponderEliminar
  2. Caro (s) Padre(s) Inquieto(s).

    A ligação entre biologia e social, biologia e espiritual... ui!

    E há também o problema da ligação entre uma antropologia cristã e uma sociedade laica, mesmo com o cristianismo enquanto um dos seus elementos históricos e de sentido. Porque toda a ética pressupõe uma antropologia fundamental, e no caso laico, uma antropologia fundamental em que se revejam os diversos pontos de vista e cultura da multiculturalidade. Focar a antropologia cristã como se fosse universal, não é liquido…

    Ui!

    E a "dissociação entre paternidade genética e social" ser "grave" não porá um problema relativamente à adopção?... Ou aqui é uma questão de "mal menor"?...

    Ui ui!

    Abraços problematizantes.

    ResponderEliminar
  3. A questão não é religiosa e a Conf. Episcopal não parece ser a entidade com mais competência para discutir o assunto. Nem parece ser capaz de fundamentar bem as suas posições (como o Vítor observa o argumento da dissociação também proibiria a adopção em geral). Mas enfim, na hierarquia já é habitual haver duas éticas: uma para a procriação assistida e outra para as outras situações.

    Contudo poderia ter estado pior. A Conf. Episcopal italiana fez muito pior no mesmo assunto, apelando à abstenção num referendo.

    ResponderEliminar