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quinta-feira, setembro 01, 2005

Sexo e altruismo

Enganam-se os que pensam que a Igreja Católica é contra o sexo e contra o seu uso. Ela até considera sacramento (sinal do céu) a entrega mútua de corpo e de alma entre homem e mulher, livres e capazes de se amarem. Ela vê isso como sinal do amor de Deus pela humanidade. Portanto, uma Igreja que considera o casamento um sacramento, jamais poderia ser contra o sexo. O que a Igreja condena é o egoísmo que às vezes acontece nas relações sexuais, onde ele desfruta dela sem nenhum amor maior, e ela não tem nenhuma consideração pela pessoa dele. Mas, quando os dois se consideram, se admiram e se respeitam e pretendem passar uma vida em função do outro, a Igreja abençoa e chama isso de "Sinal do Reino".
Enganam-se os que pensam que não existe espiritualidade no sexo. É claro que existe. A entrega de si mesmo, quando ela é feita dentro do respeito e do carinho, torna-se, mais que uma entrega carnal, um encontro espiritual. Existe oração no homem que se encanta com sua mulher e na mulher que se encanta com seu homem. Existe santidade naquele prazer dos dois em função do lar que criaram e das necessidades de um ser humano feminino e de um ser humano masculino. Está longe de ser um ato animal. É um ato humano, destinado não apenas a procriar, mas também de criar laços de ternura e de amor.
Quando o sexo é conseqüência dos laços de ternura, ele se torna a cada dia mais bonito. Quando não tem ternura e nem respeito, torna-se cada dia mais compulsivo e machuca sempre mais.
Para a Igreja, fica muito claro que a pregação de sexo do mundo quase sempre parte do egoísmo e acaba no egoísmo. A pregação de sexo da religião séria, parte do altruísmo e concluí no altruísmo.
Um casal disse:
- Gostamos muito do físico um do outro. Afinal, é um dos presentes que vieram com o casamento. Mas gostamos muito mais do jeito de ser um do outro. Não vivo sem o olhar, o sorriso, o carinho, as atenções e a paciência dessa mulher. E ela:
- Não vivo sem o carinho, a proteção, as palavras e a presença desse homem. Eu casei com o conteúdo: a casca e o invólucro vieram de presentes. Não vivemos em função da relação sexual e sim, das muitíssimas outras relações matrimoniais que dão sentido à relação sexual, quando ela acontece. O que nos une são nossas relações e não apenas aquela relação, que também é importante, mas não é tudo na nossa vida. Estamos casados por causa das nossas muitas relações matrimoniais e não apenas por causa das eventuais relações sexuais.
Quem acha que tudo é sexo no casamento, ainda não descobriu nem o casamento, nem a vida.

13 comentários:

  1. 5 estrelas...porque 6 parece mal... linkei este blog... www.tocarlos.blogspot.com

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  2. Já estou como diz a minha filha mais velha:"se não houvesse sexo como é que havia Igreja?" Elementar.
    Agora, só haver amor no sacramento do matrimónio...Isso aprendi na catequese, sim. Ainda acredito no sacramento do matrimónio, mas acredito que o amor pode estar noutras relações, sim.
    Conheço gente dita "não casada" que vivem relações plenas e felizes.
    Para os "não crentes", como é? Têm que casar, mesmo que não acreditem?
    Sr. "padre inquieto", o senhor só me inquieta.
    Já agora, obrigada pela visita e comentário lá no meu jardim. Será sempre bem-vindo.

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  3. isto de estar a trabalhar e a blogar, dá nisto. Li à pressa o texto e achei que estava implícito que só havia amor na vivência do sacramento do matrimónio. Não é isso que lá está. Mas, prefiro não apagar o comentário anterior.

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  4. É claro que essas palavras escondem outras palavras.

    Mas, tal como o "jovem rico", não me restou senão retirar-me.

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  5. Reli o que escrevi, e pode ser incompreendido. Não sei se sei dizer melhor.

    No entanto, há aqui neste texto (e ainda bem que é do P.e Zezinho, talvez me calasse se fosse do PadreInquieto) uma coisa que me desconforta profundamente. Posso falar da única forma de que sou capaz?

    Conheço um rapazito que, com dezassete anos de idade, se enamorou de uma menina. "encantou-se" é mesmo uma palavra boa aqui. Julgo que ela por ele também, nunca o perguntei. Mas ele falava comigo (ainda fala às vezes baixinho), e do que me contava percebi que não havia demasiado egoísmo, que ele seria o primeiro a entender que o que lhe acontecia era um sinal do Amor maior. O rapazito é discreto, mas eu adivinho que lhes era difícil distinguir, quando se encontravam, onde lhes acabava o coração e lhes começavam os corpos tão frágeis.
    Um dia aconteceu uma coisa estranha, como se houvesse nuvens no céu. Afastaram-se. Ambos vieram a "casar" (não um com o outro). Ambos tiveram filhos. Ambos se separaram, ou foram separados.

    Num dia de setembro como é hoje, vinte anos (pareço o José Cid) depois da última tarde, o acaso sentou-os lado a lado numa esplanada. O rapazito não a reconheceu. Ela sim. Falaram um pouco, souberam dos caminhos grandes. Falaram - entre tantas coisas - da "indissolubilidade" dos casamentos.

    "Não acredito", disse ela. "Se isso fosse verdade, eu teria era estado sempre casada contigo. Lembras-te? Eu dei-te tudo o que tinha."

    E o rapazito pensou que talvez estivessem, sim.

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  6. Pois é, a subjectividade vivida é tão mais “ambígua” na sua riqueza do que a objectividade temática das doutrinas. E é a tensão interrogativa entre ambas que as deve mutuamente orientar e conectar. A cabeça no céu e os pés na terra - temos sempre tendência para esquecer um dos polos em detrimento do outro.

    Isto para “agradecer” ao Golmundo o não se ter calado.

    Um grande abraço.

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  7. Enfim...ainda bem que um padre está a dizer que há assim tanta santificação no sexo e parece falar do assunto sem grandes demagogias. Mas amor é amor com ou sem sacramentos...
    E como todos os sentimentos, às vezes, sofrem transformações... e depois?
    E se tudo isto é tudo tão normal,e se falamos de tanta sacralização porque é que os padres estão proibidos de casar?
    Onde é que fica o "crescei e multiplicai-vos"?

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  8. Este assunto é sempre BELO! de falar ou de ler.
    Mas na vida real, é por demais complexo e para dizer tudo o que penso precisaria de tempo, o que neste momento, não tenho.
    Para mim, Amor e Altruísmo estão de um lado, sexo e egoísmo, uso e abuso estão de outro lado.
    E o único sexo em que acredito tendo o amor por cúmplice, é quando existe paixão. Mas a paixão é cega e quando cai a venda, tudo se desmorona e só fica o amargo de nos sentirmos usados....

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  9. Cara Help

    Se o Amor e o Altruísmo estão “do outro lado” do sexo e do uso, quer você dizer que não pode haver um uso amoroso e altruístico do sexo?... Que é sempre uma ilusão da paixão?...
    Quer dizer que o Amor e o Altruísmo excluem, por assim dizer, toda a sexualidade?...

    Não estou (ainda?) a “contra-comentar”. Não percebi muito bem se seriam estas as implicações.

    Um abraço.

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  10. Caro Vítor
    Infelizmente, na maioria dos casos, essas são de facto as implicações.
    Não vale a pena escamotearmos a dolorosa verdade.
    A regra tem sempre as excepções que a confirmam.
    E esses que tiveram a sorte de ser as excepções, que agradeçam a Deus. É assim como sair a Lotaria.

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  11. Cara Help.

    Bem, isto seria uma conversa de três quilómetros…

    De qualquer modo, nunca percebi bem o ditado acerca da regra e excepções. A excepção não confirma nem nega as regras, apenas traz ou mostra outras regras, ou, em casos limite, outro “jogo”.
    O facto de algo ser excepcional significa a maioria das vezes que é uma possibilidade do acontecimento; assim, poder ganhar o prémio é uma das regras da lotaria.

    Quanto à sexualidade amorosa e altruísta, os que excepcionalmente a vivem talvez até se esforcem por tal. Como tudo o que é cristão, será simultânea e paradoxalmente graça divina e esforço pessoal. Também não sei se as relações humanas se podem comparar directa e totalmente a um jogo de acaso, embora evidentemente e como tudo na vida tenham muitos elementos de sorte e azar.

    Sabe, tenho em crer que tudo o que é realmente cristão é excepcional, raro e difícil. E nem é preciso divagar muito. Uma conversa amorosa e altruísta, um modo de trabalhar amoroso e altruísta, uma culinária amorosa e altruísta, e por aí fora – tudo isto é excepcional, raro e difícil. Tal como uma sexualidade amorosa e altruísta, talvez – o lado imediatamente pulsional da sexualidade levanta, como é óbvio, problemas e dúvidas específicas.

    Haveria também que pensar na ascese cristã – no seu sentido e não-sentido – assim como na distinção e relação entre concupiscência e sexualidade.

    Enfim… Como de costume, nada disto é para mim evidente e imediato…

    Um abraço.

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  12. olá padre,
    sou católica cristã e a 3 anos atrás conheci um lindo padre. Nos tornamos mto amigos e isso criou mtos boatos, então nos distanciamos. A um ano atrás voltamos a nos falar e ficamos pela primeira vez. Estamos juntos desde então...
    O que seria o celibato? Pq na sua opinião a igreja católica não permite o casamento de padres? Não desrespeito o catolicismo viu? Apenas sou apaixonada por um HOMEM, feito de carne e osso como eu...
    grande abraço!

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