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quinta-feira, setembro 22, 2005

OS PRESIDENTES DE JUNTA INTROMETEM-SE EM ASSUNTOS DA IGREJA

"Em silêncio absoluto, mas determinados, cerca de duas centenas de habitantes de Gonçalo, estiveram, anteontem à noite, em vigília à porta do Paço Episcopal da Guarda a protestar contra a transferência do pároco local. As bandeiras e as palavras de ordem ficaram em casa nesse protesto inédito, em que as velas e algumas preces foram os recursos para apelar a D. Manuel Felício, Bispo coadjutor que volte atrás na nomeação do padre X para as paróquias de Aldeias, S. Paio, Arcozelo da Serra, RibaMondego e Vila Franca da Serra em Gouveia.
O pedido reiterado numa carta subscrita por centenas de assinaturas, sustenta que o padre X o “homem certo para o lugar certo". O documento, até agora é a única tomada de posição pú­blica - uma vez que os promotores do protesto, com destaque para o Presidente da Junta e actual adjunto da go­vernadora civil da Guarda afirma que não querem perder um "bem pre­cioso" e está a viver "um sentimento de perda" desde que a transferência foi anunciada. (…)
Os gonçalenses recla­mam por isso a permanência do pároco, mas prometem também tomar outras medidas “mais drásticas” se o bispo continuar irredutível
". (JORNAL DE NOTICIAS 17.09.05)

Os fiéis da Nave e Alfaiates (Sabugal) fazem chegar dois abaixo-assinados…
Manifestação em Aveiro pelo Padre Rogério.

  • O que pensas destas manifestações NADA ESPONTANEAS? São os Presidentes de Junta que estão por detrás.
  • Se o pároco é bom e afável as paróquias para onde foi nomeado não merecem também um pároco bom e afável?
  • A missão do padre não é estar sempre disponível anunciar Jesus Cristo para quer que for enviado? Ou será que Jesus Cristo é secundário e o padre é que é a figura central?
  • Onde está a solidariedade para com os colegas que tem muitas paróquias e para com aquelas terras que ainda não tem pároco?

19 comentários:

  1. Conheco demasiado bem os casos! Sera verdade que o padre e o presidente da Junta são muito amigos! Sei também que apesar disso a situaçao foi mal gerida.

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  2. Nao sei nada dessa freguesia/paróquia de Gonçalo. Mas lembrei-me do povo (?) de Roma amotinado por o Papa anunciar a ida para Avignon, há seiscentos anos atrás...

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  3. Porque é que o Bispo, como pastor, não vai falar pessoalmente com a população? Que relação têm os bispos com os que lhes estão confiados, leigos, presbíteros, etc?

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  4. Porque não se convencem, uns e outros, que estão só de passagem.
    Porque passei por situação identica, só tenho a dizer: obedeçam (uns e outros)e serão felizes! - Padres há muitos!

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  5. Caro anónimo

    Para si basta obedecer sem pensar e isso fá-lo feliz? No Evangelho leio "Amai-vos uns aos outros" mas não leio "Obedecei cegamente". Em contrapartida, em certos regimes políticos, a obediência cega é muito valorizada.

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  6. O que eu queria saber é qual a vossa opinião quando alguém como Presidente de Junta se intromete em assuntos eclesiásticos. Será que ainda não descobriram que entre Estado e Igreja existe separação? Dizem que a Igreja não se deve meter na política. Sejam coerentes!

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  7. Caro(s) Padre(s) Inquieto(s).

    Relativamente à separação Estado/Igreja, não é de todo o que "partes" muito visíveis da Igreja Católica fazem, da consagração e benção de escolas públicas ao Estado do Vaticano e actividade política deste na América Latina a Timor etc etc etc

    Eu penso ser este um "tema" extremamente complexo, tanto na extensão de "acontecimentos" que cobre como em termos de princípios. Simplesmente não penso que seja correcto invocar-se a separação quando "nos" é favorável, e invocar um suposto direito ou moral natural quando a Igreja Católica é acusada de não favorecer essa mesma separação.

    Um abraço.

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  8. Caro padre
    Como é que queres que o senhor presidente da junta não se "meta"?
    Quantas inaugurações de pavilhões desportivos, de estradas,de fontanários, de marcos do correio, de...o sr prior foi de estola e hissope?
    Reclamas, e muito bem, coerência. Eu também, mas é com o Evangelho. Porque é que a Igreja (hierarquia)se tem misturado tanto em coisas tão fúteis, como inaugurações tão ridículas? De vez em quando paga a factura...
    Porque é que o actual patriarca de Lisboa, permitiu que o pavilhão "qualquercoisa" da terra de nascimento dele, tenha o seu nome?

    Voltamos, ao mesmo ponto, o padre é uma "instituição", não é um simples trabalhador da vinha...
    Gostava que me respondesses a esta pergunta: porque é que o padre desperta estas reações de amor/ódio, nas comunidades? Não andamos todos a olhar mais para o padre, a servir mais o padre, do que a Cristo?

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  9. Caraças, Vitor.
    Tenho que ir à bruxa. Estava a escrever o meu comentário ao mesmo tempo que tu. Repeti-te um pouco, foi sem querer, resta-me saber que pensamos mais ou menos da mesma forma.

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  10. É uma história triste para repercussões que nada abonam a Igreja nem a fé. Para mim a questão, independentemente dos sentimentos que as populações têm para com os seus padres, passa também pela pergunta: quem é o importante? O padre ou Cristo?

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  11. Caro confessionário

    A importância que as populações dão a esta questão responde à sua questão: numa paróquia católica o poder do padre na vida da comunidade é de tal modo desmesurado que pode chegar a ofuscar o próprio Cristo. Toda a dimensão comunitária da fé está subordinada ao padre. Se este não for bom, pode reduzir ao mínimo a participação dos fiéis na vida da comunidade. Logo não me espanta nada que uma comunidade com um bom padre tenha receio da mudança.

    Não aprovo especialmente estas manifestações, mas eu vivo em Lisboa, pelo que, se não me der bem numa paróquia, facilmente encontro outra. Numa terra pequena seria tudo muito complicado.

    Continuo sem perceber os apelo à importãncia de Cristo sem que o bispo seja capaz de ser imagem de Cristo e pacificador da comunidade.

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  12. Acabo de ver o que o confessionário fez ao seu blog e estou um pouco chocado. Na blogosfera são frequentíssimos os blogs que são "descontinuados" mas normalmente ficam congelados, não são limpos.

    O modo como liquidou o blog sugere-me uma "ordem superior" de censura. Estarei enganado?

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  13. Alguns (ca)porque devem estar demasiado implicados no caso, não lêem bem o Evangelho, mas retalhos que lhes interessam...Se os de Gonçalo são dignos desse Padre , não o serão menos aqueles para quem ele agora foi dado.Ou são?! -Vós sois todos irmãos (do Evangelho)...então os de Gonçalo têm mais direito que os de S. Paio? Será isso evangélico? Quanto à promiscuidade Igreja/politica é um facto, e mesmo os que falam contra, gostam dela. É um dado cultural português: quando interessa a alguns, a Igreja é do povo, quando não interessa "fora co padre". É preciso ter muita paciência para ir remando contra corrente, isto é invasão das esferas próprias de cada qual. Agora também é importante saber que deve existir uma sã colaboração entre os poderes públicos e as comunidades cristãs. Afinal as pessoas/instituições que servem uns e outros (em planos distintos)devem colaborar sem invadir e usurpar. Sejam bons e obedeçam uns e outros, pois Cristo obedeceu até à morte, e morte de cruz.- Isto vem na carta de Paulo aos Filipenses (para aqueles que sabem todo o Evangelho de N-Sr.Jesus Cristo)

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  14. Caro (último) anónimo

    Se vamos ser puristas, terá que concordar que a carta de S. Paulo aos Filipenses não vem nos evangelhos. Se vamos ler todo o novo testamento sobre a obediência, então certamente não se terá esquecido de Act. 4, 18-20:

    "Chamaram de novo Pedro e João e ordenaram-lhes que não falassem ou ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João responderam: «Julgai vós mesmos se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Ele! Quanto a nós, não podemos calar-nos sobre o que vimos e ouvimos»."

    Jesus obedeceu sim, mas apenas àquilo que no fundo da sua consciência entendia como a vontade de Deus. A ideia de obedecer cegamente a homens, não a encontro nestes textos; nem sequer me parece cristã.

    Quanto às disputas do padre, não me dizem senão uma coisa: estas comunidades não devem estar muito bem cuidadas pelo seu bispo para as coisas terem chegado a este ponto. Em todos os casos que vêm a público de vez em quando, noto sempre que os srs. bispos nunca aparecem. Quando muito punem as comunidades que se manifestam não nomeando párocos ou representantes durante uns tempos para melhor manifestarem o seu poder absoluto e discricionário.

    Quanto à mistura com as questões políticas, não é claro que haja sequer mistura: se o presidente da junta é católico, tem todo o direito de participar em nome pessoal nestas movimentações. Se houver documentos oficiais da Junta de Freguesia sobre o assunto, têm que ser lidos à luz desta "colaboração". Mas quem admite estas misturas (como a Igreja tem admitido desde há muitos séculos) não tem realmente muita autoridade para agora se vir queixar.

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  15. Quem é que manifesta o seu "poder absoluto" aquele que nomea um padre pensando no todo da diocese ou aquelas comunidades que esquecem o todo para pensarem só na sua casa e ameaçam tudo e todos com "soluções drásticas". Qual é fé desta pessoas? Uma fé que nasce do egoísmo?
    Quanto ao diálogo ou há falta dele não analizemos as coisas com "ideias feitas". Ele existiu...
    Se no passado houve intromissões de parte a parte isso não é desculpa para continuar a haver... Senão aqueles que querem a renovação parece quando nós queremos caminhar em frente eles é que estão sempre agarrados ao passado: "preso por ter cão e preso por não ter"!
    Penso que algumas pessoas ainda não descobrirram que desde esses tempos já houve muita evolução... talvez ainda tenha que haver mais, mas sejamos sinceros... a evolução é evidente.

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  16. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  17. "Qual é fé desta pessoas?"

    Pergunta bem! Quem era o responsável pastoral por estas pessoas até agora?

    "Se no passado houve intromissões de parte a parte isso não é desculpa para continuar a haver..."

    Basta ver o documento:
    documento
    para perceber que as coisas não são assim tão simples. Hoje as intromissões da hierarquia católica na política têm que ser mais subtis, mas não vejo uma noção clara da separação.

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  18. Voltando ao caso concreto; tenho pena que esteja a acontecer com o D. Manuel Felício, conheci-o brevemente como bispo, mas pareceu-me uma pessoa muito aberta, dialogante, e com vontade de que as coisas mudem um pouco na Igreja. É um bispo que tem a noção muito correcta de que a vida das comunidades é comumente partilhada pela presença activa e dialogante do padre e dos cristãos leigos.
    Se cada vez se investisse mais em unidades pastorais servidas por vários padres, estes problemas seriam, em muito, minimizados.

    O caro anónimo, que fala tão veementemente em obediência, percebo porque o faz, creio-o padre e durante a formação do seminário deve ser a palavra que mais ouviu. Mais importante, mais própria, mais construtiva, não seria a liberdade?
    Não está errado todo o empenho paternalista que tem existido na Igreja?
    Um peso demasiado paternalista dos bispos, dos padres, não vai criando situações de dependência, em vez de crescimento responsável?
    Fundamo-nos em Jesus Cristo. Alguma vez ele reclamou para si, algum tipo de autoridade?

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  19. Concordo plenamente com o "palheirense". Quem conhece a situação entende que é necessário fazer uma reestruturação ou redistribuição e para que isso é necessário mexer. Os cristãos não se podem incomodar apenas com a sua "casa" mas, se são verdadeiros cristãos, também se devem preocupar com o todo da diocese.
    É uma falta de solidariedade que haja alguém, padre ou não, que ainda não tenha descoberto que há colegas que tem 8 paróquias!!!

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