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segunda-feira, maio 02, 2011

O papa cessa antecipadamente a um bispo pró-ordenação de mulheres e homens casados como sacerdotes

O Papa Bento XVI “reformou” o bispo de Toowoomba (Queensland, Australia), D. William Morris, um prelado que se manifestava a favor da ordenação de mulheres e homens casados como sacerdotes.

Monsenhor Morris, que esteve à frente da sua diocese durante quase duas décadas, tem só 67 anos de idade. Na sua carta, eo prelado diz que a decisão pontificia responde a uma mensagem pastoral que publicou em 2006 e provocou uma investigação interna dentro da Igreja.

Claro que assim todos ficam a saber quais as linhas com que se cosem para chegarem a bispos... Mais. Claro que a liberdade de consciência está aqui muito afectada, esquecendo que Pedro e Paulo não pensavam da mesma forma no primeiro Concílio de Jerusalém, mas hoje consideramos que ainda bem porque da discussão nasceu a luz ...

Os bispos hoje reflectem a sensibilidade dos cristãos no terreno?

5 comentários:

  1. A Hierarquia da Igreja Católica ,para as questões do futuro eclesial dos católicos, está a funcionar, como os partidos comunistas em extinção...refugiam-se na ortodoxia,expulsam quem faz perguntas ou pensa diferente,diz que todos o seguem e não repara que ninguém acredita nalgumas das suas praxis, que só servem para manter o status quo do clericalismo cego.....
    Depois admiram-se de um dia cairem em pedaços...
    Esta atitude sem futuro e avessa á mudança , só faz acelerar a sua queda e criar dificuldades á evangelização...

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  2. Parabéns pelo tratamento dado a este caso. É pena que a nossa imprensa tivesse ficado por meras referências telegráficas. Este bispo há-de ser recordado, num futuro que esperamos não muito distante, como precursor de uma profunda reforma na Igreja.
    No fundo, ele é removido por não seguir normas eclesiásticas. Mas o importante num bispo não será seguir o estilo de Jesus?
    Ora, em Jesus nada do que praticou D. Morris está desautorizado.
    É natural que o Papa tenha o seu pensamento. O que não é curial é que estigmatize quem pensa e age de modo diferente.
    Se a Igreja é o povo, com que legitimidade é que se afasta alguém apreciado pelo povo?
    Como é que se envia um bispo americano para estudar uma questão na Austrália?
    O que pensaria Jesus disto? E os apóstolos?
    Será que é na Igreja que menos encontramos Jesus?
    Só quando houver um grande clamor popular a Igreja mudará. Um clamor sereno, mas determinado poderá mudar muita coisa.
    O poder é sensível às multidões, e o poder eclesiástico gosta particularmente dos aplausos.
    Creio que foi Hans Kung (outro proscrito) que disse que, na Igreja, um não conta, cinco levam a pensar e cinquenta podem mudar uma situação.
    Depois, estes métodos de delação fazem lembrar os regimes ditatoriais. Ora, Jesus veio para nos libertar.
    Não pondo em causa a seriedade de João Paulo II, há que reconhecer que o seu modelo de Igreja não é o único. E não será o mais próximo de Jesus.
    E a santidade não pode ser aferida apenas pela relação com a instituição Igreja. A santidade decorre, antes de mais, do seguimento de Jesus.
    Parabéns pelo blog e continue a trazer para as clareiras o que está na penumbra.

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  3. O que fez D. William Morris, 67 anos (os bispos, excepto o Papa, devem pedir a resignação aos 75 anos), bispo de uma diocese maior em extensão do que a Alemanha, mas apenas com 66 mil católicos em 35 paróquias?

    * Veste uma gravata, bordada com o seu brasão de armas, em vez do colarinho romano. Oferece a cada padre uma gravata preta com o brasão de armas diocesano como veste clerical;

    * Promove a absolvição geral (prevista no ritual da confissão) como uma alternativa à confissão pessoal dos pecados;

    * Propõe a necessidade de explorar a ordenação de homens casados e de mulheres e o reconhecimento dos ministérios ordenados de outras Igrejas cristãs

    * Incentiva o diálogo e a colaboração com medidas como a criação de um conselho pessoal; consulta as pessoas das paróquias antes de recomendar um padre como pároco;

    * Realiza assembleias diocesanas para revigorar a vida pastoral da diocese fazer o plano pastoral diocesano;

    * Toma as decisões consultando o povo. Afirmou: "Eu realmente acredito que as pessoas precisam de uma voz. Se o bispo na comunidade local não der voz às preocupações das pessoas... bem, então eles certamente não vão ter voz". E ainda: "A Igreja é o povo, e o Concílio Vaticano II deixou isso muito claro. Eles têm uma voz e um coração, e é terrivelmente importante para eles manter essa voz e interpelar os seus bispos, através de seus conselhos paroquiais, de seus conselhos pastorais diocesanos, através de todos os mecanismos" que existam, e que os bispos "permitam que suas vozes sejam ouvidas na Igreja e no mundo, para que o Espírito fale através de toda a Igreja e não presumivelmente apenas através de alguns poucos".

    Algumas pessoas não gostavam das decisões do bispo e começaram a escrever para o Vaticano, que abriu um processo ao bispo australiano em Dezembro de 2006. O processo encerrou-se no dia 2 de Maio com a remoção do bispo.

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  4. É realmente muito triste todo este caso. E mais anti-cristão não pode ser. Tudo indica que a questão se baseou na delação, anónima e sigilosa, que continua a fazer caminho.

    O mais preocupante é como se faz sofrer pessoas e como se desiludem comunidades inteiras.

    O regresso ao paradigma Jesus é, de facto, a única via para salvar a Igreja.

    Jesus não foi um contestatário impenitente do poder, mas manteve-Se sempre distante dos poderes.

    Não deixa, por isso, de causar alguma perplexidade verificar como no centro da Igreja existe um poder político (estado do Vaticano), um poder judicial (tribunal da Rota e da Assinatura Apostólica) e até um poder económico (um banco-IOR).

    Funcionalmente, poderá ter de ser assim. Mas teologicamente haverá justificação plausível?

    E, depois, os direitos humanos?
    Como anunciá-los se não os praticamos?

    Leonardo Boff também foi condenado, nos inícios da década de 1980, por causa de um livro («Igreja, carisma e poder») em que denunciava a falta de apreço pelos direitos humanos na Igreja.

    O que mais entristece é que, a avaliar por alguns comentários, há cristãos que se limitam a seguir os ditames da autoridade, mesmo quando esta não respeita os mais elementares direitos das pessoas.

    Eu penso que o caso de D. William Morris devia ser longamente meditado. Ele está cheio de perguntas que questionam (pertinentemente) muitas das nossas respostas.

    Parabéns por acompanhar este caso, tão esquecido pelos «media».

    O Jesus da compaixão, da misericórdia e da paz parece ter-Se ausentado da Sua Igreja. Ou terá sido removido?

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  5. Um comunicado divulgado por Peter Wilkinson, porta-voz do grupo de tendência reformista Catholics for Ministry, da Austrália, chamou o processo que levou à remoção de Dom Morris de "uma farsa de julgamento". Disse Wilkinson: "Dom Morris nunca recebeu, pelo que se sabe, qualquer acusação formal contra ele por parte do Vaticano, nunca pôde ver as provas reunidas contra ele e nunca lhe foi permitido enfrentar como testemunhas em público qualquer um dos seus acusadores (…) Sem o devido processo, os católicos não podem ter nenhuma confiança no sistema legal da seu Igreja ou naqueles que o administram".

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