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sexta-feira, julho 04, 2008

Actualmente, pode-se dissentir na Igreja?

Reintregramos os que negaram e continuam a negar o Vaticano II.
E o que fazemos com aqueles que "corajosamente" exprimem a sua opinião em matéria de moral e costumes. É muito interessante a entrevista com o teólogo jesuita Juan Masiá Clavel, que há dois anos e meio foi obrigado a deixar uma cátedra em Espanha depois de pressões do arcebispo de Madrid. Porque não fazemos o mesmo esforço para os reintregar?!!! Afinal até nem põe em causa o Concilio Eucuménico Vaticano II (dogmático), mas a enciclica Humanae Vitae!!!

O divórcio é o fim de um compromisso ou a possibilidade de recomeçar?
É muito interessante a maneira como os bispos japoneses falaram do problema. Primeiro, dedicam várias páginas ao ideal. Depois referem: dito isto, a realidade é que esse ideal foi rompido, por circunstâncias que são culpa de ambos ou de nenhum. E dizem três coisas: que os casais sejam acolhidos como Cristo os acolheria; que sejam acolhidos calorosamente; e que se caminhe com eles nos passos que dão para refazer a vida.
Não chegam a dizer que quem volta a casar pode comungar.
Em japonês, pode ser-se muito claro sem ser explícito. Se o dissessem, provavelmente criariam problemas em Roma. De facto, ao dizerem aquela frase, disseram-no. E é isso que se está a praticar.
Pode-se dissentir na Igreja?
Alguém me dizia: "E a tua fidelidade ao Papa?" A fidelidade ao Papa não é lealdade feudal, obriga-me a uma fidelidade criativa, a defender o Papa de tudo o que o rodeia e que impede que se façam todas estas mudanças que já deveriam ter sido feitas há muito tempo. Por fidelidade criativa, sentimo-nos obrigados a dissentir na Igreja - não da Igreja.

Às vezes não seria mais prudente não criticar algumas coisas?
Seria mais prudente, mas a questão da prudência leva-nos ao perigo contrário. Daqui a dez ou 20 anos, iriam dizer-nos: porque estavam calados, porque não falaram?
Seria imoral?
Calar é imoral. Se falar é imprudente, calar é manter uma situação. É uma responsabilidade muito grande. Fazem falta mais bispos que não aspirem ao poder e falem com toda a liberdade.
O que defende não é minoritário entre os católicos?
Em alguns lugares, sim, noutros não. É verdade que houve retrocesso em relação ao Vaticano II, mas por isso é preciso continuar afirmando-o.
Esse é o caminho do futuro?
Creio que sim, mesmo se gerações de neoconservadores e de alguns padres jovens vão por outra linha, atrás deles virá outra geração que aproveitará as sementes já lançadas. Há que continuar com optimismo e esperança. Sem crispação e com espírito evangélico, é preciso falar admitindo o pluralismo.
Veja a entrevista completa aqui.

4 comentários:

  1. "sentimo-nos obrigados a dissentir na Igreja - não da Igreja".

    Era muito bom que se percebesse a diferença. E não mostrar a "porta de saída" à mínima crítica.

    E o que é pior é que até se pode discordar à vontade, desde que não se fale ou escreva sobre tal. O Bispo sabe, mas não importa...Isto para os padres ou consagrados, porque os leigos não contam nestas contas.

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  2. É uma verdadeira doença a nova geração de padres neoconservadores. Porque será que está a surgir desta praga?
    Legalismo...
    Carreirismo...
    Comodismo...
    Indiferentismo...
    Vaidade e ostentação... é mais chique, dá mais nas vistas, dá impressão de maior fidelidade... só que pela mais pequena coisa rapidamente estala o verniz...
    Concordo! Atrás desta geração virá uma nova geração que aproveitará as sememtes já lançadas...
    Olhemos para o futuro com esperança e optimismo e deixemos que o Espírito Santo renove a sua Igreja

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  3. Dissentir é uma urgência, uma necessidade e uma prioridade.
    É preciso dissentir de todo este clima de podridão, compadrio e carreirismo que está a minar a credibilidade da Igreja.
    Haja coragem de dissentir. Mas com critério.
    Ao contrário do que se diz, é mais fácil dissentir do Papa (que até está longe) do que dos bispos (que podem atribuir prebendas a esmo).
    Falta coragem para confrontar os bispos com as atitudes pouco evangélicas que tomam.
    Deixemo-nos de etiquetas entre conservadores e progressitas. Apelemos para o essencial. Dissentir, hoje, é uma necessidade inadiável.

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  4. Estamos na Igreja de Jesus Cristo que é o seu último e legítimo fundamento. Não é o pensamento de cada um de nós. Olha se o fosse ...
    Quando olho para o mundo e para todas estas suas " pretensões " procuro entender o que aponta Ele sobre isto. Certamente que é isso que a Igreja também faz.E o que conta, na Igreja, o que a move, não são as "coisas do mundo", se é que me faço entender.

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