B.- A IGREJA DE MADRID
Tendo em conta estes pressupostos, passamos a expôr a nossa opinião sobre algumas das situações da nossa Igreja local.
Pluralismo na sociedade:
15.- Não há dúvida que a sociedade espanhola mudou radicalmente nos últimos 3o anos. O caso espanhol é, inclusivamente, um modelo que se estuda nas ciências sociais, para analizar a rápida transformação de uma sociedade no campo económico, político e sócio-cultural.
Hoje, a nossa sociedade madrilena, está irremediável e afortunadamente marcada pela pluralidade: socio-política, cultural, moral, religiosa... É fruto da democracia e da liberdade e, nos últimos anos, da vinda para o meio de nós de maneira significativa de pessoas procedentes de prácticamente todos os países do planeta. E isso consideramo-lo uma riqueza e uma oportunidade nova para a evangelização, desde que os cristãos saibam situar-se também de uma nova maneira.
16.- Para que a Igreja se situe numa sociedade laica, secular, plural e diversa nas filosofias e concepçõees religiosas, implica reconhecer de facto que o Estado é aconfesional. Portanto, a Igreja é uma instituição mais que têm incidência pública, que trabalha gratuitamente, mas não pode impôr a sua própria ética ou concepção de vida como a única forma de vida válida para todo o corpo social. O Estado há-de legislar tendo em conta a pluralidade e a diversidade de formas de vida e concepções éticas que se dão na nossa sociedade.
17.- Quanto à organização da convivência social: Creemos que a hierarquia eclesiástica terá de se abrir à mudança a partir do diálogo. Sem cair em posições hermeticamente fechadas e apologéticas sobre direitos e privilégios que, antes ou depois, terão que ser repensasos porque é isso que pede um amplo sector da opinião pública. Uma actitude de abertura e de procura de novos acordos seria mais favoráveis a curto e longo prazo. Há que assumir a sensibilidade dos não católicos, dos que não pertenecem a nenhuma religião e número crescente de católicos desconformes, que defendem que a Igreja reprense as suas posições numa sociedade secularizada e num Estado laico.
18.- Diálogo e Celebrações inter-religiosas: O Concilio Vaticano II, na Declaração sobre as relações da Igreja com as religões não cristãs adverte : “A Igreja, na sua missão de promover a unidade e a caridade entre os homens e os povos, considera antes de mais aquilo que é comum e conduz à mutúa solidaridade... Por consiguente, exorta os seus filhos a que, mediante o diálogo e a colaboração com os adeptos de outras religiões...” (“Nostra Aetate”, 1-2).
O “Plano Pastoral da Conferência Episcopal Espanhola 2006-2010” em relação com o diálogo inter-religioso com os não cristãos, convida-nos a estabelecer três tipos de diálogo: “Diálogo da vida, da acção, da experência religiosa” (nº 37).
18.- Nos últimos anos houve muitas ocasiões na vida social para termos realizado alguma iniciativa nesse sentido: debates sobre questões que nos afectam a todos, celebrações inter-religiosas perante acontecimentos e situações que vivemos e sofremos todos e nada se fez. Inclusive foram censuradas iniciativas neste sentido. Creemos que se trata de uma falta de convicção ou sensibilidade para estarmos presentes de maneira mais significativa numa sociedade plural, esquecendo asssim as orientações do Concilio.
20.- Diálogo inter-cultural: O próprio cardeal Ratzinger mateve públicamente interessantes debates com conhecidos representantes da cultura não religiosa como Habermas e outros. Quando poderemos nós ter debates abertos com aqueles que não pensam como nós ou não acreditam no que nós acreditamos?. Aqui não encontramos outra coisa mais do que lamentos “porque nos perseguem”, porque “não nos querem”... No campo da bioética, por exemplo, hoje necessitamos que os crentes e os não crentes se encontrem numa moral de mínimos ou de consenso sem que ninguém tenha que renunciar aos seus máximos ou à diversidade de códigos morais.
Pluralismo na Igreja:
21.- Consideramos que, para enfrentar estas novas situações, certamente complexas, são precisas todas as mãos, todas as inteligencias e todas as mentalidades. Dado que a situação apresenta problemas novos é preciso ter a coragem de experimentar (correndo o risco de se enganar) e debater em liberdade comunitariamente. São estes os caminhos pelos quais a Igreja foi encontrando saídas desde os seus primeiros momentos (Act. 10, 11 - 15)
22.- Vemos a nossa Igreja demasiado homogeneizada por uma hierarquia e alguns movimentos conservadores que pretenden impôr una única visão do cristão em relação com o mundo. No entanto, há diversas escolas e teologias que dão respostas diferentes ou matizadas sobre o matrimónio, inicio e o fim da vida... assim como sobre a diferentes visões em relação com a presença da Igreja na sociedade civil, a partir dos cristãos de presença até cristãos de mediação, passando por fórmulas intermédias não excluentes, nem únicas nem impositivas.
23.- O compromisso político dos católicos: Estas mudanças na sociedade espanhola levaram a um pluralismo político. Assim, na política a diversidade não passa por “católicos/não católicos”, mas pelos diferentes modelos de organizar a convivência dos cidadãos e os católicos podem estar presentes em todos estes modelos. A mesma fé pode dar lugar a compromissos sócio-políticos diversos, desde que estes estejam ao serviço do bem comum, particularmente dos mais pobres do corpo social, e se utilizem métodos democráticos.
24.- O diz o Conciíio: “A ordem social e o seu progresso devem redundar no bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve subordinar-se à ordem das pessoas e não ao contrário... Deve fundar-se na verdade e edificar-se sobre a justiça e a liberdade” (G. S. 26).
“Em virtude da sua missão e natureza a Igreja não está aprisionada a nenhuma forma particular de cultura humana ou sistema político, económico ou social, por causa da universalidade peculiar do laço que une intimamente as diversas comunidades, pode ser sinal e defensora da trascendência da pessoa humana” (G. S. 42).
“Muitas vezes a visão cristã das coisas inclinar-se-á para uma determinada solução. No entanto, outros fiéis, com não menos sinceridade, julgarão o mesmo assunto de modo diferente... Convém recordar que a ninguém é lícito assumir para si exclusivamente o parecer da autoridade da Igreja” (G. S. 43).
25.- Faltam plataformas onde possamos debater abertamente, com a liberdade dos filhos de Deus, sobre tantos problemas que nos vemos obrigados a enfrentar na reflexão teológica, na práctica pastoral. Necessitamos de espaços donde possamos ouvir e confrontar as diferentess posiçõess que de facto se dão na nossa Igreja. Precisamos de perder o medo de experimentar, de nos enganarmos e corrigir para irmos encontrando caminhos novos.
Tendo em conta estes pressupostos, passamos a expôr a nossa opinião sobre algumas das situações da nossa Igreja local.
Pluralismo na sociedade:
15.- Não há dúvida que a sociedade espanhola mudou radicalmente nos últimos 3o anos. O caso espanhol é, inclusivamente, um modelo que se estuda nas ciências sociais, para analizar a rápida transformação de uma sociedade no campo económico, político e sócio-cultural.
Hoje, a nossa sociedade madrilena, está irremediável e afortunadamente marcada pela pluralidade: socio-política, cultural, moral, religiosa... É fruto da democracia e da liberdade e, nos últimos anos, da vinda para o meio de nós de maneira significativa de pessoas procedentes de prácticamente todos os países do planeta. E isso consideramo-lo uma riqueza e uma oportunidade nova para a evangelização, desde que os cristãos saibam situar-se também de uma nova maneira.
16.- Para que a Igreja se situe numa sociedade laica, secular, plural e diversa nas filosofias e concepçõees religiosas, implica reconhecer de facto que o Estado é aconfesional. Portanto, a Igreja é uma instituição mais que têm incidência pública, que trabalha gratuitamente, mas não pode impôr a sua própria ética ou concepção de vida como a única forma de vida válida para todo o corpo social. O Estado há-de legislar tendo em conta a pluralidade e a diversidade de formas de vida e concepções éticas que se dão na nossa sociedade.
17.- Quanto à organização da convivência social: Creemos que a hierarquia eclesiástica terá de se abrir à mudança a partir do diálogo. Sem cair em posições hermeticamente fechadas e apologéticas sobre direitos e privilégios que, antes ou depois, terão que ser repensasos porque é isso que pede um amplo sector da opinião pública. Uma actitude de abertura e de procura de novos acordos seria mais favoráveis a curto e longo prazo. Há que assumir a sensibilidade dos não católicos, dos que não pertenecem a nenhuma religião e número crescente de católicos desconformes, que defendem que a Igreja reprense as suas posições numa sociedade secularizada e num Estado laico.
18.- Diálogo e Celebrações inter-religiosas: O Concilio Vaticano II, na Declaração sobre as relações da Igreja com as religões não cristãs adverte : “A Igreja, na sua missão de promover a unidade e a caridade entre os homens e os povos, considera antes de mais aquilo que é comum e conduz à mutúa solidaridade... Por consiguente, exorta os seus filhos a que, mediante o diálogo e a colaboração com os adeptos de outras religiões...” (“Nostra Aetate”, 1-2).
O “Plano Pastoral da Conferência Episcopal Espanhola 2006-2010” em relação com o diálogo inter-religioso com os não cristãos, convida-nos a estabelecer três tipos de diálogo: “Diálogo da vida, da acção, da experência religiosa” (nº 37).
18.- Nos últimos anos houve muitas ocasiões na vida social para termos realizado alguma iniciativa nesse sentido: debates sobre questões que nos afectam a todos, celebrações inter-religiosas perante acontecimentos e situações que vivemos e sofremos todos e nada se fez. Inclusive foram censuradas iniciativas neste sentido. Creemos que se trata de uma falta de convicção ou sensibilidade para estarmos presentes de maneira mais significativa numa sociedade plural, esquecendo asssim as orientações do Concilio.
20.- Diálogo inter-cultural: O próprio cardeal Ratzinger mateve públicamente interessantes debates com conhecidos representantes da cultura não religiosa como Habermas e outros. Quando poderemos nós ter debates abertos com aqueles que não pensam como nós ou não acreditam no que nós acreditamos?. Aqui não encontramos outra coisa mais do que lamentos “porque nos perseguem”, porque “não nos querem”... No campo da bioética, por exemplo, hoje necessitamos que os crentes e os não crentes se encontrem numa moral de mínimos ou de consenso sem que ninguém tenha que renunciar aos seus máximos ou à diversidade de códigos morais.
Pluralismo na Igreja:
21.- Consideramos que, para enfrentar estas novas situações, certamente complexas, são precisas todas as mãos, todas as inteligencias e todas as mentalidades. Dado que a situação apresenta problemas novos é preciso ter a coragem de experimentar (correndo o risco de se enganar) e debater em liberdade comunitariamente. São estes os caminhos pelos quais a Igreja foi encontrando saídas desde os seus primeiros momentos (Act. 10, 11 - 15)
22.- Vemos a nossa Igreja demasiado homogeneizada por uma hierarquia e alguns movimentos conservadores que pretenden impôr una única visão do cristão em relação com o mundo. No entanto, há diversas escolas e teologias que dão respostas diferentes ou matizadas sobre o matrimónio, inicio e o fim da vida... assim como sobre a diferentes visões em relação com a presença da Igreja na sociedade civil, a partir dos cristãos de presença até cristãos de mediação, passando por fórmulas intermédias não excluentes, nem únicas nem impositivas.
23.- O compromisso político dos católicos: Estas mudanças na sociedade espanhola levaram a um pluralismo político. Assim, na política a diversidade não passa por “católicos/não católicos”, mas pelos diferentes modelos de organizar a convivência dos cidadãos e os católicos podem estar presentes em todos estes modelos. A mesma fé pode dar lugar a compromissos sócio-políticos diversos, desde que estes estejam ao serviço do bem comum, particularmente dos mais pobres do corpo social, e se utilizem métodos democráticos.
24.- O diz o Conciíio: “A ordem social e o seu progresso devem redundar no bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve subordinar-se à ordem das pessoas e não ao contrário... Deve fundar-se na verdade e edificar-se sobre a justiça e a liberdade” (G. S. 26).
“Em virtude da sua missão e natureza a Igreja não está aprisionada a nenhuma forma particular de cultura humana ou sistema político, económico ou social, por causa da universalidade peculiar do laço que une intimamente as diversas comunidades, pode ser sinal e defensora da trascendência da pessoa humana” (G. S. 42).
“Muitas vezes a visão cristã das coisas inclinar-se-á para uma determinada solução. No entanto, outros fiéis, com não menos sinceridade, julgarão o mesmo assunto de modo diferente... Convém recordar que a ninguém é lícito assumir para si exclusivamente o parecer da autoridade da Igreja” (G. S. 43).
25.- Faltam plataformas onde possamos debater abertamente, com a liberdade dos filhos de Deus, sobre tantos problemas que nos vemos obrigados a enfrentar na reflexão teológica, na práctica pastoral. Necessitamos de espaços donde possamos ouvir e confrontar as diferentess posiçõess que de facto se dão na nossa Igreja. Precisamos de perder o medo de experimentar, de nos enganarmos e corrigir para irmos encontrando caminhos novos.
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