Não se pode ignorar tão pouco a verdadeira ocultação mediática no que à religião, ao catolicismo e ao actual Papa em particular se verifica.
- Pode o Papa dizer que "libertar" a humanidade da fome é uma das tarefas "mais urgentes" no mundo (fê-lo há um mês, em mensagem à FAO);
- Pode ele gritar pela reforma necessária do sistema financeiro (na última encíclica, Caritas in Veritate, e em várias outras ocasiões, a última das quais há dez dias).
- Pode ainda dizer, como fez João Paulo II, a propósito da invasão do Iraque, que a guerra "é uma derrota da humanidade".
- Pode até pedir o fim do arsenal de armamento nuclear e do comércio de armas ou uma urgente reforma agrária - já o fizeram João XXIII; Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Nenhum destes temas provocará a mesma excitação que o preservativo (ou a enésima condenação do aborto), num império mediático fundamentalmente acrítico em relação aos verdadeiros e obscuros poderes: esses que radicam no sistema financeiro e nos grandes grupos económicos, que os governos deixaram de querer controlar.
Antóno Marujo
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