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sexta-feira, agosto 29, 2008

A Igreja está a morrer "por dentro"

Hoje a sociedade e as pessoas (sim porque a culpa não é só da Igreja enquanto instituição, também é da Igreja enquanto comunidade, por isso parte dessa culpa também é nossa!), veêm na Igreja apenas uma faceta da sua vida, o suficiente para preencher o tempo da Missa de Domingo, mas nada... e isso é muito mau sinal.
  • É mau sinal quando vemos que uma criança tem vergonha de dizer aos amigos que anda na catequese;
  • É mau sinal quando uma pessoa que gosta de ir à Igreja rezar em silêncio é apelidade de algo do género 'rato de sacristia';
  • É mau sinal quando a mulher tem vergonha de pedir ao marido para rezar um Pai Nosso com ela no final do dia antes de adormecer...

Às vezes acho que a Igreja está a 'morrer' por dentro. E com o 'por dentro' refiro-me não tanto aos Padres, mas aos leigos que deviam ter voz activa e não têm, que deviam tomar partido a favor da sua nossa fé e não tomam, que deviam olhar para o interior do seu coração e defender o Cristo que lá habita e não o fazem.

Porquê?

Falta de vontade, falta de ânimo, falta de coragem, falta de forças, falta de entusiasmo, falta do verdadeiro conhecimento, medo do ridículo, medo da imagem que vão criar nas outras pessoas, medo de falhar, medo de ... demasiados medos e faltas que arrastam e sugam para uma inércia contínua, contagiosa e quase invicta! Esta sensação de que 'não é nada comigo, eu já contribuo que chegue para a sociedade, basta eu ir à Missa para também cumprir a minha parte na religião' tem de ter um fim!

Infelizmente, hoje muitos de nós vão à Missa como um sendo um ritual, simples, quase desprovido de qualquer signficado profundo e é assim vivem a Eucaristia. E isso é um espelho que reflecte a faceta com que a sociedade presenteia a Igreja.

Como evangelizar hoje?

8 comentários:

  1. Deixando de parte a razão pela qual a igreja está a morrer hoje , debrucemo-nos antes sobre o que fazer para alterar essa situação.
    A religião não se impinge,vive-se.
    Eu posso pregar por aí sobre Jesus e aquilo que Deus fez na minha vida,posso ir todos os dias à missa e até ser activa na minha igreja ,sendo leitora, pertencer ao coro da missa do meio-dia , ser ministra da comunhão e sei lá que mais , mas se eu não der o exemplo ao mundo de como é que a minha vida mudou, pelo modo como a vivo,nada disso interessa.O mundo tem de ser interpelado pela minha maneira de viver e a partir daí perceber que se eu sou alegre,ajudo os outros e vivo feliz isso se deve única e exclusivamente à presença de Deus em mim .
    O ser católico implica essa responsabilidade de dar exemplo. Depois vem tudo o resto.
    Para mim essa é a única maneira de evangelizar.Provar ao mundo que se vive para os outros e isso nos faz ser felizes.

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  2. A Igreja hierárquica trata os leigos como crianças atrasadas mentais e atrasadas morais e espanta-se com a falta de empenhamento dos leigos?

    Tenho assistido a posições oficiais da hierarquia que me envergonham profundamente.

    Quando tivermos uma Igreja que seja mais comunidade e menos um papa sozinho a dizer o que quer talvez sejamos mais sinal de amor para o mundo.

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  3. Este post suscitou a minha adesão, pois é um dos temas que me apaixona e me preocupa.
    1. Vivemos hoje uma Igreja hierarquicamente repetitiva. Quem ouve muitos dos nossos bispos dá-se conta que repetem constantemente a palavra do Papa. Para muitos hierarcas, vale a máxima: "Roma locuta, causa finita". Existe verdadeiramente um papismo entorpecedor.
    2. "Mãos que não dais, o que é que esperais". Se os leigos são tratados como são, como podemos depois esperar que se empenhem e se sintam Igreja?
    3. Parece-me que o artigo cai numa certa tendência muito actual no discurso de vários sacerdotes: "carregar" nos que vão à missa. Não concordo de forma alguma. Esses, ao menos, não deixam lugar vazio na assembleia reunida, oferecendo o seu contributo, a sua presença e, muitos deles, o seu empenho.
    No meu modesto entender, o grande problema hoje são os tais que se apelidam de "cristãos não praticantes." Estes é que exigem tudo, refilam por tudo, querem tudo à sua medida, é que atiram com a de que "os padres é que tiram a religião"...
    Por mais simpatia que se mostre, por mais que se lhes explique, por mais que se lhes escancare as portas, nada querem, a não ser quando os seus interesses, conveniências sociais, ou outras os levem a bater à porta... Normalmente são estes, sim, que têm imensa vergonha de se identificarem com a Igreja, de qualquer compromisso...
    Conheci um sacerdote que, estando numa paróquia difícil, usou precisamente este tipo de discurso: carregar nos que iam e todo simpatia para os tais não praticantes. Claro que estes endeusaram-no, mas nunca entraram; os que já lá estavam, não se sentindo acolhidos, foram-se afastando...Resultado? O bom do padre acabou por pedir para ser afastado daquela comunidade.
    Manuel

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  4. Estou em sintonia com a Concha. Infelizmente conheço várias pessoas muito ligadas à Igreja que de cristãs, pouco ou nada têm. Portanto, nem verdade, nem alegria, nem entusiasmo, nem criatividade.E com muito medo, ou muito esquecidas do amor; de amar; Tornaram-se os " donos da Igreja e se de fora alguém chega "apaixonado" de verdade, com alegria e entusiasmo, é pessoa a abater. Verdade e amor são as pedras de toque do cristão e é ( ou deve ser ) por causa desse amor que nos aproximamos da eucaristia; apesar de todos os defeitos da Igreja o nosso amor tem de ser suficientemente forte para superarmos todos esses embates. E, por último, mas não menos importante, a oração é parte integrante do ser cristão.

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  5. O problema está no que já escreveram. Não se vive Cristo. Não se sente Cristo Vivo. Assim, vive-se uma fé de ritualismo. Nada mais.

    É preciso haver mais formação, mais convívio, mais missão. Seria importante haver uma maior presença dos grupos missionários nas paróquias. Só se vive Cristo com oração, palavra e acção e, claro, conhecendo-O. Se não levarmos Cristo aos outros, não vivemos Cristo. Ele é Amor e não quer ficar apenas dentro de cada uum de nós.

    beijos em Cristo e Maria

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  6. Maria João

    Viver Cristo e conhecê-lo significa ver como ele tratava os discípulos e os homens em geral: como adultos. Não lhes impunha regras a torto e a direito, pretexto de que ele era quem sabia. Antes pelo contrário: Cristo dizia que era preferível que ele fosse para o Pai.

    Será que aqueles que hoje se apresentam como pastores se assumem como pastores ao jeito de Cristo? Ou são pastores ao jeito dos homens de poder terreno?

    Basta conversar a fundo com alguns adultos sem fé para perceber o seguinte: para quem está de fora da Igreja, o tipo de submissão que Roma exige não é digno de homens adultos responsáveis.

    Infelizmente são muito poucos os teólogos a ter a coragem evengélica de o dizer e assumir as consequências que os poderes eclesiásticos deste mundo impõem a quem é fiel ao Evangelho neste aspecto.

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  7. Caro Padre,

    os três exemplos que o texto mostra são fraquinhos.

    As crianças assumem sem problemas a ida à catequese. Conheci eemplos de algumas que passaram a ir movidas pelo testemunho de outras. Muitas vezes era para prolongarem o tempo de estar juntas, mas quem anda por caminhos "puros"?
    Não somos nós adultos tantas vezes movidos por interesses mais ou menos escondidos?

    O ir à igreja ou professar uma fé não nos protege das críticas nem nos coloca um escudo invísivel. Pelo contrário, expõe-nos e interpela-nos. Os crentes cristão são tão sujeitos a críticas como outros quaisqueres. Isto cheira-me áquela mentalidade:"eu faço, eu cumpro, não sou como os outros..." onde é que já vimos isto?

    e a mulher que tem vergonha de falar ao marido prova em primeiro lugar que o diálogo no casal não está muito saudável. É um défice de relação. Mas...a fé não se manifesta em todos de igual forma. Não diz no Evangelho:"quando quiseres orar fecha-te no teu quarto...". A fé pode apelar a ser vivida em recato, sem exposições...pode ser por insegurança da pessoa etc. Cuidadinho com algumas respostas taxativas sobretudo na confissão, podem ferir sem necessidade alguém mais frágil interiormente.

    E julgamentos só os de Deus.

    Como evangelizar? À maneira de Jesus. Como mais pode ser?!

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  8. MC, conheço e partilho essas palavras de Jesus.
    Mas a verdade é que, às vezes, aquele silêncio da Igreja e na Igreja é também importante na nossa relação com Deus.
    A verdade é que quando estamos com quem amamos nem reparamos no que se passa à nossa volta.
    Mas não é menos verdade que há constrangimentos à nossa volta. Mas, seja como for, se o amor é verdadeiro, acaba por correr tudo bem.

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