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quinta-feira, agosto 31, 2006

Educar ainda é possível?

D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, no aproximar a passos largos do início do ano lectivo, considera que “a figura do educador não existe, porque desapareceu também a figura pessoal do educando, reduzido a aprendiz de saberes positivos, de conteúdos objectiváveis e de técnicas que o preparam para uma profissão de futuro”. A ser assim, onde está a formação para que um aluno possa existir e afirmar-se como pessoa?
A vocação de formação perde-se pois “já ninguém perde tempo a compreender-se e a assumir-se como formador ou educador, preferindo recolher-se no seu mundo próprio e reduzir-se à condição de simples técnico de um saber” sintoma este da grave crise moral de um país.
“Em anos de democracia pacífica, em que muita gente determinante se pôs de acordo sobre coisas importantes da vida nacional, não se encontrou ainda um consenso em matéria educativa. O que é educar e quais os melhores modelos educativos? Qual o lugar dos pais e do Estado em tão importante tarefa? Quem mantém como básico o princípio da igualdade na educação e o da personalização? Quem defende uma educação centrada na pessoa e ao serviço da sua realização própria com tudo o que isto significa? Como se situa a escola nisto tudo?” reflecte D. António Marcelino.
“A educação não pode deixar de assentar em valores morais e éticos, os únicos que estruturam interiormente pessoas livres e responsáveis” apelando para a soma dos esforços em vez do cruzamento de interesses.
E finaliza salientando que “educar não é o mesmo que distribuir computadores a torto e a direito ou calar os professores. Porém, o Ministério chama-se da Educação. Da qual? Há que dizê-lo, para que nos comecemos a entender, a dar sentido à escola e esperança ao país”.
D. António Marcelino, Bispo de Aveiro

1 comentário:

  1. Os pais não têm tempo ou não querem educar os filhos. Muitos, até já desistiram de o fazer, porque não têm força e apoio para remarem contra a corrente da desinformação e ideais subversivos que diariamente lhes entra pela porta, em livros, revistas e sobretudo na televisão.
    As políticas actuais, que nivelam tudo por baixo, e os exemplos de políticos e outros poderosos, dão a imagem de que a mentira e a corrupção não são males, porque se mantêm impunes.
    A justiça idem aspas.
    Os professores perderam a autoridade.
    E a delinquência é vista pelos psicólogos, apenas e só, como factor derivativo das desgraças económicas e sociais das famílias (mas não das desgraças morais), pelo que tudo se desculpa e nem se pode já dar uma palmada no rabo de um míúdo sob pena de se ir parar aos tribunais.
    Os jovens sentem-se apoiados na sua delinquência e sentem que o que fizeram hoje, podem voltar a fazer amanhâ.
    É certo que há muitas famílias problemáticas, mas se apenas os programas sociais e políticos se preocupam em tratar dos ramos sem primeiro terem preparado a terra que acolheu novas sementes, as raízes já não terão a seiva boa e suficiente, pelo que nunca mais se sairá de um cículo vicioso.
    Os pais não são apoiados na educação dos filhos, estes por sua vez, serão iguais aos pais.

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