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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Como seria a história da Igreja se...

Imaginemos por um momento uma Igreja, que desde o século II, tivesse imposto aos seus ministros ordenados a observância do celibato. Veríamos uma Igreja com um elenco chamativamente diferente de santos e papas.
Santo Agostinho, o arquitecto da visão cristã negativa da sexualidade, encontrou o momento adequado para os seus estudos e ensinamentos como secretário e porta voz do papa Dâmaso I, filho de um bispo.
  • Dois séculos antes, o filho de um sacerdote tinha-se convertido no papa Sixto (c. 116-125);
  • Houve santos que foram papas que geraram filhos que chegaram a ser papas e santos. O sucessor do papa Anastácio I (399-401) foi o seu filho, Santo Inocêncio I (401-417);
  • Um século mais tarde, o papa São Hormidas (514-523) teve um filho que também alcançou a dignidade do Romano Pontificie: São Silvério (536-537).

O mais surpreendente é que as festas destes Santos casados, vinculados entre si pelo mais alto cargo eclesiástico, mas também por laços familiares, não se encontrem recolhidas no Calendário Romano. Qual a razão? Tal omissão advirá do medo de que o reconhecimento público das suas vidas de homens casados possa favorecer a causa do celibato opcional?

  • O grande papa e doutor da Igreja, dos finais do século VI, Gregório I, era bisneto do papa Felix III e tetraneto do papa Felix II. É bom realçar que Gregório afirmou que o celibato tinha substituído o martírio como o grande testemunho a favor de Cristo e do Evangelho.
  • Entre os papas do primeiro milénio, aproximadamente um 12 deles eram filhos de sacerdotes.
  • O último papa casado foi Adriano II (867-872). O seu caso, como vimos, não é nenhuma excepção ou anomalia, mas trata-se apenas mais de um na série de esposos e pais, muitos deles aclamados como santos, que serviram a Igreja como bispos de Roma.
  • O número de bispos e padres casados durante os 12 primeiros séculos da história a Igreja é incalculável. O mesmo se pode dizer do número de bispos e padres celibatários dos 12 primeiros séculos.

Nesta época, teremos de concluir que depois do século XII, Deus decidiu não continuar a chamar ao sacerdócio à quem sentia a vocação matrimonial, à excepção, claro está, dos candidatos ao sacerdócio nas Igrejas Católicas orientais?

Actualmente, podemos argumentar contra os 12 séculos de história da Igreja, que a vocação ao matrimónio é incompatível com a vocação ao ministério ordenado, como se ambas se exclui-se mutuamente?

Segundo alguns, a lei do celibato liberta os sacerdotes das preocupações e exigências do matrimónio e da paternidade; preserva a Igrejas das tragédias que inevitavelmente afectam alguns matrimónios: infidelidade, distanciamento, divórcio, abusos conjugais... E, por outro lado, a Igreja não poderia sustentar economicamente o clero casado.

Sabia que há centenas (os números exactos não foram tornados públicos) de sacerdotes de rito latino casados que exercem activamente o ministério? Mas porque é que não se torna publico o numero exacto?

6 comentários:

  1. Não me parece haver qualquer razão do foro espiritual que impeça o matrimónio dos padres. A razão deve ser a sugerida: a Igreja não poderia sustentar economicamente o clero casado.
    É fácil constatar que a hereditariedade se aplica a todos os elementos psíquicos e físicos do homem, não havendo razões óbvias para excluir as tendências religiosas, pelo que o casamento dos sacerdotes traria imensas vantagens à Igreja e à sociedade: mais crianças com vocação sacerdotal que não teriam de se envergonhar da sua paternidade.

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  2. Conheci hoje este blog. Interessante.

    Há inumeras razões que aprovam e pedem o celibato aos sacerdotes, mesmo como vital ao seu ministério.
    Basta rever os diverssos escritos papais acerca disso.

    Contudo, permitam-me anunciar uma, que julgo ser de vital importância. O DIVÓRCIO. Não sou nenhum Jeremias, mas acredito que a partir do momento que os secerdotes se possam casar, não passará um ano, para que comece a surgir uma situação nova na Igreja de Cristo. O padre divorciado.
    Imaginem-no agora a celebrar um casamento... (não separe o homem o que Deus uniu)

    Pois, pois...

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  3. Caríssimo, já a algum tempo eu ando lendo o seu trabalho e vejo que embora o espaço seja aberto a debates, percebo que tudo é feito com muito respeito a Igreja de Cristo.

    Portanto, devo dizer que esse prêmio é merecido sim.

    Se quiser pegar no Dominus Vobiscum o nosso selo e colocá-lo aqui, sinta-se livre, afinal ele é seu.

    Pax Domini
    Cadú - Resp. Pelo Blog Dominus Vobiscum

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  4. Blog voz passou por aqui para dezejar um Santo Natal para blog Padres Inquietos que eu muito gosto de ler e para a sua paroquia.

    Antonio Assunção-- Voz do Goulinho

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  5. Em abstracto, não vejo nenhuma razão, seja de que ordem for, para que o sacerdócio seja exclusivo dos celibatários. Na prática e no contexto actual, porém, muitissimo diferente do dos séculos em que houve papas casados, estamos no século XXI, como casado que sou e pai de 4 filhos, não tenho dúvidas de que o celibato é muito mais propício a um bom desempenho do múnus sacerdotal. Creio mesmo que Bispos e Papas, só em celibato poderão ser exercidos. Agora, penso que deveria haver liberdade de acesso e de exercício presbiteral, quer como casados quer como solteiros. O destino de cada uma destas "classes" é que deveria ser regulado adequadamente.

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  6. Podem fazer um post com este trailer?

    http://www.youtube.com/watch?v=VZ3QvIdyQZE

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