Para os africanos, ter mulher e filhos é uma benção do céu. Uma mentali-dade partilhada por padres e bispos, que aceitam o celibato, porque não têm mais remédio, mas, na práctica, muitos deles mantem uma familia com total naturali-dade, apesar de Roma continuar a insistir no celibato obrigatorio e não admiter excepções.
Por isso, acaba de destituir monsenhor Paulin Pomodimo, arcebispo de Bangui, e monsenhor François-Xavier Yombandje, bispo de Bassangoa e presidente da Conferencia Episcopal da República Centro-africana.
São dois dos mais importantes bispos do pais centro-africano. Sobretudo, monsenhor Pomodimo que, a seus 55 anos, era arzobispo da capital, tinha sido presidente dol episcopado e, para além disso, teve um papel importante como mediador no recente conflicto que assolou o país.
Na passada Terça-Feira, o Vaticano confirmava que Bento XVI tinha aceitado as dimisiones do arcebispo de Bangui, Paulin Pomodimo, e do bispo de Bossangoa, François-Xavier Yombandje, de 52 anos. Roma não referia a causa das dimissões dos prelados e só depois veio a saber-se que tinham sido forçadas. No entanto, ambas as dimissões acontecem depois da visita ao país do arcebispo guineeense Robert Sarah, secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, a qual é dirigida pelo cardenal indiano Ivan Dias. Trata-se do dicastério romano do qual dependem os episcopados dos chamados “países de missão”.
A investigação do enviado romano teria concluido que o arcebispo Pomodimo mantinha “uma actitude moral que nem sempre está de acordo com a decisão de seguir a Cristo em castidade, pobreza e obediência”.
O visitador do vaticano não foi mais além na sua alusão ao arcebispo. Mas, deixou entrever o motivo da sua destituição. E acrescenta, falando em geral, sustem que “muitos sacerdotes do clero local têm mulheres e filhos”. E depois de denunciar os padres que tem “uma vida dupla”, convia aos que nesta situação a abandonarem o “ministério”. Talvez por isso, numa carta aberta ao clero da República Centro-Africana, o seu chefe directo, o cardenal Dias, denuncia que “o Corpo de Cristo recebeu muitas manchas por causa dos comportamentos escan-dalosos dos sacerdotes”. E acrescenta: “Não têm qualquer sentido negar o que todo o mundo sabe. Nem é necessário julgar os motivos e as circunstâncias do mal cometido. Membros do clero nacional, diocesano e religioso, são, de uma ou outra forma, cumplices da actual situação, e cada qual terá que assumir a sua própria culpa na proporção da responsabilidade pessoal”.
No entanto os padres da Republica Centro-Africana não pensam o mesmo que as autoridades romanas. De facto, como sinal evidente do respeito e do carinho que ptem para com o arcebispo de Bangui, na passada Quarta-Feira anunciaram que fariam greve e, portanto, não celebrariam nenhum sacramento.
Hoje, no entanto, recuraram e prometem protestar mas sem causar prejuízos aos seus fieis. Os padres do país consideram que estão a ser “vítimas de uma campanha desprestigiante dentro e fora do país”. Reunidos no passado dia 24 na catedral de Bangui, os padres manifestaram-se contra a dimissão do Monsenhor Pomodimo e acusaram o Nuncio do Papa de analisar a situação de uma forma “discriminatória parcial e selectiva”. Asseguram, para além disso, que os bispos e os sacerdotes brancos do país são “responsáveiss por prácticas similares”.
A República Centro-Africana tem 9 dioceses para atender os 4.500.000 habitantes do país.
Fonte: Religión Digital