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segunda-feira, dezembro 31, 2007

40 mil jovens celebram a passagem de ano a rezar

Cristãos de toda a Europa em Genebra para viver uma passagem de ano diferente, ao estilo de Taizé

40 mil jovens estão a participar no Encontro Europeu de Jovens em Genebra, promovido pela comunidade ecuménica de Taizé até 1 de Janeiro próximo.

Dando continuidade aos Encontros de Zagreb, Milão, Lisboa, Hamburgo, Paris ou Budapeste, o Encontro de Genebra será uma nova etapa da «Peregrinação de Confiança através da Terra», lançada pelo irmão Roger há mais de 25 anos. Simbolicamente, o encontro acontece na terra natal do fundador da comunidade ecuménica.


As dezenas de milhares de jovens de toda a Europa e também dos outros continentes receberam uma carta do irmão Alois, o sucessor do irmão Roger. Intitulada «Carta de Cochabamba», escrita na Bolívia durante um recente encontro de jovens latino-americanos animado pela Comunidade de Taizé, este texto vai inspirar a reflexão dos jovens reunidos até ao dia 1 de Janeiro em toda a região à volta de Genebra.


Há quatro perguntas no final da carta do irmão Alois. Estas perguntas estarão no centro dos tempos de partilha que terão lugar todas as manhãs nos 160 pontos de acolhimento. Elas serão retomadas de distintas formas durante os 25 encontros de reflexão nas tardes dos dias 29 e 31, na Palexpo. São estas as perguntas:

- Em situações de conflito, saberemos escutar o outro?

- Saberemos procurar uma repartição mais justa dos bens?

- Seremos próximos daqueles que são mais pobres do que nós?

- Seremos capazes de chegar ao ponto de perdoar?

O que faz hoje o padre do filme "A tentação"

Nascido em Vila Verde, há 42 anos, o padre Aloísio de Araújo fez a sua formação escolar e teológica nos seminários Menor e Maior de Braga. Ordenado no início da década de 90, foi capelão militar – chegou ao posto de tenente – e pároco de Sequeiros, Souto e S. Mateus da Ribeira, nos arciprestados de Amares e Terras de Bouro.
Amigo, presente e empreendedor – ainda hoje têm grande utilidade os centros de dia que ajudou a construir.
A Igreja perdoou o seu erro e, hoje, Aloísio de Araújo é o coordenador das Missões Católicas de Língua Portuguesa da Suíça, com mandato até 2012. Tem à sua responsabilidade um universo de 170 mil fiéis.
E ecos helvéticos asseguram que é tão admirado como o era por terras bracarenses.
Testemunho de D. Eurico Dias Nogueira
Foi um período muito complicado aquele que atravessou o padre Aloísio após cair em tentação. Do céu ao inferno, foi um pequeno passo em falso. A escalada inversa levou mais tempo, mas a verdade é que o atingiu. Com a ajuda de Deus, diz ele, e com a ajuda do então arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, diz toda a Igreja, conseguiu levantar-se. Com o apoio do responsável eclesiástico, fez tratamentos em Espanha e Inglaterra e recuperou. Aliás, “ressuscitou”. É que, para além de ter largado a droga, continuou a ser aquilo que sempre foi: um padre. Hoje com fiéis devotos na Suíça e outros com saudade em Portugal.
“Todos na aldeia sonham com o regresso do nosso padre. Quando ele foi embora, foi chorado em tudo o que era canto. Se voltasse, era bem recebido”, sublinha Cândida de 60 anos.
“Fez o máximo pela freguesia. Era mexido e sabia pressionar as pessoas certas. Isto aqui era tudo casas abandonadas”, afirma o senhor António, de 82 anos, apontando para o Centro: “ Não tenho memória de outro padre tão bom para Souto”.
Fonte: Correio da manhã

domingo, dezembro 30, 2007

2 milhões de pessoas participam na manifestação, a favor da família cristã

Os organizadores desta manifestação popular asseguram que se trata de um "acto religioso familiar, sem nenhuma pretensão política", por isso pediram a todos as pessoas que não exibam cartazes, nem bandeiras.

No entanto, reconhecem que se trata de um "protesto contra o Governo", presidido por José Luís Rodriguez Zapatero, por ter legalizado os casamentos homossexuais e por ter tornado mais ágeis os divórcios.

"Só a Família Tradicional Dá à Criança o Que Ela Precisa"

Há 15 anos que David Popenoe, sociólogo da família, co-director do Projecto Nacional da Família, da Universidade de Rutgers, em New Jersey, Estados Unidos, alerta para a degradação do modelo familiar tradicional e sobre o que isso implica para a sociedade.

Eis a pergunta que mais o perseguiu: "Por que é que a América não quer falar nisto?"

Quando David Popenoe começou a estudar a degradação do modelo familiar, o ponto de vista da comunidade académica e das elites norte-americanas era de que nada de errado se passava com as famílias e que não havia razão para preocupações. Mas Popenoe mergulhou nos dados e viu que algo estava errado. Os divórcios aumentaram duas vezes e meia e os nascimentos fora do casamento cresceram de cinco para 33 por cento, entre 1960 e 1990. Para além disso, a percentagem de crianças criadas por um único membro do casal aumentou dramaticamente.

Decidiu então escrever o primeiro de muitos livros sobre a viragem no conceito de família, não só nos Estados Unidos mas no mundo, no sentido de perceber o que se passava. Debruçou-se sobre a ausência do papel do pai em "Um mundo sem pai", a sua primeira obra.
"Sentíamos que podíamos ser uma ajuda enorme para muitas pessoas e fomentar o debate nos EUA nesta matéria", defende. Hoje acredita que as pessoas reconhecem que o conceito de família mudou e que as crianças têm sofrido muito com isso. "O debate chegou agora a uma fase em que temos de decidir o que fazer."

- Defende que o papel do pai no casamento, numa família tradicional, é importante para o desenvolvimento do indivíduo. Numa sociedade em que esse modelo familiar está em mudança, quais foram as reacções ao que defendeu?
R - Nos últimos 40 anos, assistiu-se a uma degradação do modelo tradicional de família. Passou-se de 17 por cento de casos de crianças privadas da presença do seu pai biológico, na década de 60, para 34 por cento hoje em dia, o que é o dobro. Qual é o problema? Por que é que os pais abandonam as crianças? É a isso que eu gostaria de responder. Penso que 85 por cento das pessoas acreditam que é importante responder a esta questão. Mas a elite, os académicos e até os sociólogos, acham que não é importante e têm dúvidas. Acreditam que há vários modelos de família que podem ser tão bons como o tradicional e que há muito apoio para os pais e mães solteiros, para os casais homossexuais.

- E em relação à ausência da mãe?

R - Bem, provavelmente é melhor ter mãe sem pai do que o inverso, se a situação for optar por um deles. A razão prende-se com laços biológicos e as mães têm maior ligação com a criança. Mas não é comum uma mãe abandonar os filhos, ao contrário do que acontece com os pais. É muito comum o homem abandonar os filhos.

P - Quais os efeitos na criança quando falamos nas consequências dos novos modelos familiares?

R - Sabemos que todas as crianças criadas em famílias que não sejam o modelo tradicional, com um pai e uma mãe, tem duas a três vezes mais problemas no futuro do que as outras criadas dentro do casamento, com pai e mãe. Delinquência juvenil, gravidez adolescente, maus casamentos, escolaridade inacabada. Há de facto uma deterioração do bem-estar infantil à medida que as famílias se foram deteriorando, nos últimos 40 anos. Não sei o que podemos fazer para o evitar. Os países precisam de se debruçar sobre este problema social.

- O que podemos dizer de novos modelos de família em que há filhos de outros casamentos de ambas as partes: os meus, os teus, os nossos...

R - Quando começámos este debate dos lares despedaçados, o argumento que se usava para contrariar a minha tese é que a maioria das pessoas que se divorciavam acabavam por casar outra vez. Portanto, havia a figura do padrasto, que não se devia desprezar. Mas o que os nossos dados, reunidos nos últimos 10 a 15 anos, provaram foi que as famílias de segundos casamentos são muito idênticas às formadas apenas por um único membro, pai ou mãe. De facto, os dados são tão significativos que podemos chegar até a sugerir que as pessoas não casem uma segunda vez. Não há vantagem, para além da económica. Há muita tensão, os casos de abuso de menores aumentam. Falando resumidamente, as famílias de segundos casamentos não conseguirão nunca substituir a família biológica.

P - Padrastos e madrastas nunca substituem o papel dos pais biológicos.

R - Não quero dizer que não o consigam. Falo sempre de um modo sociológico, geral. O facto é que as consequências negativas no desenvolvimento da criança aumentam entre as famílias originárias de segundos casamentos

Cristãos, Muçulmanos e Judeus defendem família tradicional

A defesa da “família tradicional” uniu representantes Cristãos, Muçulmanos e Judeus na Internacional de Doha (Qatar.
O documento final do encontro, a “Declaração de Doha”, sublinha que “a família é a célula natural e essencial da sociedade”, pedindo-se aos governantes que “promulguem e apliquem políticas que reforcem a estabilidade do casamento”.

A “Declaração de Doha” frisa a importância de “atender às normas religiosas e morais que contribuem para a estabilidade cultural e o progresso social”.
Itálico
O Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Conselho Pontifício para a Família, afirmou que a família é uma Instituição anterior ao Estado, defendendo que “nenhum governo tem o direito de mudar a definição de família ou de matrimónio”.

“Em todas as culturas e religiões há uma verdade presente: a família está baseada no matrimónio, o único lugar válido e apropriado para o amor conjugal”.


No Dia da Festa da Sagrada Familia, afirmemos a nossa convicção na importância da familia e dos valores da familia para a sociedade.

A Conferência de Doha, que comemora o décimo aniversário do Primeiro Ano Internacional da Família, examinou o parágrafo 3 do artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde se lê: “a família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção da sociedade e do Estado”.

Família Humana, Comunidade de Paz

Mensagem de Bento XVI para a celebração do Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2008

1. No início de um novo ano, desejo fazer chegar os meus ardentes votos de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos homens e mulheres do mundo inteiro; faço-o, propondo à reflexão comum o tema com que abri esta mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana, comunidade de paz. Com efeito, a primeira forma de comunhão entre pessoas é a que o amor suscita entre um homem e uma mulher decididos a unir-se estavelmente para construírem juntos uma nova família. Entretanto, os povos da terra também são chamados a instaurar entre si relações de solidariedade e colaboração, como convém em membros da única família humana: «Os homens – sentenciou o Concílio Vaticano II – constituem todos uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez habitar em toda a terra o inteiro género humano (Act 17, 26); têm também todos um só fim último, Deus».(1)

Família, sociedade e paz

2. A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher,(2) constitui «o lugar primário da ‘‘humanização'' da pessoa e da sociedade»,(3) o «berço da vida e do amor».(4) Por isso, a família é justamente designada como a primeira sociedade natural, «uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas, como protótipo de todo o ordenamento social».(5)


3. Com efeito, numa vida familiar «sã» experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs; a função da autoridade manifestada pelos pais; o serviço carinhoso aos membros mais débeis, porque pequenos doentes ou idosos; a mútua ajuda nas necessidades da vida; a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe. Por isso, a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz. Não admira, pois, que a violência, quando perpetrada em família, seja sentida como particularmente intolerável. Deste modo, quando se diz que a família é «a primeira célula vital da sociedade»,(6) afirma-se algo de essencial. A família é fundamento da sociedade inclusivamente porque permite fazer decisivas experiências de paz. Devido a isso, a comunidade humana não pode prescindir do serviço que a família realiza. Onde poderá o ser humano em formação aprender melhor a apreciar o «sabor» genuíno da paz do que no «ninho» primordial que a natureza lhe prepara? A linguagem familiar usa um léxico de paz; aqui é necessário recorrer sempre para não perder o uso do vocabulário da paz. Na inflação das linguagens, a sociedade não pode perder a referência àquela «gramática» que cada criança aprende dos gestos e olhares da mãe e do pai, antes mesmo das suas palavras.


4. Uma vez que a família tem o dever de educar os seus membros, a mesma é titular de direitos específicos. A própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, que constitui uma aquisição de civilização jurídica de valor verdadeiramente universal, afirma que «a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a ser protegida pela sociedade e pelo Estado».(7) Por seu lado, a Santa Sé quis reconhecer uma especial dignidade jurídica à família, publicando a Carta dos Direitos da Família. Lê-se no Preâmbulo: «Os direitos da pessoa, ainda que expressos como direitos do indivíduo, têm uma dimensão social fundamental, que encontra na família a sua expressão originária e vital».(8) Os direitos enunciados na Carta são expressão e explicitação da lei natural, inscrita no coração do ser humano e que lhe é manifestada pela razão. A negação ou mesmo a restrição dos direitos da família, obscurecendo a verdade sobre o homem, ameaça os próprios alicerces da paz.


5. Deste modo quem, mesmo inconscientemente, combate a instituição familiar, debilita a paz na comunidade inteira, nacional e internacional, porque enfraquece aquela que é efectivamente a principal «agência» de paz. Este é um ponto que merece especial reflexão: tudo o que contribui para debilitar a família fundada sobre o matrimónio de um homem e uma mulher, aquilo que directa ou indirectamente refreia a sua abertura ao acolhimento responsável de uma nova vida, o que dificulta o seu direito de ser a primeira responsável pela educação dos filhos, constitui um impedimento objectivo no caminho da paz. A família tem necessidade da casa, do emprego ou do justo reconhecimento da actividade doméstica dos pais, da escola para os filhos, de assistência sanitária básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham a ajudar a família nestes campos, privam-se de um recurso essencial ao serviço da paz. De forma particular os meios de comunicação social, pelas potencialidades educativas de que dispõem, têm uma responsabilidade especial de promover o respeito pela família, de ilustrar as suas expectativas e os seus direitos, de pôr em evidência a sua beleza.


A humanidade é uma grande família

6. A própria comunidade social, para viver em paz, é chamada a inspirar-se nos valores por que se rege a comunidade familiar. Isto vale tanto para as comunidades locais como nacionais; mais, vale para a própria comunidade dos povos, para a família humana que vive nesta casa comum que é a Terra. Numa tal perspectiva, porém, não se pode esquecer que a família nasce do «sim» responsável e definitivo de um homem e de uma mulher e vive do «sim» consciente dos filhos que pouco a pouco passam a fazer parte dela. Para prosperar, a comunidade familiar tem necessidade do consenso generoso de todos os seus membros. É preciso que esta consciência se torne convicção partilhada também por quantos são chamados a formar a família humana comum. É necessário saber dizer o «sim» pessoal a esta vocação que Deus inscreveu na nossa própria natureza. Não vivemos uns ao lado dos outros por acaso; estamos todos a percorrer um mesmo caminho como homens e por isso como irmãos e irmãs. Desta forma, é essencial que cada um se empenhe por viver a própria vida em atitude de responsabilidade diante de Deus, reconhecendo n'Ele a fonte originária da existência, própria e alheia. É subindo até este Princípio supremo que se pode perceber o valor incondicional de todo o ser humano, colocando as premissas para a edificação duma humanidade pacificada. Sem este Fundamento transcendente, a sociedade é apenas uma agregação de vizinhos, e não uma comunidade de irmãs e irmãos chamados a formar uma grande família.


Família, comunidade humana e ambiente


7. A família precisa duma casa, dum ambiente à sua medida onde tecer as próprias relações. No caso da família humana, esta casa é a Terra, o ambiente que Deus criador nos deu para que o habitássemos com criatividade e responsabilidade. Devemos cuidar do ambiente: este foi confiado ao homem, para que o guarde e cultive com liberdade responsável, tendo sempre como critério orientador o bem de todos. Obviamente, o ser humano tem um primado de valor sobre toda a criação. Respeitar o ambiente não significa considerar a natureza material ou animal mais importante do que o homem; quer dizer antes não a considerar egoisticamente à completa disposição dos próprios interesses, porque as gerações futuras também têm o direito de beneficiar da criação, exprimindo nela a mesma liberdade responsável que reivindicamos para nós. Nem se hão-de esquecer os pobres, em muitos casos excluídos do destino universal dos bens da criação. Actualmente a humanidade teme pelo futuro equilíbrio ecológico. Será bom que as avaliações a este respeito se façam com prudência, no diálogo entre peritos e cientistas, sem acelerações ideológicas para conclusões apressadas e sobretudo pondo-se conjuntamente de acordo sobre um modelo de progresso sustentável, que garanta o bem-estar de todos no respeito dos equilíbrios ecológicos. Se a tutela do ambiente comporta os seus custos, estes devem ser distribuídos com justiça tendo em conta a disparidade de desenvolvimento dos vários países e a solidariedade com as futuras gerações. Prudência não significa deixar de assumir as próprias responsabilidades e adiar as decisões; significa antes assumir o empenho de decidir juntos depois de ter ponderado responsavelmente qual a estrada a percorrer, com o objectivo de reforçar aquela aliança entre ser humano e ambiente que deve ser espelho do amor criador de Deus, de Quem provimos e para Quem estamos a caminho.


8. A tal propósito, é fundamental «sentir» a terra como «nossa casa comum» e escolher, para uma gestão da mesma ao serviço de todos, a estrada do diálogo em vez de decisões unilaterais. Podem-se aumentar, se for necessário, os lugares institucionais a nível internacional, para se enfrentar conjuntamente o governo desta nossa «casa»; mas, o que mais conta é fazer amadurecer nas consciências a convicção da necessidade de colaborar responsavelmente. Os problemas que se desenham no horizonte são complexos e o tempo escasseia. Para fazer frente de maneira eficaz à situação, é preciso agir de comum acordo. Um âmbito onde seria particularmente necessário intensificar o diálogo entre as nações é o da gestão dos recursos energéticos do planeta. A tal respeito, uma dupla urgência preme sobre os países tecnologicamente avançados: é preciso, por um lado, rever os elevados níveis de consumo devido ao modelo actual de progresso e, por outro, providenciar adequados investimentos para a diferenciação das fontes de energia e o melhoramento da sua utilização. Os países emergentes sentem carência de energia, mas às vezes esta carência é remediada prejudicando os países pobres, que, pela insuficiência das suas infra-estruturas nomeadamente tecnológicas, se vêem obrigados a vender ao desbarato os recursos energéticos em seu poder. Às vezes a sua própria liberdade política é posta em discussão por formas de protectorado ou, em todo o caso, de condicionamento que acabam por ser claramente humilhantes.


Família, comunidade humana e economia


9. Condição essencial para a paz nas famílias é que estas assentem sobre o alicerce firme de valores espirituais e éticos compartilhados. No entanto, é preciso acrescentar que a família experimenta autenticamente a paz quando a ninguém falta o necessário, e o património familiar – fruto do trabalho de alguns, da poupança de outros e da colaboração activa de todos – é bem gerido na solidariedade, sem excessos nem desperdício. Para a paz familiar, portanto, é necessária a abertura a um património transcendente de valores, mas, simultaneamente, há que não menosprezar a sapiente gestão quer dos bens materiais quer das relações entre as pessoas. O falhanço nesta componente tem como consequência a quebra da confiança recíproca devido às perspectivas incertas que passam a pairar sobre o futuro do núcleo familiar.


10. O mesmo se diga daquela grande família que é a humanidade no seu todo. De facto a família humana, que hoje aparece ainda mais interligada pelo fenómeno da globalização, além de um alicerce de valores compartilhados, tem necessidade também de uma economia que corresponda verdadeiramente às exigências de um bem comum com dimensões planetárias. A referência à família natural revela-se, sob este ponto de vista também, singularmente sugestiva. Entre os indivíduos humanos e entre os povos, é preciso promover relações correctas e sinceras, que permitam a todos colaborarem num plano de paridade e justiça. Ao mesmo tempo, tem de se trabalhar por uma sábia utilização dos recursos e uma equitativa distribuição da riqueza. De forma particular, as ajudas concedidas aos países pobres devem obedecer a critérios duma lógica económica sã, evitando desperdícios que no fim de contas resultam sobretudo do funcionamento de custosos aparelhos burocráticos. É preciso ter em devida conta também a exigência moral de fazer com que a organização económica não obedeça somente às duras leis do lucro imediato, que se podem revelar desumanas.


Família, comunidade humana e lei moral


11. Uma família vive em paz se todos os seus componentes se sujeitam a uma norma comum: é esta que impede o individualismo egoísta e que mantém unidos os indivíduos, favorecendo a sua coexistência harmoniosa e laboriosidade para o fim comum. Tal critério, em si óbvio, vale também para as comunidades mais amplas: desde as locais passando pelas nacionais, até à própria comunidade internacional. Para se gozar de paz, há necessidade duma lei comum que ajude a liberdade a ser verdadeiramente tal, e não um arbítrio cego, e que proteja o fraco da prepotência do mais forte. Na família dos povos, verificam-se muitos comportamentos arbitrários, seja dentro dos diversos Estados seja nas relações destes entre si. Além disso, não faltam situações em que o fraco tem de inclinar a cabeça não frente às exigências da justiça mas à força nua e crua de quem possui mais meios do que ele. É preciso repeti-lo: a força há-de ser sempre disciplinada pela lei, e isto mesmo deve acontecer também nas relações entre Estados soberanos.


12. Sobre a natureza e a função da lei, já muitas vezes se pronunciou a Igreja: a norma jurídica que regula as relações das pessoas entre si, disciplinando os comportamentos externos e prevendo também sanções para os transgressores, tem como critério a norma moral assente na natureza das coisas. A razão humana, por sua vez, é capaz de discerni-la, pelo menos nas suas exigências fundamentais, subindo assim até à Razão criadora de Deus que está na origem de todas as coisas. Esta norma moral deve regular as opções das consciências e guiar todos os comportamentos dos seres humanos. Existirão normas jurídicas para as relações entre as nações que formam a família humana? E, se existem, serão operativas? Eis a resposta: sim, as normas existem, mas para fazer com que sejam verdadeiramente operativas é preciso subir até à norma moral natural como base da norma jurídica; de contrário, esta fica à mercê de frágeis e provisórios consensos.


13. O conhecimento da norma moral natural não está vedado ao homem que entre em si mesmo e, tendo diante dos olhos o próprio destino, se interrogue sobre a lógica interna das mais profundas inclinações presentes no seu ser. Embora com perplexidades e incertezas, ele pode chegar a descobrir, pelo menos nas suas linhas essenciais, esta lei moral comum que, independentemente das diferenças culturais, permite aos seres humanos entenderem-se entre si quanto aos aspectos mais importantes do bem e do mal, do justo e do injusto. É imprescindível subir até esta lei fundamental, empenhando nesta pesquisa as nossas melhores energias intelectuais sem deixar-se desanimar por equívocos nem confusões. Com efeito, valores radicados na lei natural estão presentes, ainda que de forma fragmentária e nem sempre coerente, nos acordos internacionais, nas formas de autoridade universalmente reconhecidas, nos princípios do direito humanitário recebido nas legislações dos diversos Estados ou nos estatutos dos organismos internacionais. A humanidade não está «sem lei». É urgente, porém, prosseguir o diálogo sobre estes temas, favorecendo a convergência das próprias legislações dos diversos Estados sobre o reconhecimento dos direitos humanos fundamentais. O crescimento da cultura jurídica no mundo depende, para além do mais, do esforço de tornar as normas internacionais sempre substanciosas de conteúdo profundamente humano, para evitar a sua redução a procedimentos facilmente contornáveis por motivos egoístas ou ideológicos.


Superação dos conflitos e desarmamento

14. A humanidade vive hoje, infelizmente, grandes divisões e fortes conflitos que lançam densas sombras sobre o seu futuro. Temos vastas áreas do planeta envolvidas em tensões crescentes, enquanto o perigo de se multiplicarem os países detentores de armas nucleares cria motivadas apreensões em toda a pessoa responsável. Há ainda muitas guerras civis no continente africano, embora também se tenham registado em vários dos seus países progressos na liberdade e na democracia. O Médio Oriente continua a ser teatro de conflitos e atentados, que não deixam de influenciar nações e regiões limítrofes com o risco de arrastá-las na espiral da violência. A nível mais geral, há que registar, com tristeza, um número maior de Estados envolvidos na corrida aos armamentos: temos até nações em vias de desenvolvimento que destinam uma quota importante do seu magro produto interno para a compra de armas. Neste funesto comércio, são muitas as responsabilidades: há os países do mundo industrialmente desenvolvido que arrecadam avultados lucros da venda de armas e temos as oligarquias reinantes em muitos países pobres que pretendem reforçar a sua posição com a aquisição de armas cada vez mais sofisticadas. Em tempos tão difíceis, é verdadeiramente necessária a mobilização de todas as pessoas de boa vontade para se encontrarem acordos concretos que visem uma eficaz desmilitarização, sobretudo no campo das armas nucleares. Nesta fase em que o processo de não-proliferação nuclear marca passo, sinto-me no dever de exortar as Autoridades a retomarem, com a mais firme determinação, as conversações em ordem ao desmantelamento progressivo e concordado das armas nucleares existentes. Ao renovar este apelo, sei que dou voz a um desejo compartilhado por quantos têm a peito o futuro da humanidade.


15. Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas tornava pública, de maneira solene, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Com tal documento, a família humana reagia aos horrores da II Guerra Mundial, reconhecendo a sua própria unidade assente na igual dignidade de todos os homens e pondo, no centro da convivência humana, o respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos e dos povos: tratou-se de um passo decisivo no árduo e empenhativo caminho da concórdia e da paz. Merece também menção especial a passagem do 25.º aniversário da adopção pela Santa Sé da Carta dos Direitos da Família (1983-2008), bem como o 40.º aniversário da celebração do primeiro Dia Mundial da Paz (1968-2008). Fruto duma providencial intuição do Papa Paulo VI, retomada com grande convicção pelo meu amado e venerado predecessor, Papa João Paulo II, a celebração deste Dia proporcionou ao longo dos anos a possibilidade de a Igreja desenvolver, através das Mensagens publicadas para tal circunstância, uma doutrina elucidativa em defesa deste bem humano fundamental. É precisamente à luz de tais significativas comemorações que convido todo o homem e toda a mulher a tomarem consciência mais lúcida da sua pertença comum à única família humana e a empenharem-se para que a convivência sobre a terra espelhe cada vez mais esta convicção, da qual depende a instauração de uma paz verdadeira e duradoura. Em seguida, convido os crentes a implorarem de Deus, sem cessar, o grande dom da paz. Os cristãos, por seu lado, sabem que podem confiar-se à intercessão d'Aquela que, sendo Mãe do Filho de Deus encarnado para a salvação da humanidade inteira, é Mãe comum.

A todos desejo um feliz Ano Novo!

Vaticano, 8 de Dezembro de 2007
BENEDICTUS PP. XVI

quarta-feira, dezembro 26, 2007



Duas maneiras de encarar a Igreja:
  • Alguns acham que o Papa (entre outras coisas) deve utilizar paramentos simples e sóbrios;

  • outros (entre os quais o actual mestre de cerimónias - Guido Marini) acha que o papa deve usar paramentos ornados com pedras preciosas (veja a Mitra) mesmo no dia de Natal!!!

E TU O QUE ACHAS? A Igreja deve ser para o mundo um sinal de simplicidade e sobriedade ou de riqueza e ostentação?

Lider católico pede ao Vaticano para reconsiderar posição sobre o celibato

O presidente da Conferência de Bispos Católicos de Inglaterra e País de Gales, Murphy O'Connor, voltou hoje a defender que o Vaticano deveria permitir a ordenação de homens casados.

O também arcebispo de Westminster reassumiu a sua posição de que a hierarquia máxima da Igreja Católica deveria repensar a sua posição quanto ao celibato do clero.

"Temos alguns antigos anglicanos nas nossas dioceses que estão casados. Se me perguntam se a Igreja poderia alterar e permitir a ordenação de muitos homens casados, a minha resposta seria sim".

Em 2000, pouco depois de ser nomeado arcebispo de Westminster, Murphy O'Connor provocou uma grande polémica mediática, ao declarar que o celibato entre os sacerdotes "é uma norma eclesiástica que se poderia alterar" e que da sua regulação "se falará do futuro".
Veja a noticia aqui
Quem dera que houvesse mais coragem entre os cardeias e os bispos. Que não manifestassem apenas privadamente a sua opinião , mas também o fizessem publicamente.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Padre Aires, treinador de futsal, foi sequestrado e espancado quando ia celebrar a Missa do Galo

O padre António Aires, um dos mais conhecidos da região, também pela sua ligação ao futsal, tendo já sido treinador das equipas do Macedense, UTAD e Alijoense, foi sequestrado e espancado quando se deslocava para Alijó para celebrar a Missa do Galo à meia-noite de segunda-feira.

Padre Aires terá sido alegadamente desviado para um local ermo, junto a uma barragem, por um grupo de indivíduos. Terá sido "retirado do carro e espancado", tendo sido abandonado no local sem lhe ter sido roubado nada. Terá sido despido e preso a uma árvore, de onde se terá conseguido soltar e deslocar a pé alguns quilómetros até às casas mais próximas, onde pediu ajuda.

Depois de assistido no centro de saúde de Alijó, revelando alguns hematomas e escoriações, o pároco foi transportado para o Hospital de Vila Real onde ficou em observações até ao final da manhã. Já teve alta e está em casa a descansar.
Fonte: Jornal o Jogo

segunda-feira, dezembro 24, 2007

O PAI-NATAL da Coca-cola

O Pai Natal é inspirado na imagem de São Nicolau, bispo de Bari, Itália, que na época natalícia distribuía presentes às crianças pobres. A generosidade e bondade desse homem do século IV gerou lendas. É o santo padroeiro da Rússia e da Grécia, de instituições de caridade, de crianças, marinheiros, mulheres solteiras, comerciantes. Milhares de igrejas europeias foram-lhe dedicadas.

O Pai Natal, com a rena, o trenó, que voa e aterra em telhados, é um história que Clement Moore escreveu em 1882 para a sua família. Entre 1863 e 1886, a Harper's Weekly (famosa revista da época) publicou uma série de gravuras de Thomas Nast, com o Pai Natal a ler as cartas dos meninos que pediam prendas.

A imagem do Pai Natal, hoje institucionalizada, foi usada nas propagandas da Coca Cola entre 1931 e 1964.
Foi uma grande jogada publicitária.



A todos os cristãos, o papa Bento XVI deixou ontem um desafio: "Que todos os cristãos e todas as comunidades sintam a alegria de partilhar com os outros a Boa Notícia de que 'Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito para que o mundo seja salvo por seu intermédio'. É este o autêntico sentido do Natal, que há que redescobrir e viver intensamente sempre de novo".

As palavras de Bento XVI apelam para um Natal centrado na figura de Jesus. Mas este quase passa desapercebido entre o monte de prendas junto à árvore. Prendas cheias de boa vontade, mas cada vez mais longe do espírito original da quadra.

A atitude religiosa de celebrar o nascimento do Filho de Deus, em todo o mundo, é cada vez mais transformada numa atitude humanista da partilha, de convívio, de promoção de gestos de solidariedade. O Natal é, cada vez mais, um gesto de humanismo e menos uma manifestação de crença. As iluminações, as decorações, a árvore de natal e o presépio, a música-ambiente, promovem um ambiente franterno. Mas o consumo é cada vez mais um elemento central.

Qual o Natal que queremos celebrar?

O Natal do Pai-Natal, do consumismo ou até do humanismo ou Natal da Boa Noticia: "Deus amou tanto o mundo que enviou o Seu Filho, JESUS CRISTO.

O Reino Unido tem maioria católica

A Igreja Anglicana perde terreno
Reino Unido tem maioria católica

Uma viragem histórica que parece confirmar o declínio da Igreja Anglicana após quatro séculos de domínio absoluto em terras britânicas.

De acordo com um estudo realizado pelo grupo Christian Research e publicado ontem no ‘Sunday Telegraph’, durante o ano de 2006 cerca de 861 mil fiéis católicos foram à missa todas as semanas, contra apenas 852 mil anglicanos que frequentaram regularmente os serviços religiosos da Igreja de Inglaterra. É a primeira vez que o número de fiéis católicos ultrapassa o número de anglicanos.

Ainda de acordo com o estudo, o número de fiéis anglicanos caiu para cerca de metade nos últimos quarenta anos.

Fonte: Correio da Manhã

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Ñesta QUADRA NATALICIA não faltam oportunidades de ser bom...

Uma das preocupações que me acompanhou, e acompanha, ao longo dos tempos foi a de tentar encontrar receitas para os problemas/oportunidades com que a vida me e nos vai brindando a todos. (...)
Nos palcos de decisão e orientação, além da Providência temos de contar Connosco próprios.
Vai daí, há que, efectivamente, estudar cenários, e sobretudo, planos de acção.
Tem isto a ver, ou não, na minha congeminação com esta autêntica overdose de tentativas de nos sacarem dinheiro (as ditas cujas receitas) em nome de boas intenções (ou Instituições, se quiserem...). Já não basta o nosso Estado fazer o que lhe compete, diga-se, agora, e nesta época, então, nada há à Venda que não seja para ajudar em CRISTO (normalmente muito pouco) a Associação P, o Clube R, o Jantar H... (deve ser o leitmotiv de 80 a 90% das campanhas publicitárias, festas de televisão, jantares de confraternização, sorteios das mais variadas coisas, compras de tudo um pouco).
Até mete medo tanta oportunidade de sermos bons. Quase que ficamos com problemas de consciência, por não comprarmos o que não nos faz falta, porque assim não vamos ajudar quem dizem que precisa e que vão ajudar...
Um Conselho, e não levo nada: demos directamente a quem precisa... (até acho que nos fica mais barato (sim, chamem-me sovina) e, tenho a certeza, ajudamos mais, muito mais!

Natal só tem sentido com Jesus (Bento XVI)

Bento XVI deixou hoje uma forte interpelação aos cristãos de todo o mundo, questionando-os sobre o sentido de celebrar o Natal “sem reconhecer” nessa celebração o nascimento de Jesus.

“Que sentido tem festejar o Natal se não se reconhece que Deus se fez homem? Os cristãos têm de proclamar com convicção a verdade do nascimento de Cristo”. É “um tesouro para todos”.

Num “mundo secularizado”, frisou Bento XVI, conceitos como os proclamados pela Igreja em relação a Jesus “verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem” parecem “já não contar muito”. “Prefere-se ignorá-los ou considerá-los supérfluos para a vida, sob o pretexto de que estão de tal forma distantes que acabam por ser praticamente intraduzíveis em palavras convincentes e significativas”.

Há uma “ideia de tolerância e pluralismo para a qual acreditar que a verdade se manifestou efectivamente parece constituir um atentado à tolerância e à liberdade do homem”.

“Quando se anula a verdade, não se torna o homem um ser privado de sentido? Não nos constrangimos a nós próprios e ao mundo a aderir a um relativismo vazio?”.

“Em Belém manifestou-se ao mundo a Luz que ilumina a nossa vida e foi-nos revelado o Caminho que conduz a humanidade à plenitude”.
Fonte: Ecclesia
Tem toda a razão o Papa quando diz que o Natal só tem sentido com Jesus. Não é por causa do Pai-Natal, inventado e promovido pela Coca-cola, pela sociedade de consumo, que há NATAL, mas porque um dia em Belém, nasceu o Menino Jesus.
Agora nalgumas "presépios" deixamos de ver Jesus para vermos o Pai-Natal.
Esquecemos as raízes, as nossas tradições, para assimilarmos outras coisas (desde que não cheirem a cristianismo tudo é bom!!!). Aproveitamo-nos da situação, mas não queremos ir ao mais importante.
Qualquer dia celebraremos tudo menos o NATAL...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Religião e (in)felicidade

Sobre o inferno escreveu Tomás de Aquino: "Aos bem-aventurados não se deve tirar nada que pertença à perfeição da sua bem-aventurança. Ora, cada coisa conhece-se melhor pela comparação com o seu contrário. E, por isso, para que os santos tenham mais satisfação na bem-aventurança e dêem por ela abundantes graças a Deus, concede-se-lhes que contemplem com toda a nitidez as penas dos ímpios."

Muito antes, Tertuliano, Padre da Igreja, tinha escrito: "Que espectáculo grandioso! Exultarei, contemplando como tantos e tão grandes reis, dos quais se dizia que foram recebidos no céu, gemem nas trevas profundas. A visão de tais espectáculos, a possibilidade de que te alegrarás com tais coisas - que pretor ou cônsul ou questor ou sacerdote poderá oferecê-la, por muita generosidade que tenha?"

Não duvido de que subjacente a estes textos se encontra a ideia de que um dia será feita justiça. A injustiça é intolerável. Mas, sub-reptícia e inconscientemente, aninha-se neles muito sadismo. A crença no inferno foi uma das polícias mais eficazes de todos os tempos. No entanto, o inferno não faz parte do Credo cristão e só pode pregá-lo quem nunca meditou no mistério insondável da liberdade humana, mergulhada nos condicionamentos da temporalidade. Aliás, mesmo do ponto de vista conceptual, o que é que pode querer dizer uma condenação eterna? Às acusações de que deste modo se está a abrir caminho à irresponsabilidade e ao vale-tudo deve responder-se que o amor não banaliza, mas responsabiliza, devendo acrescentar-se que Deus só levará à plenitude as possibilidades concretizadas pelo ser humano no tempo.

Não constitui nenhum exercício de masoquismo lembrar que, desgraçadamente, para um número indeterminável de homens e mulheres, a religião, cujo núcleo é a salvação e a felicidade plena, em vez de ser o espaço da alegria, da expansão e da vida, foi, de facto, o espaço da tristeza, da humilhação e da morte.

Penso, por exemplo, em todos aqueles que foram e são vítimas de ódios e guerras cruéis e sanguinárias com base na religião. O horror, pura e simplesmente! Penso, claro, nas vítimas da Inquisição e em todos quantos, em todas as religiões, foram e são vítimas de censura, condenação e exclusão por motivos teológicos. Pergunto-me frequentemente como é que houve e há quem se arrogue o direito e até o dever de "definir" quem e o que é Deus e a partir daí condenar e excluir.
  • A história da missionação é uma história de generosidade sem nome, mas também se não pode esquecer ter tantas vezes servido interesses imperiais e assim contribuído para arrasar culturas.
  • Penso na história das relações entre as religiões e a sexualidade e nas vidas sexuais envenenadas e nos celibatos eclesiásticos obrigatórios e nos seus dramas e desgraças. Penso em certo tipo de confissão auricular que poderá ter ferido os direitos humanos.
  • Penso nas mulheres cujos direitos em igualdade com os homens as religiões de modo geral não reconhecem e sobretudo nas acusações de bruxaria que as levaram à fogueira.

O mais pernicioso foram e são ideias teológicas mesquinhas e ridículas. Também por isso, nomeadamente Buda, Confúcio, Sócrates e Jesus, figuras determinantes para a Humanidade e de cuja profunda religiosidade ninguém pode duvidar, foram considerados ateus. Sócrates concretamente bebeu a cicuta, acusado de ateísmo, e Jesus morreu na cruz, acusado de blasfémia.

Estes factos obrigam a ter constantemente presentes, com temor e tremor, os perigos patológicos das religiões. Talvez nunca se tenha meditado suficientemente na grandeza heróica daqueles que preferiram o ateísmo a ficar presos de um deus que humilha, escraviza e anula o Homem.

No entanto, o Homem é por natureza religioso, no sentido de estar constitutivamente aberto à questão de Deus enquanto questão. Essa abertura, independentemente da resposta, positiva ou negativa, que se lhe dê, é que é o fundamento último da dignidade humana. Precisamente porque é abertura ao infinito.

A religião enquanto fé no Deus infinito e pessoal foi mediadora da tomada de consciência da infinita dignidade de ser Homem. Esta é a intuição e a parte de verdade da tese de Feuerbach ao querer reduzir a teologia a antropologia.

Esta reflexão tem na sua génese a carta de uma colega a confessar-me a experiência traumatizante do pavor do inferno na infância, que a levou ao abandono da prática religiosa. Não deixou, porém, a fé na mensagem de que Deus é Amor, continuando a acreditar nos valores cristãos e a tentar praticá-los.

Fonte: Pe. Anselmo Borges in DN

domingo, dezembro 16, 2007

TIRARAM A CRUZ DAS CAMISOLAS DO BARCELONA

Será necessário mudar o que somos para conviver com o que os outros são?
Não será que os outros têm direito à nossa identidade?
Será que eles estão interessados no que nós não somos, no que nós parecemos?

É preciso ver o MUNDO com os olhos de Deus

Sem abrigo agradecem aos portugueses

“Obrigado portugueses” porque “deram um ânimo novo aos sem abrigo”. Durante três dias (14 a 16) deste mês, os sem abrigo de Lisboa ganharam novo fôlego para a vida.
Ontem à noite (14 de Dezembro), na Cantina 1 da Universidade de Lisboa a Comunidade Vida e Paz serviu mais de 800 refeições quentes. “Entravam ordenados e com um brilho nos olhos” – disse. Apesar das adversidades (assalto ao armazém do organismo), a Comunidade Vida e Paz não falhou ao compromisso assumido e espera 2500 convidados.
Veja a notícia aqui

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Vaticano reafirma «exclusividade» da Igreja Católica

A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) publicou na Sexta-feira um “Nota Doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização” onde reafirma a necessidade da pertença à Igreja Católica para a salvação e critica os relativismos ou indiferentismos que colocam no mesmo plano todas as religiões.

“O Reino de Deus não é, como alguns hoje sustentam, uma realidade genérica que domina todas as experiências ou as tradições religiosas, mas é acima de tudo uma pessoa, que tem o rosto e o nome de Jesus de Nazaré”.
"Solicitar honestamente a inteligência e a liberdade de uma pessoa no encontro com Cristo e o seu Evangelho não é uma indevida intromissão em relação a ela, mas uma legítima oferta e um serviço que pode tornar mais fecundas as relações entre os homens".
Contra a “canonização do relativismo”, expressão tirada de um discurso de Bento XVI, a Congregação vaticana apresenta um conceito de liberdade que é “tensão para o bem” e não indiferença.
Fonte: Ecclesia

São Paulino de Nola, um homem casado que acabou por ser bispo

Na audiência geral desta quarta-feira, perante cerca de cinco mil peregrinos reunidos na sala Paulo VI do Vaticano, Bento XVI falou da figura de São Paulino de Nola (355-431), contemporâneo e amigo de Santo Agostinho que começou por ser político, casou e acabou por ser Bispo, após fundar uma comunidade monástica.

“Com o seu talento poético e sua refinada educação literária escreveu muitos cantos para exaltar a beleza de Deus encarnado, crucificado e ressuscitado".

Originário de uma família rica, fez estudos brilhantes e desempenhou num primeiro tempo funções políticas, como governador da Campânia (na zona de Nápoles), “cargo em que se distinguiu pela sabedoria e pela cordialidade”.

O contacto com a fé simples e intensa do povo foi o caminho que o conduziu à conversão, não obstante as dificuldades e provações que essa opção para ele representou. Posto de lado pelos responsáveis políticos, recebeu inicialmente de Santo Ambrósio, em Milão, e depois em Bordéus (sua terra natal) a sua primeira formação cristã, recebendo aí o baptismo das mãos do bispo local, São Delfim.

Casou-se com uma nobre de Barcelona, da qual teve um filho que morreu com poucos dias de existência. Paulino sentiu-se chamado a seguir totalmente Cristo, numa vida de oração, meditação das Escrituras, ascese e exercício da caridade. Retirou-se então, juntamente com a esposa, em Nola (na Campânia), onde fundou uma comunidade monástica.

Quando morreu o bispo de Nola, em 409, foi escolhido para lhe suceder. Na sua vida pastoral dedicou especial atenção aos pobres, doando-lhes todos os seus bens. Era na Escritura – através da “lectio divina” - que encontrava inspiração para toda a sua existência.

“Os seus escritos são cantos de fé e de amor, que exprimem nomeadamente um grande sentido da Igreja como mistério de unidade, levando os fiéis à amizade e à comunhão espiritual, sob a condução do Espírito Santo. Que o testemunho de Paulino de Nola nos ajude também a compreender o ensinamento do Concílio sobre a Igreja como íntima comunhão com Deus e da unidade do género humano”.
Fonte: Radio Vaticano


Aqui está um exemplo, recordado pelo Papa, do qual a Igreja deveria tirar as devidas conclusões e consequências. Um Bispo casado e pai de filhos também pode ser santo...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Igreja é uma monarquia absoluta?

"A Igreja Católica continua a ser uma monarquia absoluta [.] e não pode pregar os direitos humanos fora dela, quando os não pratica no seu seio."

Pe. Anselmo Borges

terça-feira, dezembro 11, 2007

A IGREJA CATÓLICA NO LABIRINTO DO SEXO

Uma razão fundamental do mal-estar em relação à Igreja provém da sexualidade.

Desde o século XVIII, muitos terão iniciado o seu abandono, porque concretamente a confissão, patologicamente centrada no pecado sexual, esmiuçado até à exaustão, começou a ser sentida como invasão indevida da intimidade e ferindo inclusivamente os direitos humanos.
A Bíblia contém, dentro da literatura mundial, um dos mais belos hinos ao amor erótico: leia-se o Cântico dos Cânticos. Desde o início, no Génesis, se diz que a sexualidade é dom de Deus. Segundo a Bíblia, o ser humano não está dividido em corpo e alma, pois forma uma unidade. Na perspectiva cristã, o corpo não é desprezível, pois o próprio Deus assumiu a humanidade corpórea.
A gnose, o maniqueísmo, Santo Agostinho, a lei do celibato dos padres, misogenias, dualismos antropológicos, concepções do poder a reprimir o prazer: eis algumas das causas do mal-estar.

A emancipação feminina e a facilitação da possibilidade de separar actividade sexual e procriação foram determinantes para uma nova vivência da sexualidade.

A Igreja terá sempre dificuldade em ter uma palavra equilibrada sobre temática tão complexa como humana, uma palavra que não seja de bênção para o "vale tudo" nem de repressão da alegria do encontro de liberdades sexuadas.

Mas, sob o nome de Monsenhor Pietro De Paoli, alguém altamente posicionado na Igreja quis reflectir sobre problemas fundamentais dessa Igreja, facilitando a questão, mediante a forma de romance: Vaticano 2035. Trata-se de um cardeal que chega a Papa, depois de ter tido a experiência do casamento, da viuvez, de duas filhas que nem sempre cumprem as regras oficiais, de um cardeal homossexual.O novo Papa toma apontamentos para uma futura encíclica sobre a sexualidade. Já não se tratará de condenações, mas de compreensão e de apelo a uma caminhada no respeito, no amor, no desejo de progredir em humanidade digna.
Começaria por relembrar o sentido profundo da sexualidade: "o primeiro bem do casamento é o amor." A sexualidade pode e deve ser um lugar privilegiado de humanização e de aprendizagem da unidade do ser humano enquanto corpo e espírito. "É pelos nossos enlaces, união íntima do corpo e do espírito, que compreendemos, talvez da maneira mais próxima, o que significa o amor encarnado."

Seguem-se alguns pontos de referência:
  1. Embora a existência humana seja um caminho, devendo cada um responsavelmente examinar em consciência em que etapa se encontra, lembra-se que o exercício da sexualidade humana, antes de formar um laço conjugal, é uma forma não plena de sexualidade.
  2. "Os seres humanos não se reproduzem, fazem amor." É importante perguntar de que modo o exercício da sexualidade tem de facto o amor como fruto e de que modo dá fruto; "é certamente um critério de julgamento".
  3. O exercício da paternidade e da maternidade responsáveis requer "um diálogo permanente, franco e sincero entre os esposos". Esse diálogo incidirá concretamente nos meios de assumir essa responsabilidade.
  4. O homem e a mulher não são posse um do outro.
  5. "A sexualidade homossexual é um facto comprovado em todas as sociedades humanas." Que sabemos sobre a sua génese, as suas causas, a sua "natureza"? "Afirmamos que não desejamos julgar nem os comportamentos nem as pessoas: os pontos seguintes permitirão exercer um discernimento sobre o exercício de toda a sexualidade humana, incluindo a homossexual."
  6. "O meu corpo não é uma coisa, o corpo do outro não é um objecto."
  7. O exercício da sexualidade pressupõe "o respeito mútuo, a confiança e o consentimento de cada um".
  8. "A sexualidade realmente humana não pode exercer-se no âmbito do constrangimento, da chantagem ou de uma relação tarifada."
  9. O exercício da sexualidade humana é feito de permuta de gestos e de intimidade revelada, "mas pressupõe antes uma troca de palavras".
  10. "Violar a palavra dada, quebrar um compromisso, ser infiel são faltas graves."
Anselmo Borges, padre e professor de Filosofia in JN
Afinal a sexualidade não é um TABU no seio da Igreja.

Celibato: Padre italiano assume paternidade e recusa abandonar a paróquia

http://download-2.radioradicale.it/cache/RM452138.rm

Padre ameaça recusar sacramentos a quem não pagar um dia de salário

O padre de Campo, Couto, Roriz e Tamel S. Fins, em Barcelos, vai deixar de dar os sacramentos e privar o acesso a todos os bens, movimentos e serviços (missas de sufrágios, catequese, atestados) naquelas quatro paróquias aos fiéis que não estejam inscritos nem tenham pago a côngrua (um dia do salário mensal) até ao próximo dia 23. O aviso, lançado no boletim paroquial e no fim da missa dominical, "sustenta-se no que diz o direito canónico e a Conferência Episcopal", realçou Avelino Castro, de 29 anos e sacerdote desde 2006.
Veja a noticia no DN
Até que ponto o dever de pagar a côngrua se sobrepõe ao direito dos fiéis aos sacramentos?
E será coerente que, aquele que não quer contribuir para os sustento do padre e as despesas da Igreja, exiga serviços à Igreja?

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Investigação Especial: Os estranhos códigos do Opus Dei


  • Membros e dissidentes portugueses contam como funciona realmente a organização mais polémica da Igreja.

  • Têm de fazer uma oração enquanto se autoflagelam uma vez por semana com uma espécie de chicote;

  • Cravam um cilicio de espigões de arame na perna todos os dias durante duas horas;
  • Não podem ir ao cinema nem ao futebol sem autorização e há uma lista de 7 mil livros proibidos;

  • As mulheres devem dormir regularmente em cima de uma tábua de madeira.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Igreja quer mais rigor

As regras de ministração e preparação para os sacramentos, como a eucaristia, a penitência, o crisma, o matrimónio, ou até o baptismo após os sete anos, já estão em vigor desde a publicação do novo Catecismo, em 1992, mas nem sempre têm sido aplicadas com o devido rigor, pelo que a Igreja resolveu chamar a atenção dos seus “pastores” para a necessidade de “aplicar as determinações com todo o rigor”.

O assunto já foi debatido oficialmente na diocese de Lisboa, em reunião do Conselho Presbiteral, mas vai merecer “debate e reflexão” em todas as dioceses.

D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse que “as mudanças sociais dos últimos anos exigem o cumprimento de regras claras, já que, como sabemos, a educação cristã deixou de ser, por assim dizer, qualquer coisa de hereditário, que nasce e cresce com as pessoas”.


“Os sacramentos são os pilares basilares da nossa vivência cristã e o facilitismo é o nosso maior inimigo”, disse D. Jorge Ortiga, admitindo que este apelo ao rigor “vai ao encontro das mais recentes recomendações do Papa Bento XVI”.

Para o padre João Alberto Correia diz que “o rigor é fundamental, já que a ausência de formação cristã resulta em maus cristãos”. Sublinha também o sacerdote que “as pessoas têm de se convencer que os sacramentos não são propriamente sessões de espiritismo. São coisas sérias, quase só da interioridade e quase nada da exterioridade e as cerimónias não se realizam propriamente para a fotografia”.
Fonte: Correio da manhã

quarta-feira, dezembro 05, 2007

O papel crucial das igrejas nas emergências

Poucas organizações no mundo têm o alcance e capacidade da Igreja Católica no combate à pobreza. A Igreja tem capacidade de recolha de fundos e de colocar essas verbas depressa em acções humanitárias. Sobretudo, está presente em muitos países africanos, com voluntários gozando de excelente ligação às populações e que conhecem as respectivas necessidades e líderes.

Nestas tarefas de protecção, a acção humanitária dos religiosos (que envolve todas as religiões) é sobretudo discreta e centra-se na educação e em pequenos projectos comunitários.

Mas há exemplos de actuação em situação de emergência.
Em 1998, durante o conflito na Guiné-Bissau, a Igreja Católica foi, durante algumas semanas, a única organização a funcionar de forma eficaz, em vários pontos do país. A actuação dos religiosos, nessa altura, salvou numerosas vidas, sobretudo de crianças, o elo mais fraco nestes conflitos.

À medida em que se instalavam organizações internacionais exclusivamente dedicadas a emergências (o que demorou algumas semanas), o trabalho dos católicos no terreno regressou à normalidade. Uma das organizações não governamentais que actuaram nesta crise foi a Assistência Médica Internacional (AMI). Na altura, era uma ONG emergente; hoje, esta organização é uma das maiores nacionais.
Fonte: JN

A Igreja portuguesa precisa de mudar a mentalidade

"Mais do que pensar a Igreja falta-nos uma Igreja que pense".

S. Martinho de Dume

«Não sejas ousado nem arrogante;
submete-te e não te imponhas;
conserva a serenidade

e aceita de bom grado as advertências
e com paciência as repreensões.

Para todos, deves ser afável;
para ninguém, adulador;
com poucos, familiar;
para todos, justo».


Assim escreveu (magnificamente)


S. Martinho de Dume

terça-feira, dezembro 04, 2007

CONSTRUCTOR DE PONTES

De todos os títulos que se concedem no mundo, o que mais me agrada é o de Pontífice, que quer dizer, literalmente, construtor de pontes. Um título de que não sei porquê, se assenhorearam os Bispos e o Papa, mas que na Antiguidade cristã se referia a todos os sacerdotes e que, como é lógico, ficaria muito bem a todos os que vivem de coração aberto.
É um título que me entusiasma porque não há tarefa mais bonita do que dedicar-se a estender pontes em direcção aos homens e às coisas. Sobretudo no momento em que tanto abundam os construtores de barreiras.
Num mundo de abismos que pode haver de melhor que entregar-se à tarefa de superá-los? Mas, fazer pontes - e sobretudo fazer de ponte - é uma tarefa muito dura. E que não se realiza sem muito sacrifício.
Uma ponte em definição rápida, é alguém que é fiel a duas margens, mas que não pertence a nenhuma delas. Assim, quando se pede a um padre que seja ponte entre Deus e os homens, quase se está a obrigá-lo a ser um pouco menos homem, a renunciar provisoriamente à sua condição humana, para tentar esse duro ofício de mediador, transportador, de margem a margem. Mas, se a ponte não pertence por inteiro a nenhuma das duas margens, tem, no entanto, de estar firmemente assente nas duas. Não "é" margem , mas apoia-se nela, é súbdita de ambas.
  • Ser ponte é renunciar a toda a liberdade pessoal. Só se serve quando se renunciou. E, logicamente, sai caro ser ponte. Este é um oficio pelo que se paga mais do que se cobra. Uma ponte é fundamentalmente alguém que suporta o peso de todos os que passam por ela. A resistência, a força, a solidez são as suas virtudes. Numa ponte contam pouco a beleza e a simpatia - embora seja belo ver uma ponte bonita-; o que conta realmente é a capacidade de serviço, a sua utilidade.
  • E uma ponte vive da ausência de uma margem para outra pelos que, ao chegarem à margem, aí se fixam de agradecimento: ninguém fica a viver em cima das pontes. São usadas para atravessar. Quem espera carinhos, bem pode procurar outra profissão. O mediador termina a sua tarefa quando serviu de elo de ligação. A sua tarefa posterior é o esquecimento. Inclusive, quando, nas guerras, duas margens entram em conflito, a ponte que as liga é a primeira coisa a ser bombardeada; por isso o mundo está cheio de pontes destruídas.
  • Apesar disso, meus amigos, que grande ofício ser ponte entre as pessoas, entre as coisas, entre as ideias, entre as gerações. O mundo deixaria de ser habitável no dia em que o número de construtores de abismos fosse maior do que o de construtores de pontes.
  • É necessário estender pontes, em primeiro lugar em direcção a nós mesmos, à nossa própria alma, já que a pobre está tantas vezes isolada dentro de nós mesmos.
  • Uma ponte de respeito e aceitação de nós próprios, uma ponte que impeça esse estarmos internamente divididos, que nos converte em neuróticos.
  • Uma ponte em direcção aos outros.

Nunca esquecerei a maior lição de oratória que me deram quando era ainda estudante. Deu-ma um professor que me disse: "nunca fales às pessoas, fala com as pessoas." Então apercebi-me de que todo o orador que não estende pontes de ida e volta em direcção ao seu público, nunca conseguirá ser ouvido com atenção. Se, pelo contrário, estabelece um diálogo entre a sua voz e esse fluído eléctrico que sai dos ouvintes e se transmite dos seus olhos até ao orador, então conseguirá esse milagre da comunicação que tão poucas vezes se alcança.

Então entendi também que não se pode amar sem se converter em ponte; sem sair um pouco de si mesmo. Gosto da definição de amor dada por Leo Buscaglia: "os que amam são os que esquecem as suas próprias necessidades" . É certo: não se ama sem "pôr um pé" na outra margem que é o outro, sem " perder um pouco o pé " da sua própria ribeira.

E o ditoso ofício de ser ponte entre pessoas de diversas ideias, de diversos critérios, de distintas idades e credos. Feliz a casa que consegue ter um dos seus membros com essa vocação pontifical!

Finalmente, a grande ponte entre a vida e a morte. Thorton Wilder diz, numa das suas comédias, que neste mundo há duas grandes cidades, a da vida e a da morte, e que ambas estão unidas - e separadas - pela ponte do amor. A maioria das pessoas, ainda que pensem estar vivas, vivem na cidade da morte; têm a poucos metros de si a cidade da vida mas não se dedicam a cruzar a ponte que as separa. Quando se ama, começa-se a viver sem mais, na cidade da vida.

SER PADRE é SER PONTE

Policia espanhola investiga clínicas acusadas de triturar fetos

A polícia encontrou aparelhos trituradores ligados às redes de esgoto das ruas e restos de ADN humano nos canos em duas clínicas.

A denúncia foi feita em Julho por uma ex-funcionária de uma das clínicas. A mulher, que está sob protecção policial, contou que cada hospital da rede fazia em média 53 abortos por dia (!!!).

Depois da denúncia, a polícia conseguiu localizar e prender o médico peruano e proprietário das clínicas, Carlos Morin Gamarra, que está detido com outras cinco pessoas.

A testemunha disse também que as operações eram feitas muitas vezes por profissionais não qualificados, como enfermeiras, cirurgiões que aplicavam anestesias - sem a presença de um anestesista - e médicos estrangeiros que actuavam sem diploma reconhecido em Espanha.

Em Espanha o aborto é permitido sob autorização judicial em qualquer fase da gestação desde que seja comprovado o risco de vida para a mãe. «O aborto não está passível de punição se evitar um grave perigo para a vida ou saúde física ou psíquica da mulher» , define a lei.
Fonte: SOL
Espantados? Não são denúncias repetidas desde há muitos anos, em muitos países do mundo. Se o crime é liberalizado, espantam-se de tais atrocidades, na mais completa impunidade?

Pelos vistos a liberalização do aborto não serviu para nada a não ser dar-lhes força e ligitimidade (pensam eles). Mesmo em Portugal se, como dizem, o número de abortos legais é relativamente baixo, onde estão os outros? Alguém nos enganou quanto ao número de abortos clandestinos, antes da aprovação da lei. Ou os números eram menores ou continua o aborto clandestino...

É a ambição, a irresponsabilidade, a covardia... sinceramente depois de a lei ser aprovada, o incentivo a formação, ao apoio à mulher, à vigilância ficou na gaveva. O que esperava?
Perante tais atentados, a batalha pela VIDA tem de continuar...
«Quando a culpa é virtude, o padecer é glória».
S. João de Brito

O sacerdote é...

"O sacerdote é exactamente uma mão furada em que é mais importante o furo do que a mão, de modo a que as moedas de amor ou arrependimento que alguém lhes entregue caiam sempre nas mãos de Deus que se escondem debaixo das dele".

Autor desconhecido

sexta-feira, novembro 30, 2007

Católicos aprovam uso de preservativos - Sondagem mostra que maioria discorda da posição do Vaticano

Uma sondagem realizada em cinco países em quatro continentes revela que a maioria dos católicos discorda da orientação do Vaticano e aprova o uso de preservativo, revelou hoje a organização Catholics for a Free Choice (Católicos por uma Livre Escolha).

Segundo o inquérito multinacional a católicos, à pergunta "o uso de preservativos é pró-vida porque ajuda a salvar vidas evitando a disseminação da SIDA", responderam concordantemente:
  • 90 por cento de mexicanos,
  • 86 por cento de irlandeses,
  • 79 por cento de norte-americanos,
  • 77 por cento de filipinos,
  • 59 por cento de ganeses.

Interrogados sobre se "a posição da Igreja sobre os preservativos é errada e devia ser alterada", concordaram:

  • 79 por cento de irlandeses,
  • 63 por cento de norte-americanos,
  • 60 por cento de mexicanos,
  • 47 por cento de filipinos,
  • 37 por cento de ganeses.

Fonte: SIC Online

Eu gostava que todos os Padres:

  • me anunciassem a Palavra de Deus;
  • fossem modestos e vivessem com simplicidade;
  • soubessem calar-se quando outros falam e soubessem falar quando os outros ficam mudos;
  • rezassem, fossem profundos e me fizessem participar dessa profundidade;
  • tivessem tempo, como eu sinto que deviam ter, agora e amanhã;
  • fossem a garantia do tempo que Deus tem para mim;
  • fizessem perguntas e tivessem dúvidas.

Mas... não gostava nada, mesmo nada, de os ver enlouquecer... Porque andam tantos tão deprimidos?

E TU GOSTAVAS QUE OS PADRES...

quinta-feira, novembro 29, 2007

Porque não pode comungar este casal?

Bateram à porta. Perguntaram quando tinha um tempinho para os atender. Combinámos uma hora que agradou a todos.
Apareceram pontualmente. As palavras eram de inibição. A custo, ela foi falando. Disse que ambos haviam sido convidados para padrinhos de baptismo de uma sobrinha por parte dele. Gostariam muito, mas que tinham a certeza que não podiam, sabiam disso. Não estavam casados catolicamente, pois ambos eram divorciados. Fora a cunhada que insistira para eles virem ter comigo, dizendo-lhes que talvez, com um bocadinho de jeito, conseguissem. Mas eles sabiam que não era possível.
Procurei acolhê-los o melhor que pude, sentir a sua mágoa, colocar-me no seu lugar. Foram-se soltando e, pouco a pouco, foi rolando o filme das suas vidas. Impressionou-me. Não pressenti nunca um sentimento, uma atitude de revolta, de mal querer, de contestação.
Disseram que agora eram felizes. No seu lar, não havia lugar para a agressão, para o azedume, para o egoísmo emproado. Compreendiam-se muito bem, ajudavam-se imenso e cada um procurava fazer o que podia para que o outro fosse feliz. Os olhares mútuos que iam trocando deixavam entender que aquelas palavras escorriam mesmo do fundo de suas vidas.
Nenhum deles tinha filhos do anterior casamento e do actual havia um casalinho, encanto e enlevo de ambos. Procuravam educar os filhitos o melhor que podiam e sabiam, confessando, contudo, que gostariam de saber mais para poderem ser mais pais. Também testemunharam a sua preocupação pela educação cristã dos rebentos. ~
Rezavam com eles em casa, acompanhavam-nos à catequese, levavam-nos à Missa.
- Sabe, eu acho que não procedemos bem, já que nem eu nem ele vamos à Missa. Levamos os filhos, mas esperamos por eles cá fora – dizia ela compungidamente, acrescentando – como não podemos comungar, temos a impressão que estamos lá a mais. Que nos diz?
Disse-lhes que Deus os amava profundamente, os compreendia e estava presente nas suas vidas. Que procurassem descobrir e saborear essa presença de Deus no carinho, encantamento, e doação existentes no seu lar. Que esta era uma bela forma de comunhão, porque onde há caridade e amor, aí está Deus. Falei-lhes que era bom para toda a comunidade que levassem à Eucaristia esta experiência e testemunho de casal unido, altruísta, carinhoso. Assim tínhamos todos mais um belo motivo para louvar o Senhor e eles viram de lá ainda mais casal, pois é dando que se recebe. Celebrando o Amor entregue por nós, sentimo-nos mais fortes e inclinados para vivermos a entrega aos outros no amor.
Disse-lhes que podiam fazer parte do grupo de leitores, dar catequese, integrar comissões, irmandades, outros grupos… Poderiam prestar um serviço tão importante aos outros!...
Responderam que não sabiam, pensavam que tudo lhes estava vedado. Sentiam-se mais leves, mais sorridentes, mais confiantes.
- Então o senhor Padre acha que, embora não podendo receber o Corpo de Cristo, podemos comungar o Amor de Cristo e reparti-lo pelos irmãos?
Fantástico! Gente boa mesmo! Quão longe pode chegar um coração humilde e uma mente aberta!
- Pronto, agora percebemos. Só não podemos comungar e ser padrinhos. De resto, podemos participar em tudo – afirmou ele com um tom de voz convicto.
Procurei explicar-lhes as razões pelas quais a Igreja lhes diz que não podem comungar nem ser padrinhos. Penso que não conseguiram convencer-se a sério. Mas a palavra última da senhora foi maravilhosa:
- Se a Igreja diz que não podemos, não podemos. Queremos aceitar e caminhar em frente. Olhe que no dia em que nós compreendêssemos tudo, pareceríamos uns pavões… Até Deus correríamos do Céu.

Que noite! Quantas voltas dei na cama! Não me saía do coração aquele encantador encontro! Quem me dera aquela humildade, aquela disponibilidade, aquela serenidade, aquela vontade de acertar e caminhar.

Mas porquê, Senhor, porquê? Tenho tanta dificuldade em compreender por que motivo gente desta beleza interior não se pode abeirar da Sagrada Comunhão…
Confesso que não me cheira nada a Evangelho.
Fonte: Blog Asas da Montanha
Concordo plenamente contigo. Por isso quis divulgar o teu testemunho, as tuas inquietações que são também as minhas...

SÓ OS CRENTES COMETEM CRIMES?

1. Não será certamente razoável atribuir às religiões a chave de resolução de todos os dramas do mundo. Mas será curial assacar-lhes a responsabilidade por todos os problemas da humanidade?
É óbvio que, enquanto fenómenos humanos, as religiões partilham das luzes e das sombras do ser humano. Isolá-las — ou, melhor, insulá-las, como se de ilhas ou de guetos se tratassem — é, pois, uma pura impossibilidade.
Não podemos ignorar que o religioso inocula um acréscimo de sentido à existência de muita gente. Neste contexto, não falta quem lembre que a religião está envolvida no pior que a história tem registado. Importa, contudo, advertir (por uma elementar questão de verdade) que o religioso também está ligado ao melhor que a mesma história tem conhecido.

2. Será lícito afirmar que a violência é uma questão religiosa?
Léon Rozitchner (com um dogmatismo pouco compaginável com quem cultiva a busca filosófica) assevera categoricamente que a origem da violência está no…cristianismo: «O cristianismo inaugurou a violência e a opressão tal como existem no mundo»!
Não é preciso muito para contrariar esta posição. Os factos encarregam-se de a rebater. Não havia violência nem opressão antes do cristianismo?
É claro que houve cristãos que cederam à violência e participaram em guerras. João Paulo II pediu perdão por isso, lamentando que tenha havido quem, desse modo, «tivesse desfigurado o rosto pacífico de Cristo».
Isto significa que a violência decorre de uma degenerescência e não da essência do cristianismo. Foi a incorporação de princípios estranhos ao Evangelho que motivou a incursão de muitos pela (ínvia) via da violência.
Foi uma espécie de cristianismo sem Cristo que o adulterou. Mas daí a tomar a parte pelo todo vai uma enorme — e intransponível — distância.
A história assume-se, não se altera. Há que assumir, pois, o pecado de muitos cristãos no envolvimento da guerra. Todavia, há que reconhecer (outras) três coisas:
  • que — infelizmente! — a violência já existia antes do cristianismo;
  • que — graças a Deus! — sempre houve (e continua a haver) inúmeros cristãos comprometidos com a paz;
  • e que — convém não negligenciar este dado — também há cristãos vítimas da violência!
O Padre Andrea Santoro era um fervoroso militante do diálogo inter-religioso. Nem isso, porém, foi motivo de clemência, tendo sido assassinado na Turquia depois de celebrar a Eucaristia. Meses depois, ocorreu mais um ataque contra um padre católico (e de novo na Turquia). Desta vez, foi o Padre Pierre Brunissen, de 74 anos, a ser esfaqueado.

4. Será a religião um caso perdido? Estará na eliminação da religião o caminho para a paz? Acontece que não é só a religião que conta vítimas; a irreligião também as contabiliza. O relatório sobre a liberdade religiosa, recentemente divulgado, é bem elucidativo: há países onde se prendem fiéis, se torturam e matam crentes e se destroem locais de culto.
A saída do impasse incluirá, necessariamente, uma incessante depuração de comportamentos por parte de todos. Crentes e não crentes têm de aprender a respeitar-se. A fé e a descrença são realidades humanas. Fazem parte da vida. Não podem ser, por conseguinte, obstruídas nem combatidas.
Fonte: Theosfera

terça-feira, novembro 27, 2007

Já que o GOVERNO não faz nada para APOIAR A VIDA

Permitam saudar daqui a Pastoral da Saúde da Igreja Católica portuguesa. Duas medidas em concreto. A primeira diz respeito ao “aborto”. Sendo a interrupção voluntária da gravidez agora um direito que assiste às mulheres “contra a vontade” da Igreja, era natural esperar um baixar de braços.

Não está no espírito eclesiástico, mas poderia acontecer, e com razão, até porque os males para que a Igreja alertava já fazem parte do quotidiano e vão obviamente para além da simplicidade do “direito à vida”: está provado que vivemos num “país de idosos, sem dinamismo económico e sem futuro”. Pelo contrário, a Igreja pôs mãos à obra – em contramão com o Governo, adormecido logo o referendo tomou forma de Lei – e dinamiza instituições dirigidas para o apoio de mães solteiras e adolescentes grávidas que não podem contar com a própria família.

Um segundo aplauso para a ideia de criar uma “rede social” de apoio a todos os portugueses, que os acompanhe ao longo da vida. Esta “rede” entrelaçada por serviços públicos e privados deve actuar nos campos da saúde, ajuda material, psicológica...

Mais uma vez, é a Igreja a pensar na coisa pública, a fazer o papel do Governo, tão obviamente ocupado com os planos tecnológicos que, de caminho, nos deixa amorrer, ou, no melhor dos casos, a agonizar na pobreza.

A mesma Igreja com quem o Estado inventa quezílias sobre “fundos” e “compensações”.

A Igreja que sabe dar a outra face.
Sérgio H. Coimbra in jornal Meia-Hora

Seis detenções em clinicas de abortos

A operação realizada ontem pela Polícia espanhola contra clínicas de Barcelona baseou-se numa investigação que aponta para a “prática reiterada” de interrupções voluntárias da gravidez
“radicalmente fora do previsto na legislação”.

TONY BLAIR converteu-se ao cristianismo

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que se converteu ao catolicismo, revelou numa entrevista à BBC que a fé deu-lhe força no exercicio do seu mandato. A Bíblia é a sua companhia de viagem.

Igreja quer rede social de Apoio à Vida

O coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde defendeu ontem a criação de uma rede social aplicada à saúde no país, envolvendo organismos católicos, públicos e privados no apoio à pessoa ao longo da sua vida.
Neste senetido, a Igreja criou os Centros de Apoio à Vida, projecto-piloto que inclui na mesma instituição "todas as componentes ao nível da saúde, psicologia, espiritualidade e apoio religioso a cada pessoa".
A Igreja quer apoiar as familias e as mães em dificuldades: "queremos que continue a ser possivel nascer em Portugal".
"Se não houver natalidade em Portugal, os problemas que daí sobrevêm são muito grandes".
JÁ PENSASTE NISTO?

O espirito democrático de Hugo Chávez

Na última sexta-feira, no programa »La Hojilla« da estação estatal Venezuelana de Televisão (VTV), Hugo Chávez acusou os bispos venezuelanos de »malfeitores«, »vagabundos«, »desavergonhados«, »mentirosos«, »golpistas« e »traidores de Jesus«.

Acusou-os ainda de »estúpidos« e »tarados mentais« e classificou o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Sabino, de »bandido da pior laia«.

«Que o diabo os receba no seu seio, monsenhores. Faço-vos uma cruz em nome dos verdadeiros cristãos. Vocês são o próprio demónio, defensores dos mais podres interesses».

«Os bispos sabem o que sabem, sabem que estão mentindo descaradamente e isso os faz uns vagabundos, desde o cardeal para baixo«.
Veja aqui
Se não fosse o petróleo...

quarta-feira, novembro 21, 2007

Novas formas de comunidade ... ideias perigosas?

As estruturas da Igreja de hoje não respondem cabalmente à sua missão: fazer chegar a todos os homens Jesus Cristo. Este modelo baseado em programações está longe de responder a um mundo que já não é de cristandade.

Um edifício, um pároco e um rebanho reunido na base de uma área paroquial é limitativo da missão anunciadora e denunciadora da Igreja. Baseia-se fundamentalmente na capacidade (ou não) do líder paroquial. Uma das consequências primeiras é a capacidade desse líder (o pároco) ser ou não congregador da comunidade (Resultando em mobilidade ou desistência dos membros).

Verificamos que as nossas igrejas estão cada vez mais vazias, senão mesmo vazias. (E durante a semana por questões de segurança estão mesmo fechadas). Excepção seja feita às tradicionais igrejas dos grandes centros onde as pessoas entram, anonimamente, para procurar um pouco de paz, descanso, intimidade… ou um confessor anónimo onde possa despejar o saco sem ser reconhecidas. Numa igreja de programações o pároco prega, faz casamentos, funerais, visita os doentes nos hospitais, atende o cartório, reúne com as comissões, encontros e, conforme o tamanho da igreja, supervisiona a equipe pastoral.
  • Ele não tem tempo para conhecer a maior parte dos seus paroquianos.
  • Não há tempo, numa semana atarefada, para conhecer o descrente. A comunidade, por sua vez, segue o exemplo do pastor. Se ele não converte (a não ser na sua homilia) eles também não tentam converter.
  • Se a conversão não é prioridade para o líder, também não o é para a comunidade. Os agentes não são mais de 15% dos membros crentes da comunidade. Resta aos outros participar nas reuniões programadas para eles.
  • A consequência é: uma elevada percentagem de elementos inactivos que, depois de participarem em uma ou duas reuniões, desistem pelo menos metade. (E procuram outros grupos onde encontrem espiritualidade, sensibilidade, religiosidade e outras ades…).

Um dos problemas numa estrutura destas é a comunidade “comunhão”. Não há tempo para apoio aos membros, não há lugar à intimidade. Os programas afastam os membros uns dos outros. Quando eles se encontram é no cenário neutro da igreja. Cada encontro é cuidadosamente programado: há um ensaio do coral, uma reunião de leitores, de catequistas, um orçamento a ser preparado. Unir-se em amor e compromisso não é possível. E depois celebra-se (a vida)… com cara de enterro. Não podemos esquecer que os homens de hoje estão mais interessados em “curtir a vida” do que em pensar na eternidade.
Não teremos algo mais a dar ao mundo entre o agora e a eternidade?
E depois analisamos a vida da igreja com base nos censos!

Falta de vocações… sim mas para párocos ou para padres? (já não falo no celibato nem na ordenação de mulheres!...)
Onde estão as comunidades de fé numa estrutura de programações?

Fonte: blog hoc opus

terça-feira, novembro 20, 2007

Será que há essa vontade?

"Mudar de estilo e de mentalidades não é o mesmo que mudar a cor das vestes litúrgicas ou afinar os cânticos das missas - é mudar tudo."

"Os cristãos portugueses estão mal preparados, vivem agarrados a uma religiosidade popular mal fundamentada e isso faz com que entre o fim da infância e o início da idade adulta boa parte das ovelhas se pisgue do redil".

"Em Portugal baptiza-se quase tudo à nascença, aos sete anos faz-se a primeira comunhão e aos 15 despacha-se o crisma - como se fosse possível aos sete alguém compreender a profundidade da eucaristia e aos 15 estar em condições de afirmar a maturidade da sua fé. Esta juvenília religiosa é boa para se chegar aos noventa e tal por cento de católicos em Portugal, mas leva a que aos 15 esteja feita a licenciatura cristã e que aos 18 já só haja jovens no coro."

Isto sim vale a pena debater e falar muito a sério. Vamos continuar a falar em paninhos de rendas, latim e incensos ou vamos tentar ser sérios e mudar onde as coisas precisam realmente mudar?

Será que há essa vontade?